Na campanha de 2016, um assunto ganhou espaço no debate eleitoral; a captação de água do rio Pardo para abastecer Ribeirão Preto. Infelizmente, na ocasião, alguns candidatos decidiram investir na desinformação de um tema vital para a vida de qualquer cidade, que é o abastecimento de água. Sem água não há qualquer chance de vida animal ou vegetal. Quem busca uma propriedade rural para produção sabe muito bem que a água é fundamental para o consumo humano nas suas mais variadas formas, desde o cultivo de uma lavoura até a industrialização de diversos produtos. Ou para um consumo que às vezes até se torna imperceptível: matar a sede.
Por isso é sempre importante ao menos estudar fontes alternativas de captação de água, mesmo em uma cidade bem abastecida como a nossa, graças à abundância do aquífero Guarani. Se hoje temos água suficiente para abastecer toda a cidade, não sabemos como se dará o abastecimento no futuro. E nem falo sobre um futuro muito distante. Vários estudos apontam para o rebaixamento do aquífero e possível restrição na captação de água desse sistema. É preciso também estudar e analisar a capacidade do Guarani, assim como proteger a sua permanência, com qualidade, ao longo dos próximos anos.
Assim, estamos propondo estudos completos para avaliar a necessidade e oportunidade de captar água do rio Pardo, tratar e distribuir para a população. A análise também compreenderá o período em que se poderá captar água do aquífero, sem restrições, e também levará em consideração o amplo programa de Gestão, Controle e Redução de Perdas de Água e Eficiência Energética, que está em desenvolvimento pelo Daerp desde 2018. Isso porque a execução de todo o programa, que prevê um conjunto de obras para a setorização da distribuição, estabelece como objetivo a redução de até 50% das perdas totais de água.
Ao mesmo tempo em que buscamos a redução de perdas, seja por vazamentos, fraudes em hidrômetros ou furto de água, trabalhamos para ter pronto um estudo que permita buscar água da superfície e manter a produção e distribuição constante, mesmo que ocorra a redução de reservação do aquífero. Porque é responsabilidade nossa, dos gestores das cidades, pensar nas futuras gerações e garantir o abastecimento para uma cidade em plena expansão como Ribeirão Preto, que deve chegar a 900 mil habitantes em 10 anos, com crescimento de atividades econômicas que necessitam de água em seus processos industriais.
A própria Agência Nacional de Águas (ANA) prevê a necessidade de 74 cidades – a nossa entre elas – buscarem novas alternativas de captação de água. Por isso Ribeirão Preto já possui autorização da ANA para captação de água do rio Pardo e, agora, também tem recursos de R$ 3,1 milhões, sendo R$ 2,9 milhões do Ministério do Desenvolvimento e R$ 155,9 mil de contrapartida da prefeitura, para o desenvolvimento dos estudos e do projeto, de forma minuciosa e completa. Posteriormente, caso estes estudos apontem para a necessidade, serão buscados os valores necessários à execução de um projeto de captação, tratamento e distribuição de água.
Pode ser que os estudos também apontem para a necessidade mais a longo prazo, desde que adotadas medidas de combate às perdas, como estamos fazendo agora. De qualquer forma, o essencial é termos informações precisas para a tomada de decisão. Principalmente quando o que está para ser definido é o futuro do abastecimento de água da cidade, produto essencial para o ser humano em qualquer circunstância.