Depois de décadas sem receber um destes equipamentos, Ribeirão Preto deverá ganhar três novos viadutos, como parte das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, um pacote de investimentos com recursos do Governo Federal que terá investimentos de R$ 310 milhões. Para viabilizar a parceria e os recursos para a contrapartida a Administração Municipal conseguiu empréstimo de R$ 33,4 milhões com o Banco do Brasil. A operação foi aprovada pela Câmara de Vereadores no ano passado.
Dos novos viadutos, dois serão construídos na zona Norte da cidade. Um no cruzamento das avenidas Brasil e Thomaz Alberto Whately e o outro no cruzamento das avenidas Brasil e Mogiana. Este corredor viário é a principal porta de entrada para que transita em cerca de trinta bairros da região Norte e Leste, de municípios da região, como Franca e Orlândia e de outros estados como Minas Gerais e Goiás.
Já o terceiro viaduto será implantado na região central interligando as avenidas Francisco Junqueira e Maria de Jesus Condeixa. O custo dos novos equipamentos é estimado pela prefeitura em R$ 61 milhões. Eles estão em fase de licitação. Atualmente a Prefeitura de Ribeirão Preto está licitando mais dez obras do Programa de Aceleração do Crescimento no valor total de R$ 141.713.821,10.
Para o secretário municipal de Obras Públicas, Pedro Pegoraro, as obras do PAC da Mobilidade são fundamentais para a cidade, pois permitirão maior fluidez em regiões onde o trafego de veículos apresentam graves problemas. “O objetivo do governo é executá-las o mais rapidamente possível”, afirma. Nos últimos 20 anos, a frota de veículos registrada em Ribeirão Preto cresceu 148%, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), passando de 215.043 automóveis em 1997 para 544.914 no final de 2018. Veja nesta página outras obras do PAC.
Quatro viadutos
Atualmente Ribeirão Preto possui em seu perímetro urbano quatro viadutos, sendo dois na zona Norte: o Papa João Paulo II, que interliga os bairros Quintino Facci I e Quintino Facci II e o localizado na via Norte sobre a avenida Thomaz Alberto Whately. Outros dois ficam na região central da cidade: o Jandyra de Camargo Moquenco que fica sobre a avenida Francisco Junqueira e interliga as avenidas Independência e Meira Júnior e o viaduto Ayrton Senna, que interliga as avenidas Nove de Julho e Costábile Romano.
Trevão é a maior obra pública de Ribeirão Preto
O Complexo Waldo Adalberto da Silveira, o Trevão, é considerado o maior entroncamento viário do Brasil e a maior obra pública de Ribeirão Preto. Inaugurado em dezembro de 2014 o projeto nasceu quando se constatou que a antiga estrutura – uma rotatória com 420 metros de diâmetro, construída em 1972 – havia se tornado obsoleta perante o crescimento populacional e de tráfego da região.
A construção de 20 alças de acesso, oito viadutos e uma passarela com aproximadamente 500 metros é considerado a principal “porta de entrada” de Ribeirão Preto, interligando as rodovias Anhanguera (SP-330), Abrão Assed (SP-333), Antônio Machado Sant’Anna (SP-255) e a avenida Castelo Branco. Segundo o governo de São Paulo, passam pelo local cerca de 9 mil veículos por hora.
Associação Comercial quer amenizar impactos das obras
A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) entregou à Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, um ofício com propostas para amenizar os impactos das obras do Programa Ribeirão Mobilidade. As sugestões foram elaboradas após estudos realizados pelo Núcleo de Acompanhamento ao Plano Diretor e suas Leis Complementares da ACIRP e depois de reuniões com empresários das regiões onde as obras serão realizadas.
“Entendemos que essas obras podem beneficiar muitas pessoas ao melhorar a fluidez do trânsito e reduzir o tempo de deslocamento de quem utiliza o transporte coletivo, mas é importante que a Prefeitura atue para reduzir o impacto dessas mudanças para os empresários que investiram nessas regiões, geram empregos e cujas famílias dependem desses negócios”, afirma Dorival Balbino, presidente da ACIRP.
A entidade também sugere implementar a Área Azul nas vias perpendiculares das avenidas Dom Pedro I, Saudade, São Paulo; estabelecer que o tráfego nos corredores de ônibus seja apenas nos horários de pico; e planejar horários alternativos de carga e descarga das empresas.
A ACIRP ainda propõe iniciar as obras dos corredores de ônibus pelas localidades onde existe predominância do uso habitacional ou de serviços não comerciais, a fim de que no período natalino a região onde se concentra o uso comercial não seja tão afetada com o canteiro de obras. “Por exemplo, as obras da Avenida Dom Pedro I poderiam iniciar-se pela avenida Luiz Galvão Cesar; já na avenida Saudade, as obras poderiam iniciar-se por seu final, na avenida Brasil”, cita Balbino.
Outra sugestão é transformar as ruas André Rebouças e Maranhão em vias auxiliares da Dom Pedro, com semáforos inteligentes que a transformem em via coletora (onda verde), a fim de canalizar os veículos no sentido Centro-Bairro e vice-versa e que não tem como destino a avenida Dom Pedro e suas perpendiculares.
A rua São Paulo também poderia ser transformada em via coletora para canalizar os veículos no sentido Centro Bairro até a rua Romeu Ceoloto, onde ocorreria a ligação com a avenida Saudade. Além disso, poderia ser analisada a viabilidade da interligação das ruas São Paulo e Taubaté, com as necessárias desapropriações e construção de ponte.
Mudança de nome após denúncias contra Sarney
Em 2009 denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB) levou a Câmara de Ribeirão Preto a alterar o nome de um viaduto que homenageava o político maranhense.
Inaugurado em 1986, pelo então prefeito João Gilberto Sampaio ele fica sobre a avenida Francisco Junqueira e interliga as avenidas Independência e Meira Júnior na região central de Ribeirão Preto.
Aprovada em 2009, a lei que propôs a mudança foi embasada em acusações apresentadas nacionalmente contra Sarney. As denúncias apontavam que ele nomeou parentes para o Senado e usou atos secretos para conceder benefícios e aumentar salários.
Entretanto, a mudança só foi efetivada de fato em 2016, quando a ex-prefeita Dárcy Vera, publicou em 17 de junho daquele ano, decreto oficializando a alteração do nome. Com a decisão, o viaduto passou a se chamar Jandyra de Camargo Moquenco, ex-diretora do então jornal “A Cidade”, que morreu em 2009.
João Gilberto Sampaio, prefeito da cidade entre 1983 e 1988 disse quando a Câmara aprovou a alteração que “talvez fizesse o mesmo”. “Naquela época, anos oitenta, o Sarney estava no auge e ia relativamente bem”, disse à imprensa. Já o ex-presidente José Sarney também afirmou que não comentaria o caso por se tratar de decisão “soberana da Câmara de Ribeirão”. O ex-presidente sempre negou ter recebido propina ou praticado crimes de corrupção.
O insólito desta história é que o autor do projeto de lei para a mudança do nome do viaduto foi o então vereador Walter Gomes, na época no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Uma de suas argumentações na proposta de lei foi a de que não seria justo um político envolvido em denúncias continuar “sujando” o nome da cidade.
Ex-presidente da Câmara até 2016, Walter Gomes é acusado pelo Ministério Público na Operação Sevandija de receber propina no governo da ex-prefeita Dárcy Vera para facilitar a aprovação de projetos de lei de interesse da então administração municipal. Atualmente depois de ficar quase dois anos preso na Penitenciária de Tremembé (SP) ele responde ao processo em liberdade. Ele sempre negou a participação em corrupção.
Outras obras do Programa de Aceleração do Crescimento
Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto
Obras concluídas
Ponte interligando a Rua José Bonifácio à Rua Paraíba;
Ponte interligando a Rua Tamandaré à Rua Visconde de Inhaúma;
Ponte interligando a Rua Barão do Amazonas à Rua Benjamin Constant.
Obras em execução
Duplicação da Avenida Antônia Mugnatto Marincek
Obras em fase de licitação
Corredor de ônibus na Avenida Dom Pedro
Corredor de ônibus na Avenida Saudade e Rua São Paulo
Adequação viária na Avenida Nove de Julho com a Avenida Portugal
Adequação viária nas avenidas Presidente Vargas e Diederichsen
Viaduto entre as avenidas Brasil, Thomaz Alberto Whately
Viaduto entre as avenidas Brasil e Mogiana
Construção de ponte sobre o córrego Retiro Saudoso na Avenida Maria de Jesus Condeixa
Extensão da avenida Coronel Fernando Ferreira Leite, que ligará a Avenida. Eduardo de Gasperi Consoni à Avenida Caramuru
Desenvolvimento de estudos de tráfego, estudos preliminares e projetos executivos completos para obras viárias de ciclo faixas, ciclovias e terminal de ônibus
Engenharia para implantação do projeto de canalização do córrego dentro do canteiro central, pavimentação, drenagem, abastecimento de água e esgoto na Avenida Coronel Fernando Ferreira Leite
Construção de ponte sobre o córrego Ribeirão Preto entre a Avenida Fabio Barreto com a Rua Pompeu de Camargo
Ciclovias na Avenida Octavio Golfeto e Francisco Maggioni – trecho Leste x Oeste – 26,2Km e trecho Leste x Oeste – 28,5Km
Duplicação e prolongamento da Avenida Dina Rizzi entre a Rua José Antonio Pantoglio e rua Dr. Waldo Silveira
Obras previstas
Corredor de ônibus Norte – Sul com ciclovia
Corredor de ônibus na Avenida Presidente Vargas
Corredor de ônibus na Avenida Costábile Romano
Corredor de ônibus na Avenida Castelo Branco
Corredor de ônibus na Avenida do Café
Corredor Quadrilátero Central nas avenidas Francisco Junqueira e Jerônimo Gonçalves
Ciclovia na Avenida Saudade
Trincheira entre as avenidas Independência e Presidente Vargas
Trincheira entre as avenidas Antônio Diederichsen com a Presidente Vargas
Viaduto entre as avenidas Jerônimo Gonçalves e Francisco Junqueira
Fotos: JF Pimenta