Depois de passar por uma restauração em 2015, o Palacete Jorge Lobato reabriu as portas para os ribeirão-pretanos em ações pontuais. Agora, os proprietários deste patrimônio da cidade fizeram novas parcerias e pretendem intensificar as atividades neste espaço tão emblemático, que guarda muitas histórias. Vindo ao encontro a este desejo, será lançada a “Feirinha do Palacete” no final deste mês de junho.
A proposta é dar vida nova ao ambiente, um novo significado ao espaço, além de valorizar o comércio local. Agora, o palacete será palco de uma feira de produtores da região dos segmentos de artesanato, gastronomia, entre outros. O evento inclui apresentações artísticas, oficinas e ações sustentáveis, além de abrir a garagem para food trucks. A primeira edição do evento será daqui a dois sábados, em 23 de junho, das nove às 20 horas. Depois, deve ser realizada uma vez por mês, nos mesmos moldes da Feria do Irajá.
A programação inclui show ao vivo com Fernanda Marx, oficinas artísticas, ações sustentáveis e adoção de cães e gatos sob a supervisão da Associação Vida Animal (AVA). Também terá peças de artesanato e garimpo, pratos típicos juninos, gastronomia para todos os gostos – inclusive com várias opções “veggies” (vegetarianos) com barraquinhas e food trucks e cerveja artesanal.
O Palacete Jorge Lobato, na Rua Álvares Cabral, 716, esquina com a Florêncio de Abreu, no Centro de Ribeirão Preto, estava fechado desde 1991. Em junho do ano passado, porém, durante a 17ª Feira Nacional do Livro, o imóvel foi aberto para visitação. Segundo o atual proprietário, o engenheiro civil Hector Sominami Lopes, não há previsão de quando o espaço será reaberto. Há uma pendência junto ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac).
A reforma da cozinha é o principal entrave para a abertura do casarão ao público. Faltam alguns retoques. O Conppac passou por problemas legais em 2017 e o processo atrasou – ficou um ano e meio praticamente desativado. No local vai funcionar o Café e Restaurante Palacete. A revitalização é fruto de parceria com o curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda. O nome escolhido por Lopes é uma homenagem a Ribeirão Preto, que já foi a capital mundial do café. Construído em 1922 pelo escritório de engenharia Geribelli & Quevedo, com projeto arquitetônico original de Adhemar de Moraes, o palacete, tombado em 2008 pelo Conppac, preserva alguns móveis originais.
O casarão foi uma das primeiras edificações da cidade a romper com o modelo de cômodos interligados – foi o pioneiro na individualização dos espaços íntimos. Até então, todos os cômodos de uma casa da elite cafeeira tinham duas portas, facilitando a vigilância do chefe da família sobre seus integrantes. São 650 metros quadrados de área construída com mais de 20 cômodos onde morou o engenheiro civil Jorge Lobato, a esposa Anna Junqueira e os cinco filhos do casal. Os vitrais originais dos anos 1920 são uma atração à parte: nas escadas, em frente à porta principal, há um vitral com a imagem de São Jorge e, na sala de jantar, outro com imagem do Rio de Janeiro.
Na parte externa da casa, além do jardim, há uma construção que os pesquisadores acreditam ser uma capela, porões e uma garagem com quartos na parte superior onde os empregados da família moravam. O casarão, no estilo art déco (estilo artístico de caráter decorativo que surgiu na Europa, principalmente na França, na década de 1920), é considerado uma importante fonte para historiadores que pesquisam as relações familiares, sociais e entre patrões e empregados na primeira metade do século 20.
Entre seus 20 cômodos possui salas de música, de visitas, de recepções (de cerca de 50 metros quadrados, com piso de mármore), de jantar e escritório, além de oito vitrais franceses. No entorno da casa principal, além da casa dos empregados, há um orquidário e um pomar. O casarão estava fechado desde 1991, quando faleceu o último morador.