Pesquisa realizada pelo SindHosp – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo apurou que 60% dos hospitais privados paulistas da amostra consultada informam que a faixa etária mais frequente dos pacientes internados por Covid-19 em leitos de UTI está acima dos 70 anos. Também na internação em leitos clínicos para covid, 52% dos pacientes têm mais de 70 anos.
O levantamento foi feito no período de 12 a 17 de agosto, com 60 hospitais privados paulistas, sendo 27% da capital e 73% do interior e que somam 2.470 leitos de UTI e 4.762 leitos clínicos. Destes são 1.094 leitos clínicos destinados a pacientes covid e 707 para UTI Covid.
Para o médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, a volta dos idosos aos hospitais é preocupante e pode estar relacionada ao fato de os mais idosos terem tomado a vacina há mais tempo e à queda da imunidade.
“Importante avaliar a necessidade de uma terceira dose de reforço das vacinas atualmente disponíveis”, destaca. O médico observa ainda que os idosos imunizados podem ter voltado um padrão de vida normal sem os devidos cuidados de saúde: máscara, lavagem de mãos e distanciamento social.
Yussif Ali Mere Jr. presidente da Fehoesp e SindRibeirão – Federação estadual e Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto e Região -, alerta que ainda faltam campanhas educativas mais impactantes. “Ribeirão já notificou caso da variante Delta, a cidade registrou seis óbitos e 300 novos casos apenas na quarta-feira, 18 de agosto. É preciso que a sociedade compreenda que o cenário e os números não são considerados seguros. Estudiosos e pesquisadores ainda têm muitas dúvidas sobre a doença, o prazo de imunidade que as vacinas proporcionam, a dose de reforço, as novas ondas, enfim, é um cenário de risco. O aprendizado com todo esse tempo de pandemia permite que as pessoas saibam como transitar, como ir a um supermercado, como cuidar da autoproteção, mas esse cuidado não está flexibilizado e não há prazo para isso”, ressalta.
Ocupação de leitos UTI Covid
Neste levantamento, 71% dos hospitais entrevistados estão com taxa de ocupação de leitos de UTI entre 51% e 70%. Na pesquisa anterior (período de 26/7 a 1/8) eram 42% dos hospitais que registravam ocupação de 51% a 70%. A ocupação de leitos UTI para covid acima de 80% manteve-se inalterada: 2% dos hospitais informam ocupação de UTI Covid acima de 80%.
Maior problema é a falta de profissionais
Metade (50%) dos hospitais aponta como maior problema no enfrentamento à pandemia o afastamento de colaboradores por problemas de saúde; 39% apontam a falta de outros profissionais de saúde e 11% a falta de médicos.
Questionados se o hospital tem encontrado problema na reposição de funcionários, 62% informam que sim.
Pacientes não covid
Questionados se existe uma fila de paciente não covid por conta da demanda reprimida, 55% responderam que sim e 45% que não. E 93% informam que o período de espera é de 15 dias para realizar um procedimento no hospital. Ao mesmo tempo, 70% dos hospitais informam que não houve aumento no agendamento de cirurgias eletivas.
Variante Delta
Na pergunta sobre se o hospital está testando para a variante Delta, 91% responderam que não estão realizando este teste e 9% que sim.