Tribuna Ribeirão
Geral

Pandemia ‘tira’ R$ 5,14 bi de RP

DARIO ZALIS/DIVULGAÇÃO

Ribeirão Preto será respon­sável por aproximadamente 0,49% dos gastos dos brasileiros neste ano, segundo a pesquisa IPC Maps, da IPC Marketing Editora, divulgada nesta quinta­-feira, 25 de junho. O potencial de consumo da cidade até 31 de dezembro é de R$ 21,98 bilhões, enquanto o nacional deve che­gar a R$ 4,4 trilhões.

Os ribeirão-pretanos vão gastar 18,9% a menos do que no ano passado por causa da pandemia do novo coronaví­rus. Em 2019, a expectativa era de um desembolso de R$ 27,12 bilhões – participação de 0,58% no total do país, estima­do em R$ 4,7 trilhões –, mas em 2020 a previsão sofreu um corte de R$ 5,14 bilhões.

Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Edito­ra e responsável pela pesquisa, esse crescimento negativo após a pandemia cria um efeito déjà-vu, já que a economia “retomará os índices dos últimos anos em que houve um progresso vigoroso”.

No ano passado, os ribei­rão-pretanos gastaram 28,5% a mais do que em 2018, quando a estimativa indicava R$ 21,10 bi­lhões, ou 0,47% de participação, acréscimo de R$ 6,02 bilhões – em 2017 a previsão era de R$ 22,88 bilhões. Consequente­mente, a projeção para o consu­mo per capita também é menor.

O consumo per capita para 2020 em Ribeirão Preto é esti­mado em R$ 31.252,97, con­siderando uma população de 703.293 mil habitantes, segundo a revisão demográfica mais re­cente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de agosto do ano passado.

Apesar de a população eco­nomicamente ativa ser de apro­ximadamente 368.829 pessoas, segundo dados de 2018 do Nú­cleo de Inteligência da Associa­ção Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), a pesqui­sa de consumo atinge todos os moradores – quem não trabalha também consome.

Os dados da população eco­nomicamente ativa têm por base informações do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), da atual Secretaria do Trabalho e Emprego, ligada ao Ministério da Economia.

No ano passado, com uma população estimada pelo IBGE em 694.534 pessoas, o consu­mo per capita previsto era de R$ 39.047,76 – o potencial deste ano é 20% inferior, ou corte de R$ 7.794,79 nos gastos. Porém, os R$ 31.252,97 de 2020 é su­perior à média nacional, de R$ 20.784,12. Em 2018, a média por morador de Ribeirão Preto era de R$ 30.932,05.

Ribeirão Preto também per­deu posições no ranking nacio­nal e agora é a 18ª do país, mas continua sendo a quarta do esta­do com maior potencial de con­sumo. No ano passado, era a 16ª do Brasil. Em 2018, estava na 21ª colocação nacional e era a sexta de São Paulo – em 2017 era a 15ª entre os 5.570 municípios brasi­leiros e a quarta estadual.

No Estado de São Paulo, Ri­beirão Preto está atrás da capital (primeira nos dois rankings, com potencial estimado em R$ 311,94 bilhões), Campinas (11ª e segun­da, respectivamente, com R$ 33,44 bilhões) e Guarulhos (13ª e terceira, com R$ 31,96 bilhões) – as duas últimas contam com ae­roportos internacionais de carga e passageiros (Viracopos e Cum­bica, respectivamente).

Não há mais nenhuma cida­de da macrorregião na lista dos 50 municípios com maior po­tencial de consumo. Já São Pau­lo lidera o ranking dos estados, com participação de 26,42% no total do país nacional e previsão de gastos de aproximadamente R$ 1,18 trilhão.

Segundo Marcos Pazzini, no início de março, antes deste ce­nário de pandemia e isolamento social, “a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020, conforme o Boletim Focus do Banco Central, era de alta de 2,17%, o que resultaria numa projeção do consumo brasileiro da ordem de R$ 4,9 trilhões, su­perando os R$ 4,7 trilhões obti­dos no ano passado.”

Mercados potenciais
O desempenho dos 50 maiores municípios brasilei­ros equivale a 38,7%, ou R$ 1,759 trilhão, de tudo o que é consumido no território na­cional. No ranking dos mu­nicípios, os principais merca­dos permanecem sendo, em ordem decrescente, São Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Brasília, que recuperou a ter­ceira posição, deixando Belo Horizonte atrás.

Já Curitiba sobe para o quinto lugar, ultrapassando Salvador. Na sequência, For­taleza, Porto Alegre, Manaus e Goiânia – esta em 10º – ocupam os mesmos lugares de 2019. O Brasil possui mais de 211,7 milhões de cida­dãos, sendo 179,5 milhões só na área urbana, que respon­dem pelo consumo per capita de R$ 23.091,50, contra os R$ 9.916,75 gastos individual­mente pela população rural.

Pesquisa
Publicado anualmente pela IPC Marketing Editora, o IPC Maps destaca-se como o único estudo que apresenta em núme­ros absolutos o detalhamento do potencial de consumo por categorias de produtos para cada um dos 5.570 municípios do país, com base em dados oficiais, através de versões em softwares de geoprocessamento.

Este trabalho traz múlti­plos indicativos dos 22 itens da economia, por classes so­ciais, focados em cada cidade, sua população, áreas urbana e rural, setores de produção e serviços etc., possibilitando inúmeros comparativos entre os municípios, seu entorno, Estado, regiões e áreas metro­politanas, inclusive em rela­ção a períodos anteriores.

Outros dados sobre o consumo em 2020
BASE CONSUMIDORA – Neste ano, a classe B2 lidera o cenário de consumo, representando mais de R$ 1 bilhão dos gastos. Junto à B1, estão pre­sentes em 20,9% dos domicílios, sendo respon­sáveis por 41,1% (R$ 1,7 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras.

Se para a classe média a migração da alta para os demais estratos é positiva, para quase metade dos domicílios (48,7%), caracterizados como classe C, o total de recursos gastos cai para R$ 1,475 trilhão (35,6% ante 37,5% em 2019).

Já a classe D/E, que ocupa 28,3% das residências, consome cerca de R$ 437,9 bilhões (10,6%).

Mais enxuto, em apenas 2,1% das famílias, o grupo A reduz seus gastos para R$ 528,6 bilhões (12,8% contra 13,68% do ano passado). O mesmo aconte­ce na área rural que, embora no ano passado tivera uma evolução significativa, neste ano perde de R$ 335,9 para R$ 319,6 bilhões.

CENÁRIO REGIONAL – O destaque vai para a Região Centro-Oeste que, ampliou em 7,9% sua participação no consumo, respondendo por 8,86% dos gastos nacionais. Encabeçando a lista, embora com pequenas contrações, aparece o Sudeste com 48,42%, seguido pelo Nordeste, com 18,53%. A Região Sul, que em 2019 tinha reduzido sua fatia, volta a subir para 17,97% e, por último, aparece a Norte, representando 6,23%.

PERFIL EMPRESARIAL – Houve declínio de 13% no número de empresas instaladas no Brasil, totalizan­do hoje 20.399.727 unidades. Deste montante, mais da metade (10,6 milhões) tem atividades relaciona­das a serviços; seguida pelos setores comércio, com 5,7 milhões; indústrias, 3,3 milhões e, por último, agribusiness, com 703 mil estabelecimentos.

GEOGRAFIA DA ECONOMIA – Como de costume, a Região Sudeste concentra 51,98% das empresas nacionais, seguida novamente pelo Sul, com 18,15%. Em caminho inverso, as demais regiões reduziram suas atividades: O Nordeste conta com 16,96% dos estabelecimentos, Centro-Oeste com 8,27%, e o Norte com apenas 4,65% das unidades existentes no país.

HÁBITOS DE CONSUMO – A pesquisa IPC Maps detalha, ainda, onde os consumidores gastam sua renda. Dessa forma, os itens básicos aparecem com grande vantagem sobre os demais. Cerca de 25,6% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás), 18,1% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc.) e 14,1% vão para alimentação (no domicílio e fora).

Outros 13,1% vão para transportes e veículo pró­prio, 6,6% são medicamentos e saúde, 3,7% mate­riais de construção, 3,4% educação, 3,4% vestuário e calçados, 3,3% recreação, cultura e viagens, 3,3% em higiene pessoal, 1,5% eletroeletrônicos, 1,5% móveis e artigos do lar, 1,1% bebidas, 0,5% para artigos de limpeza, 0,4% fumo e finalmente, 0,2% referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.

FAIXAS ETÁRIAS – Em crescimento, a população de idosos supera a margem de 30 milhões em 2020. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 128 milhões, o que representa 60,5% do total de brasileiros, sendo mu­lheres em sua maioria. Já, os jovens e adolescen­tes, entre 10 e 17 anos, vem perdendo presença e somam 24,1 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguem a média de 29,4 milhões.

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