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Palocci na mira do PT local

Antônio Palocci Filho, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em Ribeirão Preto, está na mira do Diretório Municipal da sigla. Na noite des­ta segunda-feira, 18 de setem­bro, a executiva local aprovou a admissibilidade de abertura de processo que pode resultar na expulsão dele da legenda pelas declarações que fez contra o ex­-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da Ope­ração Lava Jato.

A Comissão de Ética do PT local terá 60 dias, prorrogáveis por mais 30, para avaliar a si­tuação de Palocci, ex-ministro dos governos Lula (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil) e ex-prefeito de Ribeirão Preto em duas oportunidades (1993-1996 e 2001-2002 – não terminou o segundo mandato para assumir o Ministério da Fazenda). No entanto, o caso deverá ser anali­sado pela executiva nacional do partido, que vai se reunir nesta quinta-feira (21) para discutir o tema. A petição que gerou a dis­cussão foi impetrada pelo advo­gado Luiz Fernando da Silva, da executiva municipal.

Segundo o estatuto do PT, apesar de o processo ser aberto pelo Diretório Municipal, a exe­cutiva nacional pode avocar a responsabilidade para si quando se trata de militante de relevân­cia nacional, como é o caso de Palocci. O ex-ministro é acusa­do de quebrar a ética partidária ao dizer em depoimento ao juiz Sérgio Moro que Lula mantinha um “pacto de sangue” com o em­presário Emílio Odebrecht, o que incluía um pacote de R$ 300 mi­lhões em propinas para o PT, além de agrados ao ex-presidente.

Também revelou que várias vezes levou dinheiro vivo a Lula, uma espécie de “mensalinho” que variava entre R$ 30 mil e R$ 50 mil. Acusado de formar uma organização criminosa com a cúpula do PT em Brasília (DF) pela Procuradoria-Geral de Jus­tiça, Palocci está preso da Polícia Federal de Curitiba (PR) há cer­ca de um ano.

O processo administrativo do PT foi aprovado por oito dos nove membros da executiva que compareceram à reunião – são 14, no total, mas o autor da peti­ção não votou. A assembleia con­tou com representantes regionais. Palocci responderá à comissão formada por seis integrantes, que deve avaliar em até dois meses a expulsão ou não do ex-ministro.

A Comissão de Ética – for­mada por Antônio Cerveira de Moura, Camila Roberto, Dalmo Mano, Regina Brito de Souza, Antônio Rocha e Juliana Benedi­to – ainda vai votar o relatório e, independentemente do resulta­do, será novamente levado para votação do diretório – são 36 ti­tulares com direito a voto, mais o presidente da legenda, Fernando Tremura, e o líder da bancada na Câmara, vereador Jorge Parada.

Palocci terá a chance de apre­sentar sua defesa, mesmo que à distância, afirma Tremura. Na noite de ontem, ele disse que a comissão é autônoma e vai deci­dir se vai ouvir o ex-ministro por carta precatória ou correspon­dência. Depende como será o procedimento na Polícia Federal, onde o ex-ministro está preso.

Para Tremura, Palocci “está tentando salvar a própria pele”. Para os dirigentes petistas, as de­clarações do ex-ministro a Sérgio Moro não procedem e são inve­rídicas. Palocci fez toda sua traje­tória política filiado ao diretório de Ribeirão Preto, onde nasceu. Inscrito na legenda pelo muni­cípio paulista desde a fundação, em 1981, ele foi vereador, depu­tado estadual, prefeito por duas vezes e deputado federal, antes de assumir o Ministério da Fa­zenda no governo Lula e da Casa Civil, no de Dilma Rousseff.

“Os motivos são as acusações inverídicas que ele fez tentando incriminar o ex-presidente Lula”, ressalta Tremura. Segundo ele, o partido não vai investigar as acu­sações de corrupção das quais Palocci é alvo. “Não vamos en­trar neste mérito. As acusações de corrupção vão ser investiga­das pela Justiça federal”, explicou o dirigente.

Tremura negou que o PT de Ribeirão estivesse evitando abrir o processo contra sua principal liderança. “Não é que o PT não queria investigar, é que até agora ninguém tinha feito uma denún­cia”, afirmou. Na semana passa­da, o presidente do PT local disse que as acusações que Palocci fez ao ex-presidente Lula foram “ar­rancadas depois de muita tortura psicológica, em consequência de uma prisão ilegal”.

O advogado de defesa de Palocci, Adriano Bretas, não vai se pronunciar por enquan­to. O processo vai tramitar em sigilo. Ele já condenado a 12 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro em ou­tro processo. Palocci é um dos investigados no inquérito que apura o pagamento de R$ 12 milhões de propina da Odebre­cht para Lula na forma de um apartamento e na compra de um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. Ele já confirmou ser o “Italiano” que aparece em planilhas de propi­nas da empreiteira.

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