Por Ricardo Brandt
Dados das movimentações bancárias suspeitas de Fabrício Queiroz em 2016 sob análise do Ministério Público do Rio mostram um padrão de operações em dinheiro vivo que enfraqueceria a defesa do ex-assessor parlamentar do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – e reforçaria os indícios de que sua conta foi usada como “passagem” para dissimular a origem e o destino dos recursos. A análise dos depósitos e saques na boca do caixa feitos por Queiroz em 2016, registrados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), indica um padrão: regularidade de valores, alternância de agências e de datas e fracionamento de quantias.
De janeiro a dezembro de 2016, a conta no Itaú aberta por Queiroz na agência Personnalité Freguesia, próxima de sua casa, no Rio, movimentou R$ 1,23 milhão – créditos e débitos. Os depósitos em dinheiro representam um terço do total de R$ 605 652 que entrou na conta. Os saques na boca do caixa representam a metade do valor que saiu da conta – a outra parte saiu por meio de transferências e pagamentos de títulos.
O mapa com locais, datas e valores das operações de saque mostra 175 retiradas e 54 depósitos. Em média, Queiroz sacou R$ 26 mil por mês em dinheiro da conta. Pelo padrão, é possível notar que os saques se concentraram em três áreas principais: a maior quantia nos caixas da agência que funciona na Assembleia Legislativa do Rio (R$ 159.982), além das agências de ruas e praças do entorno; caixas na Barra da Tijuca – onde mora a família Bolsonaro – e em bancos próximos da casa de Queiroz. Promotores identificaram ainda um padrão de saques, fracionados em R$ 5 mil e R$ 7 mil.
A defesa de Queiroz alega que o dinheiro servia para pagar assessores externos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.