Mário Palumbo *
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Caro amigo-irmão Pastor Ocimar, o Padre Gisberto logo que soube do Pe. Róbson me telefona e convida para rezar para o padre investigado, pois acredita na inocência dele. Alguma vez vi o padre pela TV e me deu boa impressão. Não estou querendo defender ninguém, mas gostaria de tecer alguma consideração a partir deste fato. Geralmente o padre não é bom administrador e deixa tudo na mão de terceiros que não sempre são honestos.
Veja os casos do Vaticano e quem sofre as conseqüências são o Papa e a Igreja toda. Você me disse que isso aconteceu também com Chico Xavier. A história é antiga. O Evangelho nos diz que Judas desviava o dinheiro grupo. Dinheiro este que as mulheres doavam para a manutenção dele e dos discípulos que deixaram tudo para segui-Lo. Outro assunto que se ventila sobre esta questão é porque construir templos enormes e suntuosos quando há tanta pobreza. É verdade e até o Cristo deu mais valor ao homem do que ao templo.
Surge um dilema: Madalena gasta um dinheirão para ungir os pés de Cristo e escandaliza o Judas que diz que aquele dinheiro deveria ser utilizado para os pobres e não ser usado daquele jeito. Cristo interveio e diz: “Deixai-a, pobres vocês sempre tereis” Na igreja sempre tivemos pessoas e movimentos radicais que viveram e pregaram a mais severa pobreza, diria até miséria. Como Francisco de Assis e hoje Charles de Foucauld. Movimentos e pessoas conduzidos pelo Espírito Santo.
Creio que atitude do Divino Mestre permite as duas opções que conviveram com as duas opções ao longo dos séculos. Uma dama quer doar uma perola preciosa para o sacrário deveríamos pedir para ela vender a joia e doar o dinheiro para os pobres ou deixar a dama seguir o próprio coração? Esta mesma consideração não devíamos aplicá-la à construção de igrejas?
Do meu ponto de vista pessoal é preciso ter templos simples e acolhedores para as liturgias e o exercício da pastoral, mas não me sinto de condenar quem, pela gloria de Deus, é impulsionado pelo seu coração, a colocar ouro ou brilhantes para adornar a casa de Deus. Aos tempos que foram construídas as belíssimas e ricas catedrais góticas, românicas ou barrocas também tinham gente pobres e na miséria.
Outra consideração, caro irmão Pastor Ocimar, é que a Justiça é partidária e muda ao sabor do vento da opinião publica, escolhendo a quem deve investigar e punir e preservando os amigos e partidários. Esta é a justiça humana desde sempre e que Isaías comparava com o pano da meretriz. A verdade muitas vezes demora para aparecer. Um dia aparece. Oremos.
* Professor e padre casado