No dia de hoje, 20 de julho, mas do ano de 1873, na fazenda Cabangu, em João Gomes, MG, nascia Alberto Santos Dumont, o brasileiro que tantas glórias trouxe para seu país. Seu pai, Henrique, descendente de franceses, era engenheiro-civil e cuidava da implantação da Estrada de Ferro D. Pedro II em Minas Gerais. Sua mãe, Francisca, descendia de abastada família de cafeicultores de Valença, RJ. Alberto era o sexto filho do casal.
Durante os vinte anos anteriores, Henrique trabalhara nas mais variadas partes do país, longe da civilização, até que, com o nascimento do caçula, resolve atender aos vários convites do sogro e muda-se para Valença, onde se dedica ao cultivo do café.
Entretanto, a busca de melhores terras para a lavoura da rubiácea, fizeram-no mudar-se para Ribeirão Preto, onde adquiriu a Fazenda Arindeúva. Trabalhador, inventivo, estabelece as bases para se tornar o primeiro Rei do Café do Brasil, o seu maior produtor.
Alberto passa sua infância em meio aos cafezais e às máquinas inventadas e operadas por seu pai. Sempre foi muito bom observador e apaixonado pela mecânica.
Conta a lenda, que se afirma ser verídica, que ainda antes dos dez anos de idade, apossou-se de uma das locomotivas da fazenda, que transportava a produção de café e acelerou pelos trilhos. Para detê-lo, foi preciso que Henrique cavalgasse célere até abordar a máquina, freando-a.
Após queda de um cavalo, com graves sequelas em seu movimento. Henrique decide então vender a sua propriedade e antecipar a parte da herança que cabe a Alberto, dizendo que ele devia mudar-se para Paris a fim de expandir seus talentos de mecânico e inventor.
Trabalha freneticamente em pesquisas de balões, sua construção, seu manuseio e decide vencer a impossibilidade de dirigi-los, pois os mesmos subiam e eram conduzidos pelo vento, voando e aterrissando aleatoriamente.
Seu atelier transforma-se num laboratório, onde se pesquisam tecidos, cordas, motores e fazem-se experimentos de física e mecânica. Decide tentar a perigosa colocação de um motor a gasolina num balão de gás, altamente inflamável.
Alterna suas atividades de balonista com intensa vida social, na Paris do começo do século XX, sempre acompanhado de belas mulheres.
Depois de anos de tentativas, por parte dele e de outros aeronautas, no dia 19 de outubro de 1901, Santos Dumont consegue contornar a Torre Eiffel, decolando e retornado ao ponto de partida em trinta minutos. Estava descoberta a dirigibilidade dos mais leves do que o ar.
Mas, o grande desafio estava para ser conquistado no dia 23 de outubro de 1906 quando faz voar pela primeira vez na história um artefato mais pesado do que o ar: estava inventado o avião. O fato é presenciado por grande multidão.
Embora reconhecido como o Pai da Aviação, não podemos nos esquecer de suas dimensões de cientista, pesquisador, mecânico, inventor, enfim um precursor das modernas técnicas científicas de hoje. Dotado de grande espírito de benevolência, não patenteia suas invenções. Ao contrário, publica os planos de seus aviões, colocando-os ao alcance de quem os desejar. As plantas de sua Demoiselle, protótipo de todos os aviões modernos, são publicadas pelos jornais.
Conforme nos diz Luciana Garbin, Santos Dumont foi “…um homem que há mais de século pôs em prática, em Paris, o que hoje startups fazem no mundo digital: desenvolver uma ideia inovadora que provoque impacto na sociedade e possa ser escalável e repetível”.
Ribeirão Preto foi fundamental para as descobertas de Santos Dumont, pois foi dos seus cafezais que vieram os recursos para que ele desse asas ao homem.