Tribuna Ribeirão
Economia

Pandemia afetou renda de 69,7% dos paulistas

J.F. PIMENTA

Com o objetivo de mapear como a situação financeira dos consumidores foi afetada duran­te a pandemia da covid-19, seu poder de compra durante esse período, assim como sua per­cepção sobre sua própria situa­ção financeira, o Núcleo de In­teligência e Pesquisas da Escola de Proteção e Defesa do Consu­midor da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) disponi­bilizou no site um questionário com 16 perguntas no período de 8 de fevereiro a 15 de março.

A pesquisa também abor­dou quais as expectativas dos entrevistados quanto ao seu futuro econômico e ao da eco­nomia brasileira e mundial e foi respondida por 5.007 pessoas, sendo que 69,76% (3.493) delas afirmaram que sua renda indi­vidual diminuiu. Para 23,93% (1.198,) permaneceu inalterada e somente para 6,31% (316), houve aumento.

Questionados sobre o mo­tivo da diminuição da renda individual, 40,45% (1.413) afir­maram ter sido em decorrência da paralisação parcial ou total de suas atividades de autônomo ou empresário. Outros 23,33% (815) apontaram a causa como sendo da redução salarial e, para 19,32% (675) a queda foi em decorrência de demissão. Para 16,89% a diminuição foi gerada pela necessidade de terem que passar a contribuir para a renda familiar em decorrência de de­semprego e/ou morte na família.

Foi questionado a todos os entrevistados, independente­mente de ter havido alteração em sua renda, qual a importân­cia de sua renda individual na composição da renda familiar. Os resultados apontaram que 39,64% (1.985) são responsáveis pela totalidade da renda familiar, ou seja, sua renda individual é a renda familiar e, um percentual muito próximo, 34,49% (1.727), é responsável pela maior parte da renda familiar.

Apenas 7,13% dos entrevis­tados têm renda desvinculada de uma família já que 4,49% (225) afirmaram que não con­tribuem para a renda familiar e 2,64% (132) não têm família. A todos os entrevistados foi perguntado se consideram que seus gastos habituais tiveram au­mento durante a pandemia e, a grande maioria, 86,88% (4.350), afirmou que sim. 71,47% (3.109) deles afirmaram que esse aumento foi em decorrên­cia de gastos com alimentação.

Especialistas do Procon-SP acreditam que esse resultado decorreu, dentre outros pos­síveis fatores, do aumento de preços dos alimentos. Em 2020, de acordo com a pesquisa da Cesta Básica do Procon-SP/Die­ese, os alimentos tiveram alta de 31,69% em São Paulo. Outro au­mento sentido por 14,16% (616) foi nas contas de consumo, tais como, água, luz, gás etc.

Foi questionado aos consu­midores se precisou reduzir e/ ou cortar seus consumos habi­tuais, a grande maioria, 88,86% (4.449) respondeu que sim. So­bre quais os setores que ocorre­ram essa redução a pesquisa dis­ponibilizou algumas alternativas permitindo que o entrevistado escolhesse uma ou mais opções. Os mais apontados foram: ali­mentação, 69,18% (3.078), tele­fonia e internet, 33,67% (1.498), contas de consumo (água, luz, gás), 33,06% (1.471) e saúde, 26,88% (1.196).

Os setores mais apontados são considerados essenciais o que, para os especialistas do Procon-SP, pode indicar uma piora na qualidade de vida. Mes­mo a telefonia e internet, num momento em que o isolamento social é uma das medidas indi­cadas para conter o avanço da pandemia, esses serviços se tor­nam fundamentais para traba­lho, estudo e comunicação com parentes e amigos, bem como para compras à distância.

Segundo a pesquisa, 55,30% (2.769) dos entrevistados afir­maram possuir dívidas em atra­so. A eles foi perguntado qual foi o efeito da pandemia sobre essas dívidas e, a grande maioria, 88,73% (2.457) assegurou que elas aumentaram. Para 9,93% (275), não houve alteração, o que pode indicar que já estavam com dívidas em atraso antes da pandemia. Somente 1,34% (37) alegaram ter diminuído.

As principais dívidas em atraso mencionadas pelos con­sumidores, independentemente de ter havido aumento, redução ou permanecido inalterada (foi permitido a escolha de uma ou mais alternativas), foram: car­tão de crédito, 58,97% (1.633); contas de consumo, 45,68% (1.265) e empréstimos bancá­rios, 43,40% (1.202).

Para os especialistas do Pro­con-SP o cartão de crédito é um meio muito acessível de crédito, no entanto, as taxas de juros co­bradas ainda estão muito altas o que pode levar ao descontrole e ao endividamento, especialmen­te quando utilizado para com­plementar a renda. E, atrasar contas de consumo é um forte indicador de que os rendimen­tos não estão sendo suficientes nem para cobrir o básico.

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