Sérgio Roxo da Fonseca *
[email protected]
Taís Roxo da Fonseca **
[email protected]
É possível verificar, até mesmo pela leitura dos antigos livros, que os principais escritores grifam “GUERRA E PAZ” e quase nunca “PAZ E GUERRA”, indicando para as gerações vindouras que a “guerra” seguramente é mais relevante do que a “paz”.
Atualmente as vozes civilizadas trocam as letras por isso que percebem que a vocação beligerante converteu-se na linguagem corrente das nações mais poderosas que, surpreendentemente, gritando para todos os lados, pregam e exercem a guerra como o instrumento mais adequado para a paz, especialmente quando providas de armamento para acrescentar poderes para a seu irresistível intento. Esses poderosos creem que os gritos bélicos que, contra o Direito Internacional, pregando a morte de homens, de mulheres e de crianças, conseguirão manter ambientes favoráveis para o bem viver, dispensando o conviver.
Incontáveis vezes convertem as pesquisas científicas em instrumento de guerra, tal como foi o que fez os EEUU ao experimentar sua bomba atômica bem longe das suas fronteiras, numa até então desconhecida ilha pacata do pacífico sul cognominada “Biquini”.
Logo depois da explosão da primeira bomba atômica o nome “Biquíni”internacionalmente tornou-se água sagrada para o batismo de peças de roupa.
Poucas pessoas ligam o seu nome – ‘Biquini” – com a fabricação e uso de um artefato bélico usado para destruir duas cidades japonesas, matando homens, mulheres e crianças habitantes das cidades de Hiroshima e Nagasaki. É escusado lembrar que o Direto Internacional da época (1945) proibia assassinar crianças em atos de guerra.
Importantíssimas pessoas manifestaram sua inclinação para pregar o fim da guerra e a sua substituição pela paz.
O Papa Francisco, argentino de nascimento e de alma universal, atingido por gravíssima doença, teve tempo e lucidez para condenar os atos bélicos que atualmente atingem direta e indiretamente todas as incontáveis pessoas cristãs e não cristãs.
A manifestação do Papa Francisco refaz o diálogo de Cristo com Pilatos que indagou a Ele qual seria a sua tarefa como rei dos judeus. O Cristo respondeu, segundo o Novo Testamento, que veio ao mundo para ensinar a todos o que é a “verdade”. Pilatos, em seguida, retrucou o que éa “verdade”. Não aguardando a dificílima resposta, decretou a morte do Cristo, estampando que a sua alma jogava no lixo tudo que hipoteticamente aprendera ao estudar o Direito Romano.
O Papa Francisco transmite em sua manifestação cristã. Verdade é o conteúdo da vida pacificada entre todos os homens, mulheres e crianças. Sem nenhuma exceção.
A guerra não esgota a guerra, pois, somente a convivência pacífica esgota qualquer espécie de comportamento bélico.
Nos nossos tempos, a ucraniana Oleksandra Matviitchuk, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2022 não acreditou nas decisões tomadas pelos donos da Russia (Putin) e dos EEUU(Donald Trump) sobre o fim dos atos bélicos cometidos pela Russia contra a Ucrânia. Será possível acreditar que um norte-americano ao lado de um russo poderiam implantar a paz na guerra da Rússia contra a Ucrania?
A resposta encontrada pela ucraniana Oleksana Matviichuk, advogada especializada em direitos humanos e diretora da ONG Centro para liberdades Civis na Ucrânia, mestre em Direito pela Universidade de Taras Schevchenko, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, foi negativa. A civilização deve lutar pela paz contra a guerra.
* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada