A Organização Social de Saúde (OSS) Grupo Santa Casa de Franca, administradora do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), de Taquaritinga, contratada pelo governo do Estado de São Paulo, anunciou em nota distribuída à imprensa, nesta segunda-feira, 10 de fevereiro, o resultado da sindicância interna instaurada para investigar os motivos que levaram doze de 23 pacientes submetidos a cirurgias de catarata, em 21 de outubro do ano passado, a ficarem cegos ou com a visão comprometida após o mutirão.
Os pacientes foram informados por médicos que a situação pode ser irreversível. A sindicância concluiu que houve uma troca no protocolo assistencial, especificamente no preparo cirúrgico (pré-operatório) devido à contaminação de material cirúrgico. Esse erro foi restrito exclusivamente ao dia 21 de outubro de 2024, afetando doze pacientes dos 23 operados. “Diante dessa constatação, todos os profissionais diretamente envolvidos foram afastados de suas funções”, ressalta no comunicado.
“Além disso, medidas corretivas foram implementadas para reforçar os protocolos de segurança e evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer”, reforça. Doze dos pacientes apresentaram complicações pós-operatórias em um dos olhos. O Grupo Santa Casa de Franca nomeou uma especialista em córnea para avaliar os casos e fornecer uma segunda opinião médica. O governo de São Paulo diz que o laudo oficial deve sair em 15 dias.
“O AME de Taquaritinga, desde sua inauguração, já realizou 7.256 operações desse tipo, com total êxito, sendo 1.303 procedimentos apenas em 2024”, ressalta, em nota. “O Grupo Santa Casa de Franca lamenta profundamente o grave ocorrido neste fato isolado e reafirma seu compromisso com a qualidade, segurança e transparência no atendimento à população”, finaliza.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP), por intermédio da Promotoria de Taquaritinga, instaurou procedimentos criminal e cível para investigar o caso. A Polícia Civil abriu inquérito e passou a receber denúncias de pacientes prejudicados e de seus familiares.
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto vai atender os doze pacientes afetados pelo erro entre esta terça (11) e quarta-feira (12). Os médicos oftalmologistas vão avaliar o grau das lesões e, a partir do diagnóstico, elaborar tratamento para cada caso.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que esteve em Ribeirão Preto no final de semana, falou sobre a situação de pacientes que ficaram cegos ou tiveram a visão comprometida após cirurgias de catarata realizadas no AME de Taquaritinga, em outubro do ano passado.
Ele classificou o problema como pontual e afirmou que a Organização Social de Saúde Grupo Santa Casa de Franca será responsabilizada. Além disso, informou que o governo do Estado estuda a possibilidade de uma indenização administrativa para as vítimas.
“Aparentemente, houve um problema pontual, mas é essencial investigar a fundo. A ideia do Estado é oferecer uma indenização administrativa a essas pessoas e, ao mesmo tempo, cobrar a responsabilidade da organização social”, disse o governador.
“Precisamos compreender todo o contexto para tomar as medidas necessárias e evitar que situações como essa se repitam. Neste momento, nosso foco é prestar todo o auxílio e assistência às pessoas que estão sofrendo com esse problema”, disse Tarcísio de Freitas.
“Ainda não sabemos ao certo se o problema foi causado por material inadequado ou contaminação, mas vamos investigar a fundo para tomar as medidas corretivas e garantir que isso não aconteça novamente”, finaliza o governador.