Parte da história da cidade e de toda a região, o Mercado Municipal de Ribeirão Preto, mais conhecido como Mercadão, completou 121 anos nesta terça-feira, 28 de setembro. Para comemorar a data, a Associação de Comerciantes (Acomecerp) promoveu uma solenidade comemorativa com público restrito, em respeito aos protocolos sanitários de prevenção à Covid-19.
O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) prestigiou o aniversário e percorreu o espaço comercial para conversar com lojistas, funcionários e consumidores. “São 121 anos de trabalho, de conquistas e de memória que fazem deste lugar um monumento histórico e um dos pontos de encontro mais tradicionais de Ribeirão Preto. O Mercadão é um marco da nossa cidade, seja para nós, ribeirão-pretanos, ou para nossos visitantes”, diz o chefe do Executivo.
Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 1993, como Patrimônio Histórico, é considerado um dos pontos turísticos do município. O Mercadão Central de Ribeirão Preto tem 149 boxes pertencentes a 67 permissionários e 15 diferentes tipos de comércio.
São 22 empórios e doze lanchonetes e restaurantes, além de lojas de artigos para presente, peixarias, utilidades domésticas, pet shops, tabacarias, açougues, hortifruti, ervas e sementes, artigos e relógios, amolador, cabeleireiro, cafeteria e ótica. Uma característica do comércio é que os estabelecimentos são passados de pai para filho.
Muitos dos comerciantes que hoje tomam conta dos negócios viram os pais ou avós trabalharem no local. Alguns trabalham no local desde 1950. A loja da família Massaro, por exemplo, data de 1926, fundada por Francisco Massaro, o precursor. Antes da pandemia, de segunda a quinta-feira passavam pelo local cerca de três mil pessoas, sendo que o número triplicava às sextas-feiras e aos sábados.
Isso representa 30 mil pessoas por semana e cerca de 120 mil por mês, 1,44 milhão por ano de todas as classes sociais. Queijos, temperos, grãos, artesanatos, comidas especiais como pastel, charuto e bolinho de bacalhau, além de roupas, calçados e uma grande variedade de outros produtos. Tudo isso pode ser encontrado, de segunda a sábado.
Desde 1899
O início das obras do Mercadão Central data de 1899. O grande prédio, localizado no quadrilátero entre as ruas São Sebastião, José Bonifácio, Américo Brasiliense e avenida Jerônimo Gonçalves, foi inaugurado em 1900. A obra com pé direito alto, feita de tijolos de barro e cobertura envidraçada era muito diferente do que vemos hoje. Foi o principal ponto de comércio local, sempre com a oferta bem sortida de produtos para moradores da cidade e região.
Enchentes e 120 contos de réis
No início, o Mercadão foi explorado pelo grupo Folena & Cia. Depois de oito anos, a concessionária do imóvel foi indenizada em “120 contos de réis” pela prefeitura de Ribeirão Preto, que tomou posse do imóvel. As enchentes, sempre que o Ribeirão Preto fugia de seu leito, fizeram parte da história e problemas do prédio.
Mas não foram as águas das chuvas que causaram o maior e histórico dano. Em 7 outubro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, um curto circuito provocou um grande incêndio, destruindo-o por inteiro. Diante da tragédia, os comerciantes passaram a trabalhar em barracas montadas na avenida Francisco Junqueira.
Novo prédio
Após 16 anos do incêndio o então prefeito, Costábile Romano, que prometeu a obra em sua campanha, inaugurou o novo prédio. A partir do dia 28 de setembro de 1958, o Mercadão retomou sua gloriosa história. O Mercado Municipal pós-incêndio foi um projeto do engenheiro Jaime Zeiger.
A arquitetura era moderna e inovadora para aqueles tempos. Com 4.150 metros quadrados divididos por um corredor principal, cinco corredores secundários, a parte externa, revestida por pastilhas, foi presenteada com a obra do escultor Bassano Vaccarini.