Tribuna Ribeirão
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Patriota ou canalha? 

José Eugenio Kaça *  
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A palavra patriota na mão da extrema direita ganhou novos significados. Originalmente, retrata pessoas que amam sua pátria, seu país de nascimento, e agem em sua defesa. No entanto, no Brasil o extremismo de direita passou a chamar de “patriotas” aqueles que atentam contra a Constituição e a democracia, que se comportam o tempo todo como verdadeiros lambe-botas do Império do Norte. Na mão dessa gente o Brasil vai voltar a ser aquela colônia subserviente, que faz tudo para agradar ao seu mestre, sem nenhuma preocupação com o bem estar da sua população, principalmente os pobres. 
 
É histórico a subserviência das classes dominantes aos interesses dos países imperialistas, e por conta disso o Brasil não consegue se desenvolver como Nação. O processo de viralatismo desvaloriza a competência do povo brasileiro, onde só o que é bom vem do hemisfério norte. Qualquer política que promova a participação dos pobres na repartição do bolo do desenvolvimento é taxada de comunista. Estes patriotas, que de patriotas não têm nada, estão lutando com todas as suas armas para que o Brasil se torne novamente o quintal mal cuidado do Império do Norte. 
 
O que vem acontecendo na política brasileira, principalmente no Congresso Nacional é coisa abjeta. Imagine se alguém no final do século passado afirmasse que na terceira década do século 21 teríamos a maioria do Congresso ocupada por gente sem qualidade ética e moral, colocada lá pela população que acredita em homens ungidos para nos defender.  
 
O Congresso Nacional, que deveria constitucionalmente defender os interesses do povo brasileiro, trabalha diuturnamente para defender os interesses de seus financiadores. É um descalabro ver parlamentares divididos em bancadas temáticas para tramar contra a democracia. Bancada da bala, bancada da Bíblia, bancado do boi e outra mais, tudo em nome do povo. E essa gente que se diz patriota está corroendo feito cupins o alicerce da nossa Democracia.  
 
É a primeira vez que um senador da República, mostrando a sua desqualificação, faz um discurso em inglês para exaltar um empresário estadunidense que vem atacando criminosamente um ministro do STF e o judiciário brasileiro – foi uma aberração. Estes patriotas, ao invés de defender nossas instituições, se ajoelham aos pés dos poderosos do norte.  
 
Uma comissão de parlamentares de direita foi aos Estados Unidos pedir sanções do governo estadunidense contra o Brasil. Dentro de tanta iniquidade promovida pelos “patriotas” que atacam com virulência a esquerda brasileira, chamando-a de comunista, a caravana passa. Essa gente abjeta ataca sistematicamente as universidades públicas dizendo que nestas instituições há uma doutrinação de esquerda, e que é um antro de maconheiros e anarquista.  
 
No entanto, o peixe morre pela boca. O ranking das melhores universidades do mundo colocam as brasileiras pela primeira vez na lista das 500 melhores. No topo do ranking nacional estão as universidades públicas. USP, Unicamp, Unifesp, UFMG, UFSC, todas públicas, apenas a PUC aparece como universidade privada na lista.  
 
Ser patriota é defender a pátria e os interesses de seu povo. Defender a recolonização do país e o regime de exceção para conter o crescimento do Brasil, estes contumazes lambedores de botas dos colonizadores não são patriotassão a canalhada! 
 
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação  

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