O palacete Camilo de Mattos, localizado na esquina das ruas Duque de Caxias com Tibiriçá, em frente à praça XV de Novembro, no Centro Histórico de Ribeirão Preto, abre as portas durante a 19ª Feira Nacional do Livro para receber visitantes interessados em informações sobre sua arquitetura e dos ilustres moradores do casarão – dois ex-prefeitos da cidade.
As visitas serão permitidas até domingo, 16 de junho, último dia de Feira do Livro, das 12 às 17 horas. No local viveram dois ex-prefeitos de Ribeirão Preto, Joaquim Camilo de Moraes Mattos (1892-1945), ou simplesmente Camilo de Mattos – governou a cidade entre 1929 e 1930 e teve o mandato interrompido pela revolução de 1930 –, e seu filho, Luiz Augusto Gomes de Mattos (1920-2003), o doutor Luiz Mattos, que foi prefeito -interventor da cidade entre 1945 e 1946.
Em setembro de 2017, os novos proprietários, os empresários Marcos da Cunha Mattos e Ricardo Cesar Massaro, anunciaram a intenção de restaurar o imóvel construído provavelmente em 1921. Na época, eles não informaram o valor de compra do palacete, nem quando a reforma será concluída ou o tipo de utilização que o local terá depois. No entanto, Massaro garantiu que as características do imóvel serão 100% preservadas.
O Palacete Camilo de Mattos foi tombado em 11 de julho de 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac), através do decreto número 221, publicado no Diário Oficial do Município (DOM). O Tribuna apurou que o local pode virar uma espécie de centro cultural com café e área de gastronomia.
O belo imóvel hoje está encoberto pelas árvores da rua e da praça XV e Novembro, praticamente inexistentes na década de 1920. Apesar disso, é possível admirar a beleza do velho palacete Camilo de Mattos, construído provavelmente em 1921 e que ficou pronto um ano depois. Não existem informações seguras a respeito do autor do projeto, mas um dos nomes apontados é o do engenheiro-arquiteto Antônio Soares Romeo, do município de Ribeirão Preto.
O prédio é uma construção que remete à arquitetura residencial eclética burguesa do início do século 20. Além da imponência da obra, entre as suas características principais está um jardim interno planejado (algo raro na época), a presença de belos vitrais de inspiração art-nouveau e o uso intenso do ferro, tanto nas grades externas quanto na porta principal, feita a partir de trabalhos artísticos desse material. Localizado na esquina das ruas Duque de Caxias nº 625 com Tibiriçá, foi tombado em 2008.
Quem foi Camilo de Mattos
Joaquim Camilo de Moraes Mattos nasceu em 1892, em Minas Gerais, e formou-se em Direito em São Paulo. Casou-se em 1919 com Maria das Dores (Sinhazinha) Gomes de Mattos, filha do coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, um dos mais importantes chefes políticos da República Velha e nome forte da elite cafeeira local. Exerceu vários cargos públicos na cidade, entre eles os de vereador, vice-prefeito e prefeito, entre 1929 e 1930, tendo o mandato interrompido pela Revolução de 1930. Colaborou para a fundação do Educandário Quito Junqueira e da Fundação Sinhá Junqueira. Faleceu em agosto de 1945.
Quem foi o doutor Luiz Mattos
Além de prefeito-interventor de Ribeirão Preto entre 1945 e 1946, Luiz Augusto Gomes de Mattos, que nasceu no palacete em 1920, foi deputado estadual, presidente do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), presidente da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), presidente da Viação Aérea São Paulo (Vasp) e da Companhia de Seguros do Estado de São Paulo (Cosesp). Morreu em 14 de agosto de 2003, no casarão.