Por: Adalberto Luque
A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagraram, na manhã desta terça-feira (14), a Operação Scream Fake (falso grito, em português). O objetivo foi cumprir 12 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão.
A operação quer desmontar esquema do crime organizado que envolve advogados e líderes de uma ONG supostamente em defesa de presos, que através de falsas reivindicações, tenta jogar a opinião pública contra a justiça criminal.
A operação ocorreu em sete cidades do Estado (São Paulo, Guarulhos, Presidente Prudente, Flórida Paulista, Irapuru, Presidente Venceslau e Ribeirão Preto), e em Londrina, no Paraná. O trabalho investigativo começou há cerca de três anos.
Policiais civis e MP cumprem 12 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão (Foto: SSP/Diculgação)Na ocasião, um visitante da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau foi descoberto ao tentar entrar com cartões de memória escondidos nas suas roupas. Além dos cartões apreendidos, os policiais penais apreenderam anotações dos detentos.
Desta forma, foi possível chegar ao organograma do grupo. Os “gravatas” são advogados que prestariam assistência jurídica à organização criminosa, além de gerenciar outros departamentos. O setor de “saúde” selecionava médicos e dentistas que atendiam dentro das penitenciárias.
Bem remunerados e, sem saber os reais objetivos, esses profissionais realizavam até cirurgias estéticas nos integrantes da facção. O setor “financeiro” era responsável por obter recursos financeiros para esse braço da facção. Era responsável por pagar advogados, médicos e dentistas.
Por último, havia o setor de “reivindicações”, que envolvia uma ONG de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo. O presidente e o vice desta ONG são dois dos alvos da operação. A entidade teve seus serviços suspensos por ordem judicial.
Todos os 12 alvos dos mandados de prisão foram detidos. Entre eles está o advogado de Ribeirão Preto, Renan Bortoletto, de 40 anos. Ele já foi candidato a vereador na cidade, nas eleições de 2020, quando concorreu pelo PP, mas não se elegeu.
Segundo informações, Bortoletto já havia sido investigado em outra operação, a Kleptos, realizada em novembro de 2020. Seu escritório e sua casa foram alvos dos mandados de busca e apreensão, mas o advogado não foi preso, embora fosse investigado.
Além do ribeirão-pretano, outros dois advogados foram presos na operação. Do núcleo dos “gravatas”, eles ingressavam com ações na Justiça denunciando abusos e outras irregularidades no sistema prisional. Contudo, as denúncias eram falsas e tinham, de acordo com as investigações, o objetivo de atrapalhar as investigações.
Os mandados, em Ribeirão Preto, foram cumpridos na casa e no escritório de Bortoletto. Não foi informado se ele constituiu defesa, mas o espaço está aberto caso o defensor nomeado queira se manifestar.