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Os impactos das obras viárias em RP

FOTOS: ALFREDO RISK

As obras viárias do Pro­grama Ribeirão Mobilidade, em execução na cidade, são consideradas importantes pela maioria da população para garantir o futuro da mobili­dade urbana. No total serão cerca de 50 obras com inves­timentos de aproximadamen­te R$ 500 milhões que farão mudanças em importantes artérias viárias do município.

Entretanto, elas têm sido muito criticadas porque várias começaram a ser realizadas si­multaneamente. Quatro delas foram paralisadas, o que tem causado problemas ao já com­plicado trânsito ribeirão-preta­no. A cidade tem cerca de seis­centos mil veículos.

Obras paralisadas causam transtornos aos motoristas e pedestres

Em agosto a Prefeitura res­cindiu o contrato com a cons­trutora Coesa por descumpri­mento de cláusulas contratuais nas obras de dois corredores de ônibus que estavam sendo im­plantados nas avenidas Dom Pedro I, no Ipiranga e Sauda­de/Rua São Paulo, no bairro Campos Elíseos.

A rescisão foi decidida por­que a construtora não estava realizando as obras conforme previsto no contrato e por ter paralisado os trabalhos.

Também foram rescindidas as obras de dois viadutos em construção na avenida Brasil, na região Norte da cidade, e de um túnel localizado na avenida Nove de Julho, na região central. As obras eram realizadas pela Construtora Contersolo.

O primeiro viaduto em construção fica no cruzamento da avenida Brasil e teve as obras iniciadas em novembro de 2019. Pelo contrato a previsão de con­clusão era de 14 meses. Portan­to, deveria ter sido concluído em janeiro deste ano.

O segundo viaduto, sobre a avenida Thomaz Alberto Wha­tely foi iniciado em abril do ano passado. A previsão inicial era que ficasse pronto em 14 meses. Ou seja, em maio deste ano. A empresa também era respon­sável pela construção do túnel que deverá ligar as avenidas Independência e Presidente Vargas, passando por baixo da avenida Nove de Julho.

A obra em um dos cruza­mentos mais movimentados de Ribeirão Preto implicará na escavação de 180 metros de um túnel em um cruzamento que, em horários de pico, atin­gia um fluxo de cerca de três mil veículos.

Entidades criticam atraso nas obras
Apesar de considerarem as obras viárias importantes, a As­sociação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e o Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) consideram que o início simultâ­neo de parte delas e o atraso em várias causaram sérios proble­mas para os setores produtivos e ao trânsito da cidade.

Problemas estes, que se agra­varam em função das festas de final de ano. Período em que os setores produtivos, que até pouco tempo estavam paralisa­dos, estão tentando minimizar os efeitos da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus.

Segundo José Manuel Lourenço, coordenador de Relações Ins­titucionais da Acirp, a entidade avalia positivamente as obras do Ribeirão Mobilidade, sobretudo pela possibilidade de fazer com que o ribeirão-pretano possa se movimentar melhor e mais rapi­damente pela cidade. Para ele, no entanto, o problema é o que deve ser feito até que as obras fiquem prontas.

“Desde o final de 2018, a Acirp tem deixado bastante claro, para a cidade e a Adminis­tração Municipal, que obras desta dimensão – e de impacto significativo e desconhecido -, deveriam ser melhores discu­tidas com a sociedade e, em especial, com o setor produtivo. Isso, infelizmente, não aconte­ceu e, provavelmente, grande parte dos problemas enfrenta­dos hoje na cidade em relação ao Ribeirão Mobilidade poderiam ter sido evitados. Não se chama para discutir algo que já está posto e que já não comporta mudanças. A Acirp sempre vai se pautar por relações marcadas pela horizontalidade, jamais pela verticalidade”, afirma.

A entidade reivindica que a Ad­ministração Municipal aprimore o diálogo existente de forma que se discutam situações que ainda possam ser alteradas na imple­mentação das obras viárias. “Os atrasos têm atrapalhado demais o fluxo normal dos negócios. Temos informações de que, em casos extremos, a queda nas vendas em algumas áreas da região da avenida Brasil chegou a 70%. Em média, as empresas localizadas ao lado de obras paradas, como o trecho entre as duas pontes nas avenidas Mo­giana e Thomaz Alberto Whatelly e nas avenidas Dom Pedro I e Saudade tiveram queda de 30% nas vendas”, afirma.

O Sindicato do Comercio Vare­jista de Ribeirão Preto (Sinco­varp) também tem discurso semelhante. Para Paulo César Garcia Lopes, presidente da entidade e da Câmara de Diri­gentes Lojistas (CDL), as obras são importantes para a mobili­dade dos ribeirão-pretanos. E do ponto de vista do comércio vare­jista, quanto maior a mobilidade, maior o fluxo de pessoas nos corredores comerciais, já que atrairia consumidores e faria aumentar as vendas.

Porém, ele argumenta que tudo o que atrapalha o ir e vir das pessoas e o trânsito, também afeta o fluxo de consumidores nos corredores comerciais da ci­dade. “É preciso que as obras de mobilidade sejam aceleradas e concluídas o mais rápido possí­vel, ainda mais nesse momento crucial de retomada do Varejo. Não precisamos de mais fatores que atrapalhem, precisamos de ações que facilitem a recupe­ração do comércio que foi um dos setores mais atingidos pela pandemia”, afirma.

Atraso nas obras gera prejuízo para 77,5% dos empresários
Empresários de Ribeirão Preto relatam prejuízos em seus negócios durante as obras dos corredores de ônibus, que fazem parte do Progra­ma de Aceleração do Crescimento II (PAC) da Mobilidade Urbana, situação agravada com o atraso e paralisação das obras.

Comerciantes e empresários reclamam de prejuízos

A pesquisa foi realizada pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) nos meses de agosto e setembro com objetivo de entender o impacto causado pelas intervenções para a construção dos corredores de ônibus para os setores de comér­cio, indústria e serviços.

A análise foi feita a partir das respostas de 158 empresários, sendo 31,6% de Microempresas, 25,8% de Microempreendedores Individuais (MEIs), 20,6% de Em­presas de Pequeno Porte (EPP) e 21,9% não especificados.

Segundo o levantamento da Acirp, 72,6% dos entrevistados afirmaram que a condução de seus negócios foi prejudicada pelas obras. Já em relação ao atraso, 77,5% relataram impacto negativo e queda nas vendas e prestação de serviços.

Os principais motivos apontados pelos empresários foram a dificul­dade de acesso dos clientes/pedes­tres às lojas (39,4%) e a dificuldade de acesso viário (37%). Os comer­ciantes foram os que mais sentiram, principalmente do segmento de roupas e calçados (20,6%), seguido pelo setor de serviços, sobretudo bares e restaurantes (11,6%).

Túnel da Avenida Presidente Vargas


Valor inicial do contrato: R$ 19.882.700,02.
Início: agosto de 2020.
Já realizado: 14%.
Situação atual: obra parada: contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.

Viaduto Avenida Thomaz Alberto Whately


Valor inicial do contrato: R$ 13.284.955,62.
Início: abril de 2020.
Já realizado: 44%.
Situação atual: obra parada – contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.

Viaduto Avenida Mogiana


Valor inicial do contrato: R$ 19.870.000,00.
Início: novembro de 2019.
Já realizado: 62%.
Situação atual: obra parada – contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.

Corredores de ônibus: Avenida Pedro II, Avenida Saudade/Rua São Paulo


Valor inicial do contrato: R$ 39.740.679,60.
Início: janeiro de 2020.
Já realizado: 50%.
Situação atual: obra parada – contrato rescindido pela prefeitura.
Previsão de término: sem previsão – será feita nova licitação.

Corredor de ônibus da Presidente Vargas


Local: avenida Presidente Vargas.
Valor inicial do contrato: R$ 13,6 milhões.
Início: agosto de 2020.
Já realizado: 31%.
Situação atual: em execução.
Previsão de término – em 2022

Corredores de ônibus Norte Sul
Valor contratado – R$ 78,6 milhões.
Extensão: é dividido em quatro trechos – avenidas Independência, Meira Júnior, Cavalheiro Paschoal Innecchi, Mogiana, Thomaz Alberto Whately e Antônia Mugnatto Marincek, Independência e Presidente Vargas.

Corredor Norte Sul – Trecho 1


Local: avenidas Antonia Mugnatto Marincek, Thomaz Alberto Whately e Recife.
Valor inicial do contrato: R$ 23.997.875,14.
Início: janeiro de 2021.
Situação atual: 34% concluído.
Previsão de término: segundo semestre de 2022.

Corredor Norte Sul – Trechos 2 e 3


Local: avenidas Independência, Meira Júnior, Cavalheiro Paschoal Innecchi e Mogiana.
Valor inicial do contrato: R$ 36.376.686,65.
Início: agosto de 2020.
Já realizado: 50%.
Situação atual: em execução.
Previsão de término: segundo semestre de 2022.

Corredor Norte Sul – Trecho 4
Local: avenida Lígia Latuf Salomão, Braz Olaia Acosta e Coronel Fernando Ferreira Leite.
Previsão de custo: R$ 18.500.346,92.
Situação atual: esperando licitação.

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