A Entrevias Concessionária de Rodovias fechou um convênio com o Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto, de Ribeirão Preto, que será uma importante rede de apoio para o recebimento de animais silvestres feridos e encontrados nas rodovias sob concessão da empresa – um total 299 quilômetros, no eixo rodoviário de Bebedouro a Igarapava.
O objetivo da parceria com o zoo será possibilitar o tratamento e a reabilitação adequados à fauna silvestre, com a expertise de profissionais habilitados, e, ainda, com a chance de conseguir com que sejam reintroduzidos na natureza e em seus habitats. Em contrapartida, a concessionária fará a doação de insumos que serão utilizados no dia a dia e manutenção das atividades do local.
Diariamente, cerca de 200 câmeras de monitoramento observam o trecho sob concessão e rotas de inspeção de tráfego circulam pelas rodovias, acionando diferentes recursos operacionais sempre que necessário, como a apreensão de animais, por exemplo, que é feita com uma viatura específica para esse tipo de ação.
Informações sobre a presença de animais também chegam por meio do 0800 da empresa, que imediatamente aciona uma equipe para ir até o local e retirar o animal da pista, evitando riscos a ele e aos usuários de rodovia. No caso de animais silvestres que forem encontrados feridos, a empresa fará a captura e transporte direcionando-os até o bosque.
No trecho sob a gestão da companhia, quando se constata a presença de animais silvestres, é mais comum casos de capivaras, gambás, lobos-guará e, em menor proporção, onças-pardas. Segundo o médico veterinário do bosque, César Henrique Branco, em 2016 o zoo de Ribeirão Preto ganhou um hospital veterinário dedicado ao tratamento e reintrodução de animais feridos.
Assim, os animais que chegam ao local são atendidos e passam por avaliação no programa “Uma nova chance”, pelo qual é feito o resgate, reabilitação e soltura. “Os animais silvestres que chegam ao local primeiro são identificados, passam por atendimento veterinário, reabilitação, e, se for possível, fazemos a soltura mais adequada a cada caso”, explica.
César ressalta que recebem animais silvestre feridos e/ou resgatados do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibam), Polícia Ambiental e Corpo de Bombeiros. Atualmente, zoológico de Ribeirão Preto tem cerca de 700 animais.
“São poucos os animais que ficam no bosque, geralmente os que não têm condições de sobreviver se reintegrados ao habitat, ou com algum tipo de mutilação ou, ainda, pela idade. Temos também parcerias com outras instituições e cidades para onde podem ser levados”, completa.
Em nove meses deste ano, entre janeiro e o início de setembro, o bosque atendeu em torno de 700 animais feridos fora de seu habitat, cerca de três por dia. Essa também é a média anual, segundo dados do projeto “Uma nova chance”.
A maioria deles é vítima da própria ação humana, como as queimadas. Informações sobre bichos silvestres feridos ou perdidos podem ser passadas para o Corpo de Bombeiros (telefone 193), Polícia Ambiental (3996-0450) e do Bosque Fábio Barreto (99969- 2728). Recolhimento de animais e parcerias – Conjuntamente, a Entrevias também desenvolve ações educativas com usuários de rodovia, reforçando sobre a necessidade de avisar a empresa em caso de animais na pista e sinaliza as rodovias com placas indicativas sobre a presença deles nas proximidades das vias.
“A companhia busca maneiras de encontrar equilíbrio mesmo em meio às expansões do negócio, pensando em maneiras de mitigar os impactos. O meio ambiente precisa cada vez mais de ações como essas, para que as rodovias possam conviver de forma sustentável com a natureza e os animais sejam protegidos e resgatados”, afirma Marcelo Danelucci, coordenador de Meio Ambiente.
Parcerias também são estabelecidas com instituições de acolhimento de animais na região, para as quais são enviados animais domésticos e bovinos quando capturados perdidos nas estradas. A captura de cães ocorre sempre que são encontrados sem rumo pela rodovia e com potencial de riscos de acidentes aos usuários, já que o foco da concessionária é primar pela segurança viária.
Atropelamento cai 5% no estado
Onça parda, tamanduá-bandeira, anta, cervo, esquilo, bicho-preguiça e uma série de outras espécies de animais silvestres que vivem nas matas ao longo das rodovias paulistas concedidas estão cada vez mais protegidos graças às passagens de fauna, que impedem a travessia aleatória nas estradas, causando atropelamentos dos bichos e acidentes com motoristas.
Segundo levantamento da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o índice de atropelamento vem sendo reduzido ao longo dos últimos quatro anos, chegando até 5% de queda entre 2017 e 2020. Nos primeiros cinco meses deste ano, o número de casos de atropelamentos de animais silvestres foi de 2.392, redução de 3,5% em comparação ao mesmo período de 2019, quando 2.942 bichos colidiram com automóveis ao cruzar as pistas.
Em 2017, a quantidade de acidentes envolvendo animais que atravessavam as rodovias paulistas chegava a 8.249. Em 2018, esse número apresentou uma queda de 3,5%, com 7.976 animais acidentados. No ano passado, houve uma redução ainda mais relevante, de 17% frente a 2018, o que representa 6.558 atropelamentos.
Esse resultado positivo ocorre graças à instalação de passagens de fauna aéreas e subterrâneas, associadas a cercas direcionadoras, adequação de pontes e placas de sinalização e implantação de redutores de velocidade. Com a implantação desses recursos, é possível verificar redução de quase 70% nos casos de atropelamentos naqueles pontos identificados como mais críticos.
Caminho da fauna – No trecho administrado pela Entrevias na região de Ribeirão Preto e entorno, a concessionária cuida de cinco passagens inferiores de fauna silvestre. Todas estão localizadas na SP-322 – Rodovia Atílio Balbo e Rodovia Armando Salles de Oliveira –, entre os municípios de Pontal, Pitangueiras e Bebedouro. Esses locais recebem manutenção mensal e acompanhamento pela área de Meio Ambiente da empresa.
Essas travessias são feitas de concreto e com dimensões variadas que permitem a passagem de diferentes tipos e tamanhos de animais silvestres. Além do corredor pelo qual os animais passam há sempre um cercamento de direcionamento que ajuda a induzi-los à passagem correta e não a travessia pela pista.
Atualmente, existem 327 passagens de fauna – estruturas que permitem o deslocamento dos animais de uma área para outra sem atravessar a faixa de rolagem de uma estrada – ao longo dos 10,8 mil quilômetros das rodovias paulistas concedidas. A construção dessas passagens nas rodovias é definida a partir de amplo estudo da biodiversidade da fauna da região, resultando em diferentes tipos de dispositivos para adequação às espécies e ao movimento natural dos bichos.
O que fazer quando há animais na pista
É comum em algumas rodovias próximas às áreas remanescentes de mata atlântica ou parques estaduais, os motoristas se depararem com animais atravessando a pista, acompanhados de filhotes ou sozinhos. Nesses casos, algumas dicas são importantes:
– Reduza a velocidade
– Nunca buzine para não assustar o animal
– Não pisque os faróis ou jogue luz sobre o animal
– Feche os vidros do veículo ao passar perto de animais de grande porte
– Depois de ultrapassar os animais, sinalize para os motoristas que vêm em direção oposta sobre o perigo, piscando os faróis. Piscar três vezes o farol e posicionar a mão para baixo com quatro dedos abertos indica a presença de animais na pista
– Contate a Polícia Militar Rodoviária
– Contate o 0800 da concessionária responsável pela rodovia