As obras viárias do Programa Ribeirão Mobilidade, em execução na cidade, são consideradas importantes pela maioria da população para garantir o futuro da mobilidade urbana. No total serão cerca de 50 obras com investimentos de aproximadamente R$ 500 milhões que farão mudanças em importantes artérias viárias do município.
Entretanto, elas têm sido muito criticadas porque várias começaram a ser realizadas simultaneamente. Quatro delas foram paralisadas, o que tem causado problemas ao já complicado trânsito ribeirão-pretano. A cidade tem cerca de seiscentos mil veículos.
Em agosto a Prefeitura rescindiu o contrato com a construtora Coesa por descumprimento de cláusulas contratuais nas obras de dois corredores de ônibus que estavam sendo implantados nas avenidas Dom Pedro I, no Ipiranga e Saudade/Rua São Paulo, no bairro Campos Elíseos.
A rescisão foi decidida porque a construtora não estava realizando as obras conforme previsto no contrato e por ter paralisado os trabalhos.
Também foram rescindidas as obras de dois viadutos em construção na avenida Brasil, na região Norte da cidade, e de um túnel localizado na avenida Nove de Julho, na região central. As obras eram realizadas pela Construtora Contersolo.
O primeiro viaduto em construção fica no cruzamento da avenida Brasil e teve as obras iniciadas em novembro de 2019. Pelo contrato a previsão de conclusão era de 14 meses. Portanto, deveria ter sido concluído em janeiro deste ano.
O segundo viaduto, sobre a avenida Thomaz Alberto Whately foi iniciado em abril do ano passado. A previsão inicial era que ficasse pronto em 14 meses. Ou seja, em maio deste ano. A empresa também era responsável pela construção do túnel que deverá ligar as avenidas Independência e Presidente Vargas, passando por baixo da avenida Nove de Julho.
A obra em um dos cruzamentos mais movimentados de Ribeirão Preto implicará na escavação de 180 metros de um túnel em um cruzamento que, em horários de pico, atingia um fluxo de cerca de três mil veículos.
Entidades criticam atraso nas obras
Apesar de considerarem as obras viárias importantes, a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e o Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) consideram que o início simultâneo de parte delas e o atraso em várias causaram sérios problemas para os setores produtivos e ao trânsito da cidade.
Problemas estes, que se agravaram em função das festas de final de ano. Período em que os setores produtivos, que até pouco tempo estavam paralisados, estão tentando minimizar os efeitos da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus.
Segundo José Manuel Lourenço, coordenador de Relações Institucionais da Acirp, a entidade avalia positivamente as obras do Ribeirão Mobilidade, sobretudo pela possibilidade de fazer com que o ribeirão-pretano possa se movimentar melhor e mais rapidamente pela cidade. Para ele, no entanto, o problema é o que deve ser feito até que as obras fiquem prontas.
“Desde o final de 2018, a Acirp tem deixado bastante claro, para a cidade e a Administração Municipal, que obras desta dimensão – e de impacto significativo e desconhecido -, deveriam ser melhores discutidas com a sociedade e, em especial, com o setor produtivo. Isso, infelizmente, não aconteceu e, provavelmente, grande parte dos problemas enfrentados hoje na cidade em relação ao Ribeirão Mobilidade poderiam ter sido evitados. Não se chama para discutir algo que já está posto e que já não comporta mudanças. A Acirp sempre vai se pautar por relações marcadas pela horizontalidade, jamais pela verticalidade”, afirma.
A entidade reivindica que a Administração Municipal aprimore o diálogo existente de forma que se discutam situações que ainda possam ser alteradas na implementação das obras viárias. “Os atrasos têm atrapalhado demais o fluxo normal dos negócios. Temos informações de que, em casos extremos, a queda nas vendas em algumas áreas da região da avenida Brasil chegou a 70%. Em média, as empresas localizadas ao lado de obras paradas, como o trecho entre as duas pontes nas avenidas Mogiana e Thomaz Alberto Whatelly e nas avenidas Dom Pedro I e Saudade tiveram queda de 30% nas vendas”, afirma.
O Sindicato do Comercio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) também tem discurso semelhante. Para Paulo César Garcia Lopes, presidente da entidade e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), as obras são importantes para a mobilidade dos ribeirão-pretanos. E do ponto de vista do comércio varejista, quanto maior a mobilidade, maior o fluxo de pessoas nos corredores comerciais, já que atrairia consumidores e faria aumentar as vendas.
Porém, ele argumenta que tudo o que atrapalha o ir e vir das pessoas e o trânsito, também afeta o fluxo de consumidores nos corredores comerciais da cidade. “É preciso que as obras de mobilidade sejam aceleradas e concluídas o mais rápido possível, ainda mais nesse momento crucial de retomada do Varejo. Não precisamos de mais fatores que atrapalhem, precisamos de ações que facilitem a recuperação do comércio que foi um dos setores mais atingidos pela pandemia”, afirma.
Atraso nas obras gera prejuízo para 77,5% dos empresários
Empresários de Ribeirão Preto relatam prejuízos em seus negócios durante as obras dos corredores de ônibus, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento II (PAC) da Mobilidade Urbana, situação agravada com o atraso e paralisação das obras.
A pesquisa foi realizada pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) nos meses de agosto e setembro com objetivo de entender o impacto causado pelas intervenções para a construção dos corredores de ônibus para os setores de comércio, indústria e serviços.
A análise foi feita a partir das respostas de 158 empresários, sendo 31,6% de Microempresas, 25,8% de Microempreendedores Individuais (MEIs), 20,6% de Empresas de Pequeno Porte (EPP) e 21,9% não especificados.
Segundo o levantamento da Acirp, 72,6% dos entrevistados afirmaram que a condução de seus negócios foi prejudicada pelas obras. Já em relação ao atraso, 77,5% relataram impacto negativo e queda nas vendas e prestação de serviços.
Os principais motivos apontados pelos empresários foram a dificuldade de acesso dos clientes/pedestres às lojas (39,4%) e a dificuldade de acesso viário (37%). Os comerciantes foram os que mais sentiram, principalmente do segmento de roupas e calçados (20,6%), seguido pelo setor de serviços, sobretudo bares e restaurantes (11,6%).
Túnel da Avenida Presidente Vargas
Valor inicial do contrato: R$ 19.882.700,02.
Início: agosto de 2020.
Já realizado: 14%.
Situação atual: obra parada: contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.
Viaduto Avenida Thomaz Alberto Whately
Valor inicial do contrato: R$ 13.284.955,62.
Início: abril de 2020.
Já realizado: 44%.
Situação atual: obra parada – contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.
Viaduto Avenida Mogiana
Valor inicial do contrato: R$ 19.870.000,00.
Início: novembro de 2019.
Já realizado: 62%.
Situação atual: obra parada – contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.
Corredores de ônibus: Avenida Pedro II, Avenida Saudade/Rua São Paulo
Valor inicial do contrato: R$ 39.740.679,60.
Início: janeiro de 2020.
Já realizado: 50%.
Situação atual: obra parada – contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.
Corredor de ônibus da Presidente Vargas
Local: avenida Presidente Vargas.
Valor inicial do contrato: R$ 13,6 milhões.
Início: agosto de 2020.
Já realizado: 31%.
Situação atual: em execução.
Previsão de término – em 2022
Corredores de ônibus Norte Sul
Valor contratado – R$ 78,6 milhões.
Extensão: é dividido em quatro trechos – avenidas Independência, Meira Júnior, Cavalheiro Paschoal Innecchi, Mogiana, Thomaz Alberto Whately e Antônia Mugnatto Marincek, Independência e Presidente Vargas.
Corredor Norte Sul – Trecho 1
Local: avenidas Antonia Mugnatto Marincek, Thomaz Alberto Whately e Recife.
Valor inicial do contrato: R$ 23.997.875,14.
Início: janeiro de 2021.
Situação atual: 34% concluído.
Previsão de término: segundo semestre de 2022.
Corredor Norte Sul – Trechos 2 e 3
Local: avenidas Independência, Meira Júnior, Cavalheiro Paschoal Innecchi e Mogiana.
Valor inicial do contrato: R$ 36.376.686,65.
Início: agosto de 2020.
Já realizado: 50%.
Situação atual: em execução.
Previsão de término: segundo semestre de 2022.
Corredor Norte Sul – Trecho 4
Local: avenida Lígia Latuf Salomão, Braz Olaia Acosta e Coronel Fernando Ferreira Leite.
Previsão de custo: R$ 18.500.346,92.
Situação atual: esperando licitação.