Em um dos meus últimos pronunciamentos na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), focalizei a necessidade de haver uma reação popular diante das dificuldades, inequivocamente, enfrentadas pela nação brasileira. Os índices apresentados por estatísticas oficiais são, realmente, alarmantes. Não é possível, portanto, essa situação continuar sem uma reação bastante objetiva dos nossos governantes na busca de novos rumos para o Brasil.
Por exemplo: somos a terceira maior população carcerária do mundo. Isso significa que o Brasil é o terceiro país do mundo com maior quantidade de presos em suas penitenciárias; em termos de assassinatos, ocupamos o primeiro lugar!
Na questão do analfabetismo, nem é bom falar: mais da metade das crianças, dos jovens, estão indo para o analfabetismo. Vamos aos nossos hospitais e os encontramos lotados, daí cabe a indagação: o quê nossos governantes estão fazendo para dar ao povo melhores condições de saúde?
Outra estatística oficial mostra, ainda, praticamente metade da nossa população passando fome. É incrível, mas, apesar das chamadas Bolsa Família, bolsa alimentação e tudo mais ainda há milhões de brasileiros sem os mínimos recursos para dar aos seus familiares uma alimentação adequada.
No entanto, qual reação estamos tendo? Na própria Alesp, pouco fazemos para realmente mudar a situação brasileira. Eu, também, fui deputado federal ao lado de 512 outros. Se cada um desses 513 deputados federais apresentasse, por ano, dois projetos, seriam cerca de mil projetos a serem discutidos, analisados e votados no Congresso Nacional. Quando isso vai acontecer? Nunca.
Eu defendo, portanto, como uma alternativa válida, para melhorar o próprio nível da representatividade popular, o chamado voto distrital. Dividiríamos, por exemplo, o estado de São Paulo em dez regiões eleitorais, e cada região elegeria quatro deputados estaduais; teríamos, então, 40 deputados estaduais, e não 94 como atualmente, com todas as regiões muito bem representadas naquela Casa de Leis.
Nesta eleição, por exemplo, só o governo federal usou quase dois bilhões de reais do dinheiro de impostos que nós pagamos para sustentar as candidaturas de deputados, senadores, governadores e presidentes da República. Foram dois bilhões de reais, isso oficialmente. As campanhas eleitorais custam verdadeiras fortunas e grande parte delas ainda é sustentada com o dinheiro dos impostos.
É preciso modificar o sistema eleitoral do nosso país e, com isso, economizar muitos recursos. Por exemplo, ao contrário de escolher o presidente da República através do voto individual de cada um, nós teríamos – caso adotássemos, conforme defendo, o Parlamentarismo – a sua escolha pelo Parlamento: quando o eleitor votasse, por exemplo, num deputado federal e num senador, ele estaria dando procuração a esse deputado e a esse senador para votarem e escolherem o presidente da República.
E se esse presidente não correspondesse ao que dele era esperado pelo povo, poderia ser trocado através do voto pelo próprio Parlamento, a exemplo do que acontece nos principais e mais desenvolvidos países do mundo.
Para mudar, portanto, a população precisa reagir!