Mário Palumbo *
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A meditação não é um fato religioso, pertence à humanidade. Através da meditação a pessoa se encontra. Se ela for religiosa, encontra Deus dentro de sua tradição religiosa. Se for budista, encontra a iluminação; se for ateu, talvez impulsionado pelo demiurgo, como Sócrates, ao se encontrar, encontra a paz, a tranquilidade e amor que é o novo nome de Deus, mesmo que o negue racionalmente.
Se for cristão, ao se encontrar, encontra Jesus Cristo como seu mestre interior, como afirma Santo Agostinho.
Meditação cristã, como as demais, é estar presente, viver o aqui e o agora; fazer o que está fazendo, é o “age quod agis” dos latinos; é ver além das aparências; é enxergar o que se esconde atrás da beleza de uma flor, da majestade de uma árvore, do voo de uma ave, da tranquila sabedoria de um ancião, do amplexo dos namorados, do abraço de irmãos, das lágrimas de um pai, do espetáculo de uma mãe, carregando sua criança; é fazer silêncio em você e com você, só assim você se conecta. Só assim descobrirá o outro, o cosmo e todas as criaturas que lhe fornecem a sua identidade. E se for crente, encontrará Deus, que habita no seu íntimo, aquele SER que lhe é mais íntimo que você, a você mesmo. Aquele que o ama mais do que possa imaginar.
Silêncio é o Louvor de Deus em você!
“Tibi silentium laus!” Para Ti, o silêncio é louvor! Não há nada de mais doce que ouvir a voz do silêncio, que é a voz de Deus! Meditar é contemplar, é ficar a sós com você, a sós com Deus!
* Emanuel Kant disse: “ Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.”
O CÉU ESTRELADO SOBRE MIM
Se Immanuel Kant tivesse tido oportunidade de ver os mapas celestiais que nós temos hoje e ver que no universo das galáxias somos apenas um pontinho quase invisível, com certeza sua comoção seria maior.
Mas nós, como os animais domésticos, preferimos olhar para baixo, diria Dante Alighieri!
Habitamos este pontinho e nos deliciamos com sua beleza: a imensidão do mar, a fertilidade da terra, as luxuriantes das florestas e a leveza das borboletas!
Quem de vos visitou no Parque Estadual Vassununga de Santa Rita de Passa Quatro a mais antiga árvore conhecida do Brasil, um Jequitibá-rosa com idade estimada em 3 030 anos e 40 metros de altura?
Kant se encanta com o Céu Estrelado e com a lei moral dentro dele
É um reflexo do antigo “Conhece-te a ti mesmo” Só quem for capaz de descer no âmago do seu ser, é capaz de se encantar com tudo isso. A meditação é isso!
Frente à imensidão do universo quem somos nós? Um frágil inseto pode nos matar. Mesmo assim temos algo diferente que nem o Jetiquibá de Santa Rita, nem a maior Galáxia tem: temos consciência que existimos, somos livres e podemos nos abrir para o mundo e também nos fechar em nosso mesquinho egoísmo.
Negarmos a evidência dos fatos. Dizer que a Terra é plana. Escolher o “tânathos” e o suicídio. Por estas escolhas erradas
Infelizmente o mundo está à véspera do colapso ecológico, na iminência de uma guerra nuclear, enquanto pouca pessoa detém poder e quase a totalidade das riquezas da natureza, e a maioria se debate pela sobrevivência, quando não morre de fome.
Neste caos mundial o que podemos fazer, nós, sentados nesta explanada do Campus da USP de Ribeirão Preto? Dalai Lama diz que se ensinássemos a prática da meditação às crianças, em poucos anos não haveríamos guerra na terra. É Utopia?
A jovem Judia Etty Hillesum tinha chance de fugir do holocausto, preferiu acompanhar seus compatriotas no trem da morte. Havia encontrado a prática quotidiana da meditação e com isso o amor. Victor Frankl com a sua teoria, no inferno do campo de Auschwitz, soube sobreviver apoiando-se no sentido da vida.
É o que faz a meditação? No dia que Hamas invadiu parte de Israel um grupo de turistas ficaram presos no hotel em plena ansiedade. Como eram meditantes e nada podiam fazer, praticaram a meditação que mitigou o pavor.
Neste nosso mundo caótico estamos em balia das ondas impetuosas de um mar revolto.
As ondas violentas são o nosso auto centrismo e apego exagerado aos bens materiais, a raiva e muitas vezes o ódio. Tudo isso não é a nossa verdadeira identidade e nos escravizam.
A prática quotidiana da meditação
É uma descida no fundo do mar do nosso ser onde encontramos a calma e nossa verdadeira identidade, aquela sonhada por Deus por cada um de nós. Nossa identidade que nos distingue das arvores é a liberdade, é o amor. SOMOS FRUTOS DO amor. Somos amor. Apesar das tempestades ao nos encontrar nossa identidade, encontramos a paz, a calma para superar as dificuldades e a liberdade. No inferno do holocausto alguns presos entravam de cabeça erguida nas duchas mortíferas rezando um chemá Israel ou um pai nosso. Eram presos mas não perderam a liberdade.
Jesus pregado na cruz, livremente ofereceu sua vida para nós perdoou aos seus algozes amou até o fim. Estava totalmente realizado, por isso, venceu o mundo.
E hoje não há nenhuma personagem histórica mais vivas do que Cristo: o mais odiado e também o mais amado por isso o mais vivo! Muitos até os nossos dias doam suas vidas gratuitamente para El.
Agora orientados para a Giuliana vamos mergulhar no silêncio meditativo para nos encontramos, nos abraçarmos e abraçar o mundo e a sobretudo, para quem crê, abraçar a Deus que habita em nossos corações.
* Professor