Tribuna Ribeirão
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Entidades são contra projeto que garante R$ 1 milhão por ano a cada vereador para emendas

ALFREDO RISK

Um grupo de entidades de classe, associações e sindicatos se reuniu na tarde desta terça-feira, 3 de julho, na Associação Comercial e Industrial de Ri­beirão Preto (Acirp), para deba­ter os impactos da proposta de emenda à Lei Orgânica do Mu­nicípio (LOM) nº 09, que dis­põe sobre “emendas individuais ao projeto de lei orçamentária”, conforme o Tribuna Ribeirão já havia an­tecipado. Após a reunião as en­tidades decidiram repudiar vee­mentemente a proposta e estão conclamando a população para que se manifeste contra a apro­vação – quer o plenário lotado no dia da votação.

A proposta começou a tra­mitar em 25 de junho, segundo publicação no Diário Oficial do Município (DOM), e vai forçar a prefeitura de Ribeirão Preto a atender as sugestões feitas por vereadores na Lei Orçamentá­ria Anual (LOA). Segundo o projeto de Alessandro Maraca (MDB) – assinado por mais 13 colegas de Legislativo, inclusive da base de apoio ao governo do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) –, o Executivo terá de reservar 1,2% da receita para as emendas individuais apresenta­das pelos parlamentares.

Por ser emenda à LOM, a proposta deve tramitar por três sessões. Depois, o presi­dente Igor Oliveira (MDB) vai convocar duas extraordinárias para votação do projeto. Se­gundo o Tribuna apurou, para a aprovação é necessário quó­rum qualificado – dois terços dos votos, ou 18 dos 27 possí­veis. É provável que seja anali­sada em plenário antes do re­cesso de julho, que começa na segunda quinzena.

A emenda cria o chamado “Orçamento Impositivo”. Para as entidades, a proposta reser­va cotas para os vereadores de quase R$ 1 milhão dentro do orçamento do município, for­çando a prefeitura de Ribeirão Preto a atender as sugestões fei­tas por parlamentares na LOA. Com base na receita de 2017, cada vereador teria R$ 993 mil para destinar em emendas, cer­ca de R$ 26,8 milhões do orça­mento da prefeitura.

“De acordo com a propos­ta, metade deste percentual se­ria destinado a ações e serviços públicos de saúde, prejudican­do a autonomia e a capacidade de planejamento da Secretaria Municipal da Saúde, por exem­plo”, diz a nota conjunta das entidades. Além da Acirp, são contra a emenda a Associação dos Advogados de Ribeirão Preto (AARP), Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Associação Rural de Ribeirão Preto, Dire­toria Regional do Ciesp/Fiesp e Sindicato do Comércio Varejis­ta (Sincovarp).

Na nota enviada ao Tri­buna, as entidades dizem que “embora tenham como funções legislar e fiscalizar o Executivo, segundo a proposta a Câmara Municipal teria em mãos um orçamento maior do que o das secretarias da Cultura, Turis­mo e Meio Ambiente somados (R$ 26,5 milhões) e duas vezes maior que a verba da Secretaria de Esportes (R$ 26,8 milhões)”.

O autor da proposta, Ales­sandro Maraca, ficou surpreso com a postura das entidades. “Sempre estive à disposição para debater qualquer assunto, mas nem eu, nem os vereado­res que assinam o projeto como signatários foram procurados pela Acirp. Não pretendemos ‘reduzir’ o orçamento da pre­feitura, mas apontar quais seto­res são prioritários, faz parte do nosso dia a dia”, diz o emede­bista. Ele também afirma que nenhum parlamentar terá R$ 1 milhão da LOA.

“Apenas vamos apontar para onde o investimento de­verá ser direcionado, quais as necessidades mais urgentes. Quem cuida do dinheiro é a prefeitura”, explica. “O orça­mento do ano passado foi de R$ 2,9 bilhões, e a proposta permite a indicação de inves­timento de menos de R$ 30 milhões. Todo ano, a Câmara apresenta valores muito supe­riores em emendas. Estamos disciplinando e colaborando com a administração”, diz.

Maraca cita como exemplo as Unidades de Pronto Atendi­mento (UPAs) Norte e Oeste, no caso da saúde, que ainda não estão atendendo, e a Bi­blioteca Padre Euclides, que corre o risco de fechar porque emendas de vereadores foram vetadas pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB). Os parlamentares que assinaram a proposta de emenda garantem que ela é constitucional.

Além de Maraca, assinam o documento Marco Antônio Di Bonifácio, o “Boni” (Rede), Gláucia Berenice (PSDB), Adauto Honorato, o “Marmi­ta” (PR), Jean Corauci (PDT), Lincoln Fernandes (PDT), Rodrigo Simões, (PDT), Or­lando Pesoti (PDT), Marinho Sampaio (MDB), João Batista (PP), André Trindade (DEM), Ariovaldo de Souza, o “Da­dinho” (PTB), Otoniel Lima (PRB) e Maurício Vila Abran­ches (PTB).

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