Tribuna Ribeirão
Economia

OPERAÇÕES DE CRÉDITO – Volume cai em Ribeirão Preto

Ribeirão Preto apresenta queda em todas as operações de crédito, com exceção da modalidade finan­ciamentos imobiliários, segundo dados do último boletim de Crédito Centro de Pesquisa em Economia Regional da Fundação para Pesqui­sa e Desenvolvimento da Adminis­tração, Contabilidade e Economia (Ceper/Fundace), elaborado a par­tir de informações divulgadas pelo Banco Central do Brasil. Os dados são de fevereiro deste ano.

Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, a taxa de cres­cimento das operações de crédito apresentou uma queda de 5,5%; a de empréstimos e títulos descon­tados, diminuição de 11,3%; finan­ciamentos em geral, redução de 4,1%; e agronegócios, menos 7,4%. Somente financiamentos imobiliá­rios tiveram um aumento de 2,9%.

A Região Metropolitana de Ribeirão Preto – formada por 34 cidades e 1,67 milhões de habitan­tes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – seguiu na mesma linha, apresen­tando queda em todas as modali­dades, com exceção da última, que teve aumento de 1,9%.

No estado de São Paulo, observa-se a mesma tendência constatada em nível nacional, com retração do crédito em todas as modalidades, sendo a mais acen­tuada para os financiamentos em geral (-14,6%), enquanto que aque­la com a menor redução foi para financiamento imobiliário (-7,4%).

O levantamento também traz a evolução das taxas médias de juros para recursos livres e direcionados. As taxas dos recursos livres são de­finidas pelo mercado, enquanto que as taxas dos recursos direcionados são definidas pelo governo com base em recursos gerenciados e, em ge­ral, com destinação específica.

Nota-se uma trajetória de eleva­ção em todas as taxas de fevereiro de 2015 até julho de 2016 para re­cursos direcionados, e até os meses de fevereiro de 2016 e novembro de 2016, respectivamente, para recur­sos livres pessoas jurídicas e recur­sos livres pessoas físicas.

“A elevação das taxas de juros ocorreu em um contexto de crise na economia brasileira cujos efei­tos se refletiram no aumento na inadimplência e no endividamento das famílias e empresas”, explica o pesquisador do Ceper e coordena­dor do boletim de Crédito, Luciano Nakabashi.

Segundo análise de Nakabashi, com o início de melhora desses índices, os bancos e instituições financeiras começaram a reesta­belecer a confiança, possibilitando a queda dos juros. “No caso das ta­xas para recursos livres, a redução vem sendo observada desde março de 2017, com uma leve reversão no início de 2018. Na comparação anual, o custo do crédito ficou mais barato, com queda de 6,37% para pessoas jurídicas e 15,86% para fí­sicas”, aponta.

As taxas para recursos direcio­nados são mais voláteis, mas é pos­sível observar trajetória de redução dos juros ao longo do ano de 2017. Já no início de 2018, no entanto, as taxas voltaram a se elevar. Na com­paração entre fevereiro de 2018 e o mesmo mês do ano anterior, o custo do crédito com recursos direciona­dos caiu em 0,91 ponto percentual para pessoas físicas, com elevação de 1,32 pp para jurídicas.

Análise – Os dados apresen­tados revelam queda dos juros e uma recuperação ainda lenta do crédito. As operações de crédito destinadas à modalidade de finan­ciamentos em geral têm registrado resultados bem fracos, enquanto financiamento imobiliário tem sido a modalidade com melhor desem­penho (menor retração). As novas regras para financiamento habi­tacional, com quedas nas taxas de juros e aumento do percentual do valor do imóvel financiado, podem contribuir para impulsionar a recu­peração no setor imobiliário.

No geral, percebe-se que as ta­xas de juros vêm acompanhando o movimento de redução da Selic que se encontra em 6,5%. No entanto, a redução da taxa básica de juros ainda não tem refletido em quedas similares nos juros destinados às pessoas físicas e jurídicas, o que, juntamente com os resultados desapontadores no mercado de trabalho, tem sido crucial na fraca retomada da demanda no país nas regiões analisadas.

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