A primeira paciente a usar plasma com anticorpos contra a covid-19 deixou o Hospital Estadual de Serrana na tarde desta terça-feira, 26 de maio, depois de onze dias de internação – em estado considerado grave. O tratamento é pioneiro no combate ao novo coronavírus e é administrado pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, onde as pesquisas estão sendo feitas.
Dona Aparecida Lourdes de Oliveira Ferreira Lima, de 65 anos, recebeu a primeira bolsa de plasma com anticorpos em 16 de abril, um dia depois de ser internada com o Sars-CoV-2, no Hospital Estadual de Serrana, cidade da Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Outras duas bolsas foram infundidas em 18 e 19 de abril. O tratamento teve a duração de 40 dias.
A paciente deixou o hospital ao lado do médico Pedro Garibaldi, responsável pelo atendimento, e do médico e pesquisador do plasma, Gil de Santos. Essa infusão faz parte de pesquisa feita pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP), que pretende tratar 45 pacientes, e pelo Hemocentro, referência em hemoterapia no estado de São Paulo. O plasma foi coletado de pacientes que foram curados da covid-19.
O material será usado em testes experimentais para tratar doentes em estado grave. Segundo o diretor e infectologista Rodrigo Calado, que também é coordenador do estudo, a aplicação de plasma para combater doenças infecciosas não é uma novidade na ciência brasileira, mas o uso é pouco frequente.
O conhecimento adquirido ao longo de pesquisas anteriores favorece a compreensão sobre o efeito dos anticorpos de uma pessoa no organismo de outra. Segundo o diretor, estão em foco dois objetivos: evitar mortes e agilizar o processo de cura para liberação de leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) e de respiradores.
O plasma é a parte líquida do sangue, composto de sais minerais, vitaminas e anticorpos. Os doadores precisam ter confirmado o diagnóstico pelo vírus Sars-Cov-2, responsável pela covid-19, mas também devem estar livres de qualquer sintoma há pelo menos 14 dias. O Hemocentro de Ribeirão Preto continua a captação dos plasma.
Os doadores voluntários que tiveram covid-19 e estão recuperados podem doar entrando em contato pelo telefone 0800 979 6049. No início de abril, quando o plasma começou a ser coletado pelo Hemocentro, Rodrigo Calado explicou que o tratamento funciona como um “transplante de imunidade” de uma pessoa curada da covid-19 para o organismo de alguém que está tentando combater o vírus.
Segundo o coordenador, a aplicação de plasma para combater doenças infecciosas não é uma novidade na ciência brasileira, mas o uso é pouco frequente. Os resultados positivos obtidos nos EUA e na China, países fortemente atingidos pela pandemia, foram promissores e animam os pesquisadores no Brasil.
À época, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que reconhece que o plasma tem potencial de ser uma opção para tratamento da covid-19, mas que o tamanho limitado de amostras e o desenho dos estudos impedem a comprovação definitiva sobre a eficácia. Informou ainda que os estudos clínicos com o plasma para esse fim não precisam ser aprovados pela agência.
Alta médica
O Hospital São Francisco de Ribeirão Preto, que faz parte do Sistema Hapvida, comemorou na sexta-feira (22) mais uma alta médica de um paciente diagnosticado com covid-19. O técnico de enfermagem Danilo Ricardo Laureano, de 37 anos, deu entrada no dia 17 de maio e testou positivo para a doença. Por causa do quadro, foi internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) no mesmo dia, permanecendo até quarta-feira (20), quando foi transferido para a enfermaria. Na sexta-feira, recebeu alta médica.