Sou um leitor voraz, há muitos anos que a leitura é minha companheira diária. Minhas escolhas são variadas: livros atuais (estou relendo “História da Riqueza no Brasil”), de história (acabei de ler o ótimo “Guerras Europeias e Revoluções Americanas”), biografias, romances nacionais e estrangeiros. Entretanto, entre bons livros não dispenso uma boa literatura policial. Sua leitura me fascina, me descansa e através dela cultivo minha admiração por vários detetives.
O primeiro deles, como não poderia deixar de ser, é Sherlock Holmes. Vivendo numa Inglaterra vitoriana, depressivo, sombrio, espantando seus fantasmas com seu violino ou uma dose de cocaína, dedicado a seu amigo Watson, usa da dedução para, numa atitude cerebrina, desvendar o crime. Mantém sempre sua vestimenta clássica, onde se destacam a capa, a lupa e seu cachimbo.
Depois, vem Hercule Poirot, genial criação de Agatha Christie, a Dama do Crime. Pedante, sempre vestido de antigamente, absolutamente seguro de si, torneia seu bigode com cremes e pomadas. Muito observador, também baseia suas descobertas na dedução, na pesquisa sobre os antecedentes da vítima e do autor e mantém suspense da autoria do crime até a página final do romance.
O Inspetor Brunetti, excelente criação de Donna Leon, americana que vive em Veneza há mais de trinta anos e se candidata a ser a atual Dama do Crime, é personagem interessante. Casado com uma professora universitária e filha de um dos mais ricos condes da cidade, faz de tudo para não depender do sogro. Obviamente este não aprovava o casamento, esperava um melhor partido para a filha. Mas, respeita o genro. Eterno cumpridor da lei e guardião da ordem, tem grandes reservas em relação ao seu superior e navega pelos canais da cidade, mostrando suas belezas e o privilégio de morar em Veneza. Sua geladeira tem sempre um espumante ou um Pinot Grigio, que toma com os pratos de massa que sua esposa faz. Executa pesquisas auxiliados pela secretária de seu chefe e com persistência e dedução, chega ao desfecho do caso.
O Comissário Espinosa, criação do talento tardio do brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza, mora do Bairro Peixoto, no Rio, num apartamento cheio de livros, é um homem comum dotado de uma inteligência que o faz desvendar os crimes com maestria. Amante eventual, mas intenso, suas conquistas são intervalos para racionalizar a procura da solução do crime. E não dispensa seus quibes e esfirras da Galeria Alaska, de Copacabana.
Leonardo Padura, genial escritor cubano, é o artífice de Conde, um detetive que se encharca de amor por sua Havana decadente. Seus casos são pretexto para demonstrar o amor por sua cidade e tem um clima depressivo em seus relacionamentos. Mas, é mestre na solução do mistério do crime.
Recentemente, conheci o detetive Bruno, criação magnífica do escocês Martin Walker. Contratado pela Prefeitura de Nantes como único policial da cidade, é excelente cozinheiro, profundo conhecedor de vinhos e engajado no trabalho voluntário da cidade e região. Suas aventuras se desenrolam no Périgord, região francesa das cavernas de Lascaux , onde estão preservadas manifestações artísticas do homem da pedra e considerada o berço da civilização da Europa. A descrição dos vales, o prazer em admirar a natureza, seu cachorro bassê convenientemente chamado de Balzac, tudo colabora para um simpático ser humano que é também um grande detetive. Não usa arma e há longo tempo perdeu as chaves de suas algemas. Amante carinhoso, já teve affair com várias mulheres do vale, mas, permanece solteiro.
Interessante que desenvolvi uma ligação com eles e toda vez que retorno a uma de suas aventuras parece que reencontro um amigo há tempo ausente…