Tribuna Ribeirão
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Pacu não é peixe do mar 

Feres Sabino * 
advogadoferessabino.wordpress.com 
 
A entrevista da ex-deputada Joice Hasselmann, ex-bolsonarista arrependida, concedida ao ICL-Noticiais, canal independente, depois que a Polícia Federal visitou a mansão praieira da “sagrada família”, em Angra dos Reis, faz revelações coincidentes com o que já se sabia através palavra do próprio Presidente, naquela única reunião ministerial que só não envergonhou quem dela participou. O dever da visita, determinada por ordem judicial, aconteceu às 5 horas da manhã, para busca e apreensão de provas, face à descoberta da espionagem paralela (Abin-paralela), que funcionou acoplado ao Gabinete do Ódio, instalado no Palácio do Planalto, durante o governo do pai batizado no Rio Jordão.  
 
Seguramente houve vazamento, pois, o quarteto correu para lanchas, barcos e jet-ski, que estavam na praia, e se projetaram para o mar. Dizem ter câmaras e filmagens do que levaram correndo.  Quando chegaram de volta, alegram que tinham ido pescar. A propósito ainda da deputada, ela foi enfática em afirmar que “Carlos Bolsonaro é um psicopata capaz de tudo”. Teria sido dele a ideia sinistra da espionagem. 
 
No entanto, a alegação da pescaria ganhou forte estranheza, já que ninguém pesca sem vara e nem rede, nem arpão, e o grupo seguramente não conseguiria pescar com as mãos.  Essa impossibilidade ganhou elasticidade no absurdo, quando Carlos declarou que teria saído “para pescar pacu”. 
 
Então, coloca-se necessariamente ressalva na declaração da ex-deputada, arrependida, quando diz ser ele “um psicopata capaz de tudo”. Essa ressalva é relevante já que por mais que ele seja “capaz de tudo”, ele não alcança absolutismo impossível, e a prova disso está na experiência dele como pescador sem vara, sem rede, sem arpão, declarando piamente que “foi pescar pacu no mar”, quando pacu é peixe de água doce, 
 
O fato é que esse recorte simbólico da pescaria sem vara, sem linha, sem arpão, sem nada, constitui o episódio hilário dessa vergonha infamante descoberta pela Polícia Federal, que nada mais é do que o órgão de espionagem do governo anterior, que se denomina “ABIN Paralela”, porque institucionalmente existe a ABIN -Agência Brasileira de Inteligência, como se vê, entregue a bandoleiros. 
 
O ex-presidente, papai generoso, que aparece com os filhos em foto divulgada, com a camiseta trazendo ao peito um nome conhecido de todo mundo, DEUS, para falsificar a aparência da verdade ee se colocar como ajudante, em perpétua campanha eleitoral. Agora, DEUS teria sido contratado, mediante a isenção tributária de igrejas ou pastores evangélicos, como se tivesse acontecido o milagre do retorno, com a escolha do pior lado para enaltecer sua obra da Criação, agora ameaçada de aniquilamento, mediante a democratização da baba venenosa do ódio. 
 
A aquisição dessa tecnologia coincide com o número de mortes matadas, para salvar o Brasil e seus impasses históricos. Foi esse o compromisso público assumido em discurso na Câmara Federal, quando o então deputado federa
l Jair
Bolsonaro, fixou, como programa, 30.000 (trinta mil) pessoas seriam mortas, se um dia, ele fosse alçado ao Poder. Ninguém pode falar que ele não trabalhou por isso.
 
 
Liberou armas, desmontou o que poderia desmontar do Estado brasileiro, usou verbas para os maiores absurdos. A compra e uso dessa tecnologia de espionagem foi adquirido ou alugado, por uma montanha de dinheiro seguramente, que a sociedade ainda não sabe de onde saiu. Certamente, esse valor gigantesco é muito maior do que o valor das joias recebidas como propina da Arábia Saudita, e que enredou alguns militares nessa patranha. O que é certo é que militares estão nessa outra ilegalidade criminosa, porque a ABIN tinha como seu diretor o General Heleno, famosíssimo por suas falas corajosas e não por seus atos sorrateiros, o mesmo cuja “capivara” registra que esteve ao lado daquele militar, no tempo da Presidência do General Geisel, e Ministro da Guerra chamado Silvio Frota, um grosseirão ambicioso, que preparava um golpe quando foi defenestrado pelo Presidente. 
 
A coincidência nessa arte espiã canalha é que teriam sido espionadas 30.000 mil pessoas, políticos, autoridades, jornalistas, amigos e opositores políticos; dizem até que muitos já estavam ao lado do Presidente, mas que mereciam conferência de lealdade. 
 
Essa maneira de coletar informações o ex-Presidente declarou publicamente que o possuía, porque ele não confiava nos órgãos institucionais, para proteger a família e os amigos.  A família e os amigos. 
 
A descoberta dessa ABIN paralela virou notícia internacional. Em Israel sob a liderança de advogados houve petição dirigida ao Ministério Público daquele país, porque a venda ou locação da aparelhagem espiã ofendia o direito internacional. Se não me fala a memória, também direito nacional daquele país fornecedor. 
 
Essa é mais uma podridão lancetada pela Polícia Federal. Dentro dela dois servidores protegidos montaram uma empresa para vender as informações que captavam.  O que é podre gera podridão. 
 
Mas, cuidado, não pensem que um Estado democrata dispensa uma Agência de informação governamental. Mas, é preciso dar lição de patriotismo verdadeiro e ética para os civis que devem dirigi-la. 
 
Pacu é peixe de água doce. Saibam os psicopatas e os não psicopatas. 
 
* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras 

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