Lendo a prestigiada coluna de meu querido amigo Amir Calil Dib, no Tribuna Ribeirão de 28 de fevereiro, notei ali citados não só os aniversariantes do dia, como os de 29 de fevereiro. Dei-me conta de que várias pessoas nasceram em ano bissexto, o que não é o caso do fevereiro atual. Somente no próximo ano teremos 29 dias no segundo mês do calendário.
Nosso tempo, bem como o da maioria dos países, é regido pelo Calendário Gregoriano, assim chamado em homenagem ao Papa Gregório XIII, que o introduziu, em 1582. Passou a ser conhecido por este nome, embora criado pelo astrônomo e filósofo italiano Luigi Giglio e baseia-se nos movimentos da Terra. Como esta gira em torno de seu próprio eixo em 24 horas, criou-se o conceito do dia. Baseado no movimento que nosso planeta faz em redor do Sol, em 365 dias, reconheceu-se a existência do ano, que foi dividido em 12 meses, ora com 30, ora com 31 dias, sendo fevereiro, com 28, uma acomodação.
Entretanto, o movimento de translação da Terra leva exatamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 56 segundos, o que acabava gerando distorção no calendário juliano, em vigor, surgindo a necessidade de se criar, a cada quatro anos, um fevereiro de 29 dias, chamando-se bissexto ao ano que o contempla.
A palavra bissexto tem origem latina e baseia-se na maneira como os romanos dividiam os dias do mês: os primeiros dias eram chamados de calendas; os intermediários, nonas e os finais, idos. O dia adicional do calendário da época, instituído por Julio César, era citado como “bis sextus ante calendas martias” (mais um dia acrescido ao sexto antes das calendas de março), ou seja repetir o dia 24 de fevereiro, que era o último mês daquele calendário. Posteriormente, passou-se a considerar um vigésimo nono dia.
Fiquei pensando na vida dos que comemoram seus aniversários de quatro em quatro anos.
Aqueles festeiros, que não perdem oportunidade de reunir os familiares e amigos, comemoram simbolicamente a data no dia 28 ou no 1º de março? Quando fevereiro tem 29 dias, fazem uma grande comemoração especial? Depois de uma certa idade, passam a contar como um ano de vida a cada quatro?
Os que são convidados, será que vão anualmente ou deixam para comparecer nos bissextos, economizando assim nos presentes?
Os que não gostam de festa ou não apreciam o passar dos anos, certamente estão felizes em escapar das comemorações, enganosamente adiando a constatação de que, a cada ano, envelhecemos um pouco.
São realidades vividas por muitas pessoas, algumas tristes pelo fato, outras felizes por evitar comemorações e, se sentindo sempre mais jovens do que todos nós…