Por Ciro Campos
A janela de transferências do futebol europeu começou sábado (2) com a abertura dos mercados na Inglaterra, na França e na Alemanha e a apresentação de indícios de como as negociações vão se portar pelos próximos anos. Pela primeira vez o período terá o forte impacto da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Além disso, os efeitos da pandemia do coronavírus devem se fazer ainda mais presentes.
De acordo com estimativa do próprio Campeonato Inglês, os times tiveram um prejuízo de cerca de R$ 5 bilhões com as partidas disputadas com portões fechados e a perda de receitas geradas pela crise. Por isso, a imprensa local prevê que a janela será marcada principalmente por muitas operações de empréstimos entre os clubes. Já as compras devem ser feitas com pagamentos parcelados e dentro do mercado doméstico. Assim, os gigantes da Europa não devem desfalcar tanto os clubes brasileiros, como em temporadas anteriores.
“Os clubes compradores estão atentos a esse contexto e utilizando modalidades de pagamentos parcelados feitos a partir de financiamentos com bancos e investidores”, contou ao Estadão a advogada inglesa Liz Soutter, especialista na área financeira do direito esportivo do escritório Effori Sports Law.
Sócio do mesmo escritório, o advogado Nilo Effori avaliou que o mercado europeu continuará com postura cautelosa para fazer negociações ainda pelos próximos anos. “Ninguém quer contratar um jogador caro. A quantidade de empréstimos gratuitos entre as equipes aumentou muito”, disse.
Apesar de a pandemia já ser uma realidade no futebol europeu desde março de 2020, a janela vai mostrar evidências diferentes das apresentadas em julho, durante o verão no Velho Continente. No meio do ano passado, boa parte das transferências havia sido encaminhada antes do início da covid-19 e foi sacramentada em um contexto de otimismo pelo retorno do calendário.
Agora, em meio ao aumento de casos, à descoberta de uma nova cepa do vírus e ao Brexit, o comportamento deve ser outro. Segundo o jornal inglês The Independent, os times locais devem movimentar neste mês de janeiro bem menos do que os R$ 3 bilhões gastos no início de 2018, período em que mais se gastou com contratações no país na janela de inverno.
Porém, ao mesmo tempo em que a pandemia tirou recursos, acelerou a necessidade por mudanças. O calendário mais apertado de jogos prejudicou bastante o atual campeão inglês, o Liverpool. O time do técnico Jürgen Klopp tem sofrido com desfalques seguidos na defesa, em especial as baixas com Van Dijk, Gómez e Matip. Por isso, uma possível saída será contratar o francês Dayot Upamecano, destaque do RB Leipzig, da Alemanha, em negociação avaliada em R$ 280 milhões.
Ainda na Inglaterra, a expectativa é pela saída do alemão Ozil, do Arsenal, e do francês Pogba, do Manchester United. A tendência é de que o início da janela tenha como grandes atrações as negociações domésticas. O meia Dele Alli, do Tottenham, e o volante Declan Rice, do West Ham, são os principais nomes envolvidos em especulações.
Outra atração desta janela é o atacante Diego Costa. O brasileiro naturalizado espanhol rescindiu com o Atlético de Madrid e está livre no mercado. Um possível destino é o Wolverhampton, da Inglaterra. A equipe também quer o sérvio Luka Jovic, do Real Madrid.
Embora com contrato em vigor, outra expectativa no mercado é saber o destino do astro norueguês Haaland. O atacante do Borussia Dortmund, da Alemanha, desperta o interesse do Barcelona e de outras equipes inglesas. As janelas na Espanha e na Itália só abrem na segunda-feira. Porém, todos os mercados vão fechar ao mesmo tempo, em 1.º de fevereiro.