Tribuna Ribeirão
Esportes

Os efeitos do coronavírus no esporte

VINCENZO PINTO/AFP

A pandemia do novo coro­navírus, a covid-19, está assom­brando o mundo. Com mais de dez mil mortes confirmadas e mais de 244 mil casos de con­taminação registrados ao redor do planeta, o momento foi clas­sificado pelo presidente ameri­cano Donald Trump como o mais difícil depois da Segunda Guerra Mundial.

O impacto no mundo es­portivo segue a mesma pro­porção. Com praticamente to­das as modalidades suspensas, o esporte sofre uma de suas maiores recessões da história.

Os reflexos da pandemia estão sendo sentidos em to­das as esferas. Tudo está pa­rado. Em Ribeirão Preto, por exemplo, Comercial e Bota­fogo anunciaram no começo da semana a dispensa de seus jogadores e a suspensão das atividades nos clubes.

Todas as modalidades que são de responsabilidade da Prefeitura também foram sus­pensas. Segundo o secretário de Esportes, Ricardo Aguiar, as medidas tomadas foram necessárias.

“A suspensão das modali­dades de responsabilidade da Secretaria Municipal de Espor­tes foi feita com base no decre­to e como medida de preven­ção. Foi uma ação necessária, seguindo as orientações dos órgãos competentes. Vamos suspender as atividades e tam­bém orientar todos os atletas”, afirmou Aguiar.

Brasileiros pelo mundo

Embora no Brasil o vírus ainda esteja em desenvolvi­mento, em outros países, a pan­demia já é uma realidade. Na Itália, país com maior número de mortos por covid-19, o caos está instaurado.

De lá, o jogador brasileiro Álvaro Iuliano, 28 anos, que defende as cores do Catanza­ro, clube que integra a terceira divisão do futebol italiano, re­latou os dias de terror que tem vivido na Europa.

“Estamos há 10 dias em casa. Tudo está fechado, não tem ninguém nas ruas. Os ca­sos estão aumentando a cada dia, tomara que isso passe logo”, contou Álvaro.

“Aqui o pessoal demorou muito para levar o vírus a sério, então se espalhou muito rápi­do. É uma situação estranha até cair à ficha. A gente pensa que isso nunca vai acontecer perto de nós, mas quando a coisa foi realmente ficando séria eu me toquei. Corremos um risco muito grande”, concluiu o joga­dor formado nas categorias de base do Botafogo-SP.

Dos Estados Unidos, a ri­beirão-pretana Miguianne Boldrin, 26 anos, jogadora de futebol da Universidade Cente­nary College, localizada na ci­dade de Shreveport, no estado de Louisiana, afirmou que por lá a situação já é mais extrema.

“A situação aqui é mais ex­trema do que no Brasil, os nú­meros são maiores e com tudo que está acontecendo nada está funcionando. A faculdade está parada, estamos tendo aulas online. Academias, campos, parques, não tem ninguém. Infelizmente as medidas toma­das são ficar em casa e tentar se prevenir ao máximo”, afirmou.

“Os mercados aqui não tem mercadoria. O pessoal em uma tentativa de se preparar para o pior, foi às compras e não terá reposição tão cedo. Todos os pontos de passagens que eles poderiam fechar para as pesso­as não ficarem transitando eles fecharam. A situação está críti­ca e eu espero que os brasileiros não deixem chegar a este pon­to, acompanho o Brasil e não se compara o que estamos viven­do aqui”, alertou a jogadora.

Competições paralisadas

Ao redor do mundo, as principais competições e eventos esportivos foram sus­pensos ou cancelados. Pre­mier League, La Liga, Uefa Champions League, Liberta­dores, NBA, Fórmula 1, Copa América e Eurocopa são to­dos exemplos de campeonatos que tiveram sua continuidade afetada pelo coronavírus.

COI vai à contramão do mundo e mantém data dos Jogos Olímpicos de Tóquio

Com todas as paralisações, somente no futebol, estimasse que o prejuízo deva girar em torno de 7,5 bilhões de euros. Já na NBA, em caso de não continuidade da temporada, o prejuízo estimado pode chegar aos 2 bilhões de dólares.

Em contrapartida, na con­tramão do mundo, o COI (Co­mitê Olímpico Internacional) mantém sua programação de realizar os Jogos Olímpicos de Tóquio na data prevista, entre os dias 9 de julho e 24 de agos­to. O COI reconhece que o ce­nário é sem precedentes, mas não acredita ser momento para decisões drásticas, como um adiamento ou cancelamento.

Jogadores infectados

Nem mesmo os atletas, que normalmente tem cui­dados maiores com a saúde, conseguiram escapar da po­tência do novo coronavírus. Alguns nomes conhecidos no mundo da bola testaram po­sitivos para a doença.

O meio-campista francês Blaise Matuidi, da Juventus, é um deles. Rugani, também da Juve, é outro que está doente. Somando os outros casos con­firmados, ao menos mais de 40 jogadores de futebol contraí­ram a covid-19.

A brasileira Miguianne Boldrin, 26 anos, mostra as prateleiras vazias em supermercado nos Estados Unidos

Na NBA, grandes nomes da liga também testaram po­sitivo. O nome mais expressi­vo é o de Kevin Durant, astro do Brooklyn Nets. Outros três atletas dos Nets também estão doentes.

Os jogadores do Utah Jazz Rudy Gobert e Donovan Mit­chell foram os primeiros atletas infectados. No Brasil, apenas um esportista foi confirmado com a doença. É o caso do pivô do Paulistano, equipe que dis­putada o NBB (Novo Basquete Brasil), Maique.

Ainda sem prazo para nor­malização das atividades, o mundo do esporte aguarda de forma apreensiva quais serão os próximos passos. Até que tudo seja resolvido, é necessá­rio que a população colabore e siga as medidas preventivas adotadas por cada local.

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