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Pandemia ‘retarda’ combate à pobreza

Os impactos da pande­mia de covid-19 na América Latina e no Caribe causaram um retrocesso de 27 anos na pobreza extrema. A informa­ção é da representante da Or­ganização Pan-americana de Saúde (Opas) no Brasil, So­corro Gross. Ela participou do debate sobre o cenário dos Objetivos do Desenvol­vimento Sustentável (ODS) no contexto atual, na tarde de quinta-feira, 26 de janei­ro, no Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre (RS).

A atividade foi proposta pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), que fez no even­to uma reunião ordinária. Os ODS, também conhecidos como Agenda 2030, foram es­tabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, para substituir os Obje­tivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), e incluem 17 objetivos como erradicação da pobreza, igualdade de gênero, redução das desigualdades, consumo e produção respon­sáveis e educação de qualida­de. Cada objetivo é subdividi­do em diversas metas.

De acordo com Gross, que participou do evento de forma online, o ODS 3, que trata de saúde e bem estar, está com 70% das metas ava­liadas como não alcançáveis em 2030 na América Latina e Caribe, se a implementação permanecer no ritmo atual. Em avaliação feita no ano passado, 22% dessas metas apresentaram retrocesso.

“A pandemia de covid-19 nas Américas trouxe uma crise sem precedentes, que impac­tou os determinantes sociais da saúde, aprofundando as iniquidades. Tivemos um re­trocesso de 27 anos na pobreza extrema. Hoje temos na região pessoas que não são mais po­bres, e sim estão em uma si­tuação de vulnerabilidade muito importante. E nós não temos 27 anos para recuperar esses 27 anos que perdemos. Tivemos um aumento de 8 milhões de pessoas na inse­gurança alimentar, em uma região que já era desigual”.

Brasil
Sobre o Brasil, Gross des­tacou que o país é um dos 20 nos quais 78% de todas as crianças não receberam ne­nhuma dose de vacina contra a covid-19. Também no deba­te, o pesquisador da Funda­ção Oswaldo Cruz (Fiocruz), Richarlls Martins, coordena­dor da Rede Brasileira de Po­pulação e Desenvolvimento, lembrou que a Agenda 2030 faz parte da política externa do país. “Os ODS são uma agenda integradora para me­lhorar a vida das pessoas, in­tegrando os temas da agenda ambiental, social e econômi­ca, tudo junto”, explicou ele.

Sobre a implementação do ODS 3 no Brasil, ele destaca que nenhuma meta avançou em 2022. “Nós temos o Re­latório Luz, que acompanha a implementação da agenda 2030, publicado desde 2017 pela sociedade civil. Ele apon­ta os problemas para a imple­mentação das metas e o último relatório, de julho de 2022, traz indígenas na capa, não à toa. Todas as metas do objetivo 3 não tiveram nenhum nível de avanço, estão todas com retro­cesso, estagnada, ameaçada ou, no máximo, insuficiente”.

Outra forma de acom­panhar a implementação da Agenda 2030 é pelo Índice de desenvolvimento sustentável das cidades (https://idsc.cidadessus­tentaveis.org.br/), que apresenta em forma de mapa a situação dos municípios brasileiros. “A ferramenta traz um diagnóstico por cidade do Brasil, ajuda a lo­calizar essa agenda, que muitas vezes parece tão distante da gente”, diz Martins.

Estava prevista na mesa a participação da ministra da Saú­de, Nísia Trindade. Mas ela pre­cisou cancelar a ida a Porto Ale­gre devido à crise com o povo yanomami. Em vídeo enviado ao evento, ela saudou a discus­são e afirmou que o Brasil está em sintonia com a implemen­tação da Agenda 2030.

“Os desafios de recons­trução do país encontram-se conectados aos de âmbito global, tais como a superação da pandemia, ainda em cur­so, e a recuperação dos seus impactos sociais, econômi­cos, culturais. Para isso é fun­damental enfrentar a questão das mudanças climáticas e a redução das desigualdades. A reconstrução nos inspira e ao mesmo tempo nos traz espe­ranças de, com bastante tra­balho e participação coletiva, mudarem essa realidade”.

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