Estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) revela que 13 cidades paulistas correm mais riscos de propagação do coronavírus, causador da covid-19. O levantamento foi feito por pesquisadores do Centro de Contingenciamento do Coronavírus e evidencia a necessidade de maior controle nestes locais para diminuir a incidência de contágio por todo o estado.
O estudo também serve para embasar a prorrogação do decreto de calamidade pública, baixado pelo governador João Doria (PSDB). Na segunda-feira, 6 de abril, ele ampliou por mais 15 dias a quarentena em todos os 645 municípios de São Paulo – na sexta-feira (3), o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) já havia anunciado a extensão da quarentena até dia 22.
Para chegar ao ranking das 13 cidades, os pesquisadores consideraram número de casos confirmados de covid-19, as suspeitas, o número de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e a importância regional de cada município. Além da capital, fazem parte da lista as cidades de Ribeirão Preto, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Marília, Piracicaba, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Votuporanga.
Estas cidades têm potencial de propagação do vírus por causa da posição regional e econômica que ocupam no Estado – Ribeirão Preto, por exemplo. Com 703.293 mil habitantes, antes da pandemia, recebia cerca de 150 mil pessoas por dia de cidades vizinhas. Essa população flutuante vem à metrópole atrás de serviços de saúde e educação, para trabalhar ou estudar e fazer compras no comércio local.
Também são consideradas rotas de dispersão por estarem ligadas por importantes rodovias como a Anhanguera (SP-330) e a Presidente Dutra (BR-166), o que facilitaria o contágio mesmo em cidades menores localizadas próximas a estas estradas. De acordo com os pesquisadores, as ações de bloqueio a covid-19, especialmente nestes 13 municípios, poderão garantir a proteção de cidades menores, onde a população é muito mais vulnerável ao coronavírus.
Seja pelo fato de grande parte dos moradores serem idosos, ou pela falta de equipamentos de saúde especializados. A pandemia de covid-19 avança rumo ao interior paulista e já atingiu oficialmente de 21,8% dos municípios de São Paulo (141 cidades), segundo o boletim da Secretaria de Estado da Saúde divulgado nesta quinta-feira (9).
“Existe uma difusão hierárquica do vírus, indo de cidades maiores para menores. Não adianta olhar só para o tamanho da população, mas também a influência econômica e social das cidades na região em que estão”, afirma o geógrafo Raul Guimarães, docente da Unesp em Presidente Prudente.