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Os desafios de mensurar a dor (2)

No fim dos anos 90, a dor veio a ser considerada “quinto sinal vital” na literatura médica. Seu registro rotineiro, após temperatura, pulsação, pressão arterial e respiração, constitui-se numa imprescindível responsabilidade clínica para minorar, adequadamente, o sofrimento dos pacientes com dor. Devido a isso, o uso de escalas de mensuração de dor, especialmente as de categoria numérica, verbal ou facial, foi incorporado aos variados contextos clínico-hospitalares, tornando-se, muitas delas, populares para diferentes profissionais da saúde que, frequentemente, as usam para mensurar e avaliar dor.

Variando de severidade ao longo do tempo, agrupa-se a outros fenômenos clínicos objetivos similares. A utilidade de variadas de medidas de dor resultando, parcialmente, do reconhecimento e da avaliação da mesma, independente das diferentes dimensões que a compõem (sensoriais, afetivo-emocionais e cognitivas). Enquanto avaliação de dor clínica, baseia-se em registros verbais e em descritores comumente usados por pacientes para descrever o que sentem em determinado momento.

Dor é, portanto, uma experiência pessoal e subjetiva, que pode ser sentida apenas pelo que ela acomete. É tudo o que a pessoa que a experiencia diz que é, existindo todas as vezes que a pessoa afirma existir. Logo, a autoavaliação é o indicador mais confiável da existência e da intensidade da mesma, o que leva a ser essencial o uso de escalas para avaliar e mensurar confiavelmente a percepção de dor para melhor manejá-la e controlá-la.

Por sua natureza subjetiva, a sensação de dor não pode ser pontualmente registrada por instrumentos físicos que, usualmente, mensuram diretamente o peso corporal, a temperatura, a altura, a pressão arterial e a pulsação. A despeito disso, a mensuração de dor é extremamente importante no ambiente clínico e hospitalar, uma vez que é a partir dela que médicos chegam à decisão de que tipo de tratamento, e conduta terapêutica, prescrever, bem como quando este deve ser interrompido.

Mensuração apropriada de dor torna possível verificar se os riscos de um determinado tratamento superam os danos causados pelo problema clínico, bem como escolher a melhor, e mais segura, conduta terapêutica. Ao lado disso, pode-se fazer um melhor acompanhamento e análise dos mecanismos de ação de diferentes drogas analgésicas. Em outras palavras, baseando-se na evolução periódica dos escores de qualquer uma das escalas comumente usadas para avaliar e mensurar a dor, o clínico pode prontamente ajustar a dose analgésica e a frequência de sua administração. Uma dada conduta terapêutica pode ser considerada bem-sucedida se a dor for suprimida, e o desprazer a ela associado, mantiverem-se em níveis perfeitamente toleráveis pelo paciente.

Importante, portanto, é que o processo de avaliação e mensuração de dor seja baseado em instrumentos válidos e fidedignos, cuja utilidade clínica seja prontamente manifesta e contextualmente demonstrada, visando a melhora, a satisfação e a qualidade de vida do paciente.

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