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Os fascistas nos roubaram os símbolos pátrios

Confesso que já estou ficando envergonhado do verde-amarelo e dos nossos símbolos nacionais. Logo eu que durante toda a minha vida de pro­fessor ensinei aos meus alunos o respeito que se deve ter por tudo aquilo que representa a coletividade de irmãos e os valores da nossa identidade. Os fascistas apoiadores de Bolsonaro se apropriaram, sequestraram, captu­raram e nos roubaram os símbolos pátrios. Mas não foi assim também que aconteceu com a Alemanha nazista e com a Itália fascista?

Quantas vezes empunhamos a bandeira nacional para torcer pelo Brasil nos jogos da Copa… Agora vestir essas camisas nos causa arre­pios. Por quê? Porque os camisas amarelas de hoje são os que foram os camisas negras de Mussolini e de Hitler, os camisas azuis de Franco e os camisas verdes de Plínio Salgado. Os ataques aos enfermeiros (as) e aos profissionais da imprensa em Brasília e as manifestações pelo fechamen­to do Congresso e do Supremo foram feitos por bolsonaristas empu­nhando bandeiras nacionais e vestindo verde-amarelo.

Sua agressividade é extrema. Eles vêm se manifestando desde a campanha eleitoral e são incentivados pelo próprio presidente e por seus filhos. A “arminha” feita com os dedos é um símbolo claro desse espírito bélico, além de inúmeros outros gestos e falas repletos de exaltação à intolerância, ao ódio, à violência e à destruição, inclusive física, dos que são considerados inimigos.

Agora, com a pandemia, eles têm se mostrado ainda mais intoleran­tes. Uns acham que é porque estão se sentindo acuados e se desesperam, com medo das acusações de Moro e tentando impedir na marra um processo de impeachment. Outros atribuem toda esta virulência ao fato de estarem sozinhos nas ruas e por isso acharem que está próximo o momento em que irão impor sua agenda antidemocrática, derrubando as instituições e dando mais poderes ao presidente.

O aumento das manifestações dos apoiadores de Bolsonaro em plena pandemia, motorizadas ou não, e o alto nível de violência verbal e física contra os adversários são parte de seu projeto de “tomada do poder” e destruição do “sistema” que estaria impedindo o pleno exercício do governo por ele. O que os bolsonaristas querem é radicalizar o ambiente político, acirrar os ânimos, agitar as ruas, provocar confrontos e estabe­lecer uma situação caótica de crise econômica, política e social.

Mas quem são estes que se vestem de verde-amarelo e vão às ruas vociferando contra os poderes da República e a favor da ditadura? Gran­de parte deles é de evangélicos fundamentalistas fanatizados e integran­tes ativos ou inativos das forças policiais e armadas. Bolsonaro conta com eles para destruir o sistema vigente e construir uma “nova ordem”, segundo os ensinamentos do astrólogo Olavo de Carvalho, guia político do presidente, de seus filhos e alguns ministros e assessores.

É um projeto eminentemente fascista. Para ele, Bolsonaro precisa de uma massa de fiéis e fanáticos seguidores, apoiados por militantes armados que lhes assegurem vantagem no confronto — daí os incentivos ao armamento legal pelas milícias disfarçadas em clubes de caça e de tiro. Precisa também que as forças policiais estejam ao seu lado e que as forças armadas optem em apoiá-lo na “guerra santa” contra os comunis­tas — que, para os seus apoiadores não são só os da esquerda, mas todos que se opõem ao mito e a seus desígnios, mesmo estando à direita no espectro político.

Evangélicos fundamentalistas e milicianos negam os riscos da pandemia, ignoram a ciência, vão às ruas para mostrar apoio ao projeto político da extrema-direita. Bradam contra a corrupção, ignorando que ela existe na família Bolsonaro. São contra a “velha política”, fingindo que não sabem quem foi o deputado Bolsonaro e de seus atuais entendi­mentos com o “centrão”. Defendem princípios religiosos, contraditórios não só com os valores e atitudes de Bolsonaro, como a violência e os preconceitos que ele defende.

Democratas de todas as matizes, estejam alertas e preparados. O pior está por vir.

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