Vinte e duas modalidades compõem o programa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio (Japão). E três delas vão estrear no ano que vem. O parabadminton, o tiro esportivo e o parataekwondo. Essa última é coordenada no Brasil pelo Rodrigo Ferla, que em 2017 assumiu a recém-criada diretoria-técnica do parataekwondo dentro da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd). O dirigente explicou o dia a dia da modalidade e como está a preparação da equipe brasileira para os Jogos de Tóquio, em uma live no perfil oficial da entidade no Instagram.
“Recebi a ligação da Natália Falavigna [coordenadora de seleções da CBTkd] em outubro de 2017. Começamos um plano de trabalho para um meio-ciclo, visando os Jogos de Tóquio”, lembra. Mesmo sabendo que o Brasil tinha menos tempo de preparação do que muitos países, a equipe técnica fez questão de pensar grande desde o início. “Sabíamos que muitos países já tinham equipes formadas desde 2009, quando ocorreu o primeiro mundial da modalidade em Baku [Azerbaijão]. Poderíamos até fazer um trabalho focado apenas nos Jogos de Paris, em 2024, mas nós colocamos um objetivo bem alto já para 2020, que era a classificação de dois atletas. Para que a gente conseguisse trabalhar com metas”.
Paralimpíada de Tóquio
Mesmo audaciosas, as metas não foram só atingidas. Foram superadas. São três atletas brasileiros no parataekwondo em Tóquio ano que vem. No torneio classificatório de março, na Costa Rica, Silvana Mayara Fernandes (categoria até 58 quilos) e Nathan Torquato (até 61 kg) conquistaram a medalha de ouro e asseguraram as vagas olímpicas. Eles se juntaram à Débora Menezes (acima de 58 kg), já classificada após ficar em segundo lugar no ranking mundial, no fim de janeiro.
A expectativa de Rodrigo Ferla é a melhor possível. “Não é nenhuma demagogia. Pelos resultados e pelo rendimento, todos têm chances reais de chegar ao pódio”, projeta confiante. E ainda detalhou as características individuais dos lutadores “A Débora, por exemplo, é a atual campeã mundial e número dois do ranking. O Nathan, nos últimos dois anos, só perdeu para um atleta da Mongólia e para outro da Turquia. A Silvana é a mais nova, mas teve uma luta em um Open da Europa, contra a líder do ranking mundial. Foi um combate bem parelho, ela estava ganhando até o terceiro round e só perdeu por falta de experiência. Eles vão brigar por medalhas em Tóquio”, concluiu.
Mundiais
Em 2017, no Mundial de Londres (Inglaterra), o Brasil avançou em apenas uma rodada. Já, em 2019, quando o Mundial ocorreu na cidade turca Antália (Turquia), a realidade foi bem diferente. Oito atletas brasileiros competiram e dois deles faturam medalhas: um ouro com a Débora Menezes (acima de 58 kg) e um bronze com Cristhiane Neves ( até 58 kg). “Não foi surpresa. Fomos para lá com a intenção de fazer uma semifinal e uma final. E conseguimos. Muito emocionante. Lembro que, quando a Débora chegou na final, falei para ela que não sabia como seria a minha reação se ela ganhasse. Fiquei em choque. Ela que me puxou para o meio do pessoal com a bandeira brasileira”.
Outro detalhe interessante revelado pelo dirigente, demonstra a integração da equipe multidisciplinar da CBTkd. “Durante o campeonato, acabei não conseguindo acompanhar a atleta Guljonoy Naimova, do Uzbequistão, que iria fazer a final com a Débora. Foi aí que a Paula [Paula Avakian, analista de desempenho da CBTkd] me passou todo o estilo da adversária. Pontos fortes e fracos. Dicas fundamentais para o ouro da Débora. Nós temos uma equipe pequena, mas muito competente e unida” comemora.
Jogos Parapan-Americanos
Nos Jogos de Lima, em 2019, o Brasil liderou o quadro de medalhas da modalidade. No total, foram duas medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze nos dois dias de competição, na estreia da modalidade em Jogos Parapan-Amerianos. “São momentos inesquecíveis para muitos dos nossos atletas. Tivemos até uma ‘dobradinha’ na final da categoria até 58 kg da classe K44 (amputação unilateral do cotovelo até a articulação da mão). A Silvana Mayara levou a melhor sobre a Cristhiane Nascimento. Mas, para a Confederação, o importante foi que a gente conseguiu ficar na frente de países com a modalidade estruturada há mais tempo do que o Brasil, como os Estados Unidos e o México”, concluiu.
Edição: Cláudia Soares Rodrigues