A disparada de preços do trigo e da farinha provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, dois importantes produtores do cereal, chegou ao pãozinho francês. Desde que o conflito começou, em 24 de fevereiro, o preço do quilo do pão foi reajustado entre 12% e 20% no país, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip).
O preço do quilo do pão hoje oscila entre R$ 12 e R$ 22, segundo a entidade. “De acordo com os estoques de farinha e o tipo de empresa, localizada num bairro simples ou mais nobre, o preço e o porcentual de aumento variam”, afirma Paulo Menegueli, presidente da entidade que reúne quase 70 mil padarias no Brasil.
Em Ribeirão Preto, a alta chega a 20% em algumas padarias. Outras dizem que, apesar de o custo da produção chegar a este patamar, não vão repassar todo o ônus para o consumidor. A expectativa é que um novo aumento ocorra entre sexta-feira, 1º de abril, e a próxima semana.
Nesta quinta-feira, 31 de março, uma padaria no Jardim José Sampaio, na divisa das zonas Norte e Oeste de Ribeirão Preto, cobrava R$ 13,99 pelo quilo do pãozinho salgado. Na Zona Sul, um estabelecimento vendia o quilo do pão francês por R$ 16,20, mas informou que o preço seria reajustado nesta sexta-feira.
A farinha de trigo, que representa de 30% a 35% do custo do pão, subiu nos últimos 30 dias, em média, entre 20% e 23%, explica. Rui Gonçalves, presidente do Sampapão, associação que reúne seis mil padarias de São Paulo, diz que a forte alta do preço da energia elétrica impactou o setor.
“A mesma padaria que em setembro do ano passado pagava R$ 10 mil de energia elétrica hoje paga R$ 16 mil, aumento de 60%.” O embaixador Rubens Barbosa, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que reúne os moinhos, relata que, nos últimos meses, antes da guerra, o preço da farinha já tinha registrado alta de 10%.
Este aumento ocorreu em razão da valorização do trigo no mercado internacional. Ele observou que os moinhos não compraram o grão nos primeiros três meses deste ano porque estavam estocados. Agora, no entanto, com a disparada da cotação por causa da guerra, o presidente da Abitrigo diz que os preços da farinha vão depender da política de cada empresa.
“O mercado está muito volátil, não sabemos quanto tempo a guerra vai durar”, explica. O preço do café também disparou no país e, dependendo do estabelecimento, pode pesar muito mais no bolso do consumidor. Pesquisa da Proteste Associação de Consumidores mostra que consumir um café expresso com um pão na chapa fora de casa em um mesmo estabelecimento em São Paulo custa entre R$ 7,95 e R$ 15,50.
Ou seja, uma variação de até 100%. O café expresso foi encontrado em São Paulo pelo valor mínimo de R$ 4,50, e máximo de R$ 10, uma variação de 122%. Já no comparativo de preços do café com leite e do pão na chapa, a diferença foi ainda maior. Em São Paulo, o custo dos dois itens foi encontrado entre R$ 7,95 e R$ 15,50.
Em fevereiro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do pão francês subiu 0,96% no país. O café moído avançou 2,51% e o solúvel aumentou 1,81%.
No primeiro bimestre deste ano a alta do pãozinho chega a 1,95%. O café moído acumula aumento de 7,38% em dois meses e o solúvel ficou 3,93% mais caro no período. No acumulado em doze meses, o pão francês já subiu 7,11%. As taxas de reajustes do café chegam a 61,19% (moído) e 15,43% (solúvel).