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Pandemia: delator da Sevandija é libertado

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O presidente destituído do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Pre­to, Guatapará e Pradópolis, Wagner de Souza Rodrigues, vai cumprir pena em prisão domiciliar. A decisão é do juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Cri­minal, que revogou a prisão preventiva do ex-sindicalista e candidato a prefeito derro­tado em 2016 pelo PCdoB – não pertence mais ao quadro de filiados.

O magistrado diz que na sentença que a decisão tem por base a pandemia do co­ronavírus, que alterou os trâmites judiciais, como a suspensão das audiências pre­senciais, e para evitar qual­quer constrangimento ilegal, pois o ex-sindicalista estava preso preventivamente havia muito tempo – um ano e cin­co meses – e ainda não há pre­visão de novas audiências na ação penal em que ele é réu, a dos honorários advocatícios.

“Neste contexto, conside­rando a excepcional situação vivenciada no país; a suspen­são das audiências presen­ciais de maior complexidade, o fato de já ter decorrido mais de um ano de sua prisão cau­telar sem que houvesse sido iniciada a instrução do pro­cesso, então, para evitar qual­quer constrangimento ilegal, entendo que é caso de revo­gação da prisão preventiva, com imposição de medidas cautelares”, diz a sentença.

Rodrigues foi condenado a pena de onze anos em regime domiciliar pelos crimes de as­sociação criminosa e peculato na ação penal dos honorários advocatícios, uma das frentes da Operação Sevandija, e es­tava preso desde 9 de abril do ano passado. Ele fechou acor­do de delação premiada com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Orga­nizado (Gaeco)

O ex-sindicalista já cum­pria pena em regime domi­ciliar, mas, em abril de 2019, acabou detido pela Polícia Federal, em um apartamen­to na região dos Jardins, área nobre de São Paulo, acusado de ocultar de bens e não in­formar seu real patrimônio durante os depoimentos ao Gaeco. Responde também por vários crimes de lavagem de dinheiro, cuja pena míni­ma é de três anos.

Para a Justiça de Ribeirão Preto, Wagner Rodrigues de­clarou ter residência fixa em São Paulo, onde já está após a soltura na sexta-feira (10). A defesa alega que os requisi­tos de prisão preventiva esta­vam ausentes e que ele possui bons antecedentes, além de fazer parte do grupo de risco da covid-19. Por isso, deveria responder às acusações em liberdade.

Apesar de manifestação contrária do Ministério Pú­blico Estadual (MPE), houve um entendimento do magis­trado em favor do pedido dos advogados do ex-sindicalis­ta. No entanto, na decisão, o juiz determinou seis medidas cautelares para Rodrigues. Ele não pode deixar o país e nem sair da comarca em que declarou residência, ou seja, a capital paulista.

Também está proibido de acessar, por qualquer meio, aos órgãos públicos de Ribei­rão Preto e á sede do Sindi­cato dos Servidores Munici­pais. O contato com qualquer pessoa vinculada aos fatos da ação penal dos honorários também está proibido. Ro­drigues não pode sair de casa entre as 20 horas e as seis da manhã do dia seguinte. Além disso, deve comparecer bi­mestralmente em juízo para informar e justificar as ativi­dades, a ser feito após a pan­demia.

Em setembro de 2018, a Justiça de Ribeirão Preto condenou Rodrigues, a ex­-prefeita Dárcy Vera (sem partido) – a 18 anos, nove meses e dez dias de reclusão –, os advogados Maria Zuely Alves Librandi, Sandro Rova­ni e André Soares Hentz (14 anos e oito meses de reclusão cada) e o ex-secretário muni­cipal da Administração, Mar­co Antônio dos Santos (pena igual à da ex-prefeita), por um suposto desvio de R$ 45 milhões na ação dos hono­rários. Eles são acusados de associação criminosa e pe­culato. Afora o delator, todos negam a prática de crimes

Santos e Rovani são os únicos que continuam detidos em Tremembé (SP) e também podem ser beneficiados com a decisão de Silva Ferreira. O Gaeco e a Polícia Federal acu­sam o grupo de ter montado um esquema que teria desvia­do cerca de R$ 245 milhões dos cofres do município, R$ 45 milhões no caso dos hono­rários advocatícios.

Em sua delação, Rodri­gues disse que além dos R$ 7 milhões supostamente pagos à ex-prefeita, Maria Zueli te­ria repassado R$ 11 milhões ao sindicato (por meio de Rovani, que dividiria o mon­tante com o delator), mais R$ 11 milhões iriam para o ad­vogado André Hentz e R$ 2 milhões para Marco Antonio dos Santos. O ex-sindicalista admitiu ter recebido R$ 1,2 milhão, mas a força-tarefa da Sevandija acredita que o va­lor da propina é maior.

Além de ter sido destitu­ído do sindicato, Rodrigues foi exonerado do cargo que exercia na Secretaria Munici­pal da Saúde. A demissão foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de 19 de setembro de 2018. Ele era servidor público concursado, agente de administração da pasta, mas estava suspenso desde o início da Operação Se­vandija – também ficou longe da secretaria quando presidia a entidade sindical. A Comissão Processante que investigou o delator considerou que ele teve “conduta escandalosa e incon­tinência pública”. A demissão foi por justa causa.

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