A pandemia do novo coronavírus (covid-19) está provocando prejuízos econômicos por todo o mundo. Profissionais e empresas de diversos segmentos estão tendo que renegociar dívidas, buscar linhas de créditos e reinventar seus negócios. Alguns com perspectivas de melhora mais rápida, outros nem tanto.
A empresária ribeirão-pretana Cláudia Muniz vive as duas situações. Em uma, em que é diretora proprietária de uma empresa de pesquisa de mercado, a esperança é que as coisas possam voltar à normalidade em breve. Na outra, em que atua no financeiro de uma empresa de eventos, do irmão, o período pode ser bem maior.
“Trabalho com pesquisa e ninguém está fazendo pesquisa. O ano começou bem por ser ano eleitoral, mas agora está tudo parado. Minha esperança é que as coisas possam voltar à normalidade e as eleições de outubro aqueçam esse mercado”, explica.
“No caso da empresa de eventos do meu irmão é muito diferente. Ele trabalha com aglomerações de pessoas e acreditamos que os eventos não voltarão tão breve. Tivemos que cancelar 42 eventos. Imagina isso. Tudo parado e uma folha de pagamento para 10 funcionários. Não é uma situação crítica?”, indaga.
Cláudia e o irmão tiveram que se apoiar em medidas financeiras adotadas pelo Governo Federal e instituições para tentar amenizar a situação. No início do ano ela havia solicitado uma linha de capital de giro, mas agora vai prorrogar o pagamento de três parcelas. “Pra mim acredito que possa ser suficiente, pois espero em três meses voltar à normalidade. Mas no caso da empresa do meu irmão que também tem empréstimo, como ele faz? Não volta em três meses e acredito que não será suficiente. Cada caso, cada empresa tem sua particularidade. No meu, está ajudando”, explica.
O empresário Felipe Cochoni, que trabalha no setor de terraplanagem e pavimentação, é outro que teve que aderir às medidas financeiras. Ele prorrogou o pagamento de duas linhas de crédito – vai pagar duas parcelas que venceriam agora, no final do contrato – uma feita para pagamento de 13º salário dos funcionários e outra para custeio de manutenção de equipamentos.
“Essas medidas possibilitaram que a empresa ganhasse um fôlego em seu fluxo de caixa, elas foram suficientes para o momento atual da empresa. Porém, caso essa situação de pandemia continue, outras medidas deverão ser tomadas para auxiliar na manutenção da atividade regular da empresa”, diz Cochoni.
Ao analisar o setor em que trabalha, Cochoni disse que o setor de construção civil foi um dos poucos que mantiveram sua atividade regular, tomadas as devidas precauções de proteção aos colaboradores e à sociedade. “Infelizmente, a economia do mundo está sofrendo e muitos brasileiros estão enfrentando a queda de renda ou o desemprego. A nossa perspectiva para os próximos meses é um desaquecimento do mercado imobiliário, acarretando em uma redução de novos contratos de prestação de serviço”, finaliza.
Cooperativa de Ribeirão trabalha em três linhas de frente
Criado em Ribeirão Preto há 13 anos, o Sicoob Cooperac anunciou um plano de ação para minimizar os danos econômicos de seus cooperados. São três frentes de atuação: uma para ampliar o prazo de pagamento e renegociar empréstimos, outra para injetar crédito na economia para que as empresas consigam manter os empregos e suas atividades e uma linha de crédito para que as empresas possam financiar a folha de pagamento.
Uma das medidas anunciadas é a prorrogação de vencimentos dos empréstimos e financiamentos, por até 90 dias. A cooperativa também está oferecendo a renegociações de crédito, com até 90 dias de carência, para empresas, ou pessoas físicas, que estejam inadimplentes. Todas as operações estão sujeitas a análise de crédito.
“O cooperativismo de crédito tem um forte compromisso com a comunidade onde está inserido. Por isso, estamos tomando todas as medidas necessárias para preservar a saúde de nossa equipe, mas optamos em manter o funcionamento normal de nossas agências. Também ampliamos o leque de opções de crédito oferecidas aos nossos cooperados”, explica Cesar Augusto Campez Neto, diretor-presidente da Cooperac.
A cooperativa oferece ainda a liberação de uma linha de crédito para antecipação da restituição do Imposto de Renda. Além disso, a Cooperac é uma das instituições financeiras credenciadas para oferecer uma linha de capital de giro, anunciada pelo Governo Federal, via BNDES.
A linha de crédito é destinada a micro, pequenas e médias empresas, com faturamento de até R$ 300 milhões anuais. A carência é de até 24 meses para começar a pagar e há um prazo total de 60 meses para quitar o empréstimo. Cada cliente pode solicitar o limite de crédito de R$ 70 milhões, ao ano.
A terceira ação anunciada foi a criação de uma linha de crédito para que as empresas possam financiar a folha de pagamento dos seus funcionários e o pró-labore do empresário. Este último é um diferencial, pois as demais linhas disponíveis no mercado não contemplam a remuneração do empresário.
Quem optar por essa linha terá até seis meses de carência para começar a pagar e 36 meses para quitar o empréstimo. Vale ressaltar que a aprovação do crédito é ágil, pois a operação é feita pela própria cooperativa. A taxa de juros é definida a partir de 0,85% (a.m.). Em todos os casos, as ações estão sujeitas à analise de crédito.