Após dois anos de trabalho de composição, a ópera “O Jovem Rei” (The Young King) tem estreia neste mês de junho, com quatro apresentações no Teatro do Campus da USP Ribeirão Preto (balão central). A agenda tem início com ensaio aberto no dia 18 de junho (terça-feira), às 19h e traz, na ocasião, o ator Juliano José para a interpretação de Libras como personagem da montagem. No dia 20 de junho (quinta-feira), às 20h, acontece a 1ª récita e a estreia mundial da ópera. A 2ª récita é no dia 22 (sábado, 20h) e a 3ª récita no dia 25 (terça-feira, 20h). A montagem terá ainda uma versão de Concerto no Teatro Municipal de São Carlos (Rua 7 de Setembro, 1735), no dia 26 (quarta-feira), às 20h.
A produção marca o início da agenda comemorativa dos 10 anos da Academia Livre de Música e Artes (Alma) neste ano. Participam alunos e professores da Alma, do Coral do Estúdio de Ópera Minaz e da USP Filarmônica. No palco, estarão quase 100 artistas entre cantores, atores, músicos instrumentistas e solistas. O espetáculo tem indicação etária de 14 anos e a entrada é gratuita, com retirada de convites nos dias 13 e 14 (quinta e sexta-feira), entre 14h e 18h, no Centro Cultural Palace (Rua Álvares Cabral, 322) ou diretamente no Teatro da USP.
Inspirada no conto infantil homônimo do escritor irlandês Oscar Wilde, “O Jovem Rei” é um projeto autoral de Lucas Eduardo da Silva Galon, vice-presidente e diretor artístico associado da Alma e, atualmente, professor do Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP/USP). O compositor assina o libreto da produção (enredo) e assume a regência e a direção artística da ópera.
Lucas Galon conta que começou a escrever a ópera em 2022, encantado com o conto de Wilde. “A atmosfera de fábula e a simplicidade com que o texto trata temas universais me sinalizou que havia ali possibilidades musicais e dramáticas”. Para realizar a produção, o diretor buscou a parceria de José Maurício Cagno, professor e coordenador do núcleo de teatro na Alma, e do maestro José Gustavo Julião de Camargo, funcionário do Departamento de Música da FFCLRP/USP. “Assim nasceu a ideia da montagem conjunta. E aqui estamos”, esclarece Galon.
Permeada pelas significações filosóficas propostas pelo conto, a ópera traz questões como o poder e a alienação; a natureza da arte e da beleza; a possibilidade humana da emancipação; o dilema da justiça social; o Estado, a igreja e o indivíduo; a busca humana por significados, a infância e a vida adulta; a morte, a avareza e a peste. “Procurei manter muito do texto original, acrescentando alguns diálogos e reflexões e até criei personagens novos para que a trama pudesse se desenvolver no âmbito do libreto”, explica o compositor Lucas Galon, que também é o diretor musical e artístico do espetáculo.
Segundo a presidente da Alma, Dulce Neves, uma super produção como essa é um marco importante nesta passagem de 10 anos da academia, que ao longo de sua história, sempre contou com o alto nível de profissionalização e artístico no quadro docente, visando oferecer ensino qualificado para os alunos e ainda uma alternativa de agenda cultural gratuita para a população. “Estamos muito felizes com o resultado desta montagem, que comprova o quanto evoluímos em uma década. É mais uma mostra de que podemos ir mais longe, quando somos inspirados por nossos sonhos e projetos”, comenta.
“A estreia desta produção é um momento para reafirmarmos o compromisso da academia com a excelência dos trabalhos artísticos que nos propusemos a realizar. Lucas Galon começou a desenvolver esse trabalho autoral paralelamente, justamente em um momento em que nós desejávamos produzir uma nova ópera para iniciar as nossas comemorações de 10 anos. Será um espetáculo grandioso e artisticamente muito significativo para a nossa trajetória”, acrescenta Luciana Rodrigues diretora administrativa e financeira da Alma.
Teatro
A parte teatral de “O Jovem Rei” foi a primeira estrutura montada, com os alunos da Escola de Teatro da Alma. Paralelamente, o Coral do Estúdio de Ópera Minaz e a USP Filarmônica seguiram trabalhando separadamente a parte musical. “O elenco do teatro está mergulhado nesse projeto desde agosto de 2023 e, após essa estreia conjunta, essa será a montagem teatral da Alma para 2024”, conta José Maurício Cagno, que assina a direção artística e cênica da ópera, assim como a concepção de iluminação e cenografia.
Para o maestro Galon, montar uma ópera contemporânea, sem referências anteriores, foi o principal desafio do projeto. “Conjugar quase 100 pessoas de três instituições, além dos solistas do cenário nacional e internacional, é uma tarefa árdua e só foi possível pelo comprometimento de diretores, produtores, funcionários e pelas estruturas da Alma, Cia Minaz e do Departamento de Música da FFCLRP/USP, que abraçaram a ideia”, pontua Galon. “A ópera é a mais completa de todas as manifestações artísticas e tem sido gratificante ver o núcleo de arte teatral da Alma atuando em conjunto com outros núcleos de arte envolvidos em “O Jovem Rei”, acrescenta Cagno.
“O Jovem Rei”
A ópera está estruturada em dois atos. O primeiro com seis partes e o segundo, com três (Prólogo, Coro dos Súditos – A Liturgia Burocrática, Tédio e Beleza, O Primeiro Sonho, O Segundo Sonho, O Terceiro Sonho, No Castelo – ele está louco, No Grande Salão – quem é este mendigo, e Na Igreja – a grande coroação). Lucas Galon define a singularidade e a linguagem como diferenciais da montagem. Para o autor, a principal expectativa com a estreia é a mescla do prazer em ver sua obra apresentada, ansiedade em torno de ser a primeira execução da peça e a satisfação. “É difícil um compositor de música contemporânea de concerto ter uma obra executada. Até agora, essa ópera existia somente na partitura e daqui a pouco vai chegar ao público”.
Reflexões
Cinco solistas profissionais foram convidados especialmente para compor o elenco musical na estreia de “O Jovem Rei”: Yuka de Almeida Prado (soprano), Tomás Callas Mistrorigo (baixo), Alexandre Mazzer (barítono), Kismara Pezzati (mezzosoprano) e Clóvis Português (tenor). Todos os cantores e cantoras líricas com carreiras de projeção nacional e internacional que trazem suas experiências e maturidade artística à montagem. O objetivo é entregar ao público uma obra única em todas as abrangências.
“O tema principal deste trabalho é a discussão da beleza no sentido artístico, estético e inventivo da arte. A beleza do humano que inventa a arte. Uma beleza que começa ingênua, amadurece e termina de forma plena, iluminada, transcendente”, enfatiza Cagno. “No conto, assim como na vida, o processo de emancipação quase sempre vem acompanhado de dores e desassossegos. Portanto, o público pode esperar fortes emoções a partir de reflexões profundas que são trabalhadas, e na percepção de sua própria realidade por meio da ópera”, arremata Galon.
A junção da Escola de Teatro da Alma, do Coral do Estúdio de Ópera Minaz e da USP Filarmônica, que realizam um projeto conjunto pela primeira vez, é outro recorte diferencial. “É um privilégio para mim e uma oportunidade para o público ver essas instituições trabalhando juntas”, destaca Galon. As três instituições figuram entre as mais destacadas na produção artística de excelência em Ribeirão Preto. A Cia Minaz tem trabalho consolidado de mais de 30 anos; a Alma vem produzindo, ano a ano, grupos de alunos que vão para as melhores universidades do Brasil e do exterior; e a USP Filarmônica, resultado do trabalho de mais de 20 anos do Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, revolucionou a percepção da música na cidade. “A realização conjunta desta ópera é um marco para as artes da cidade. Vamos entregar para o público um trabalho belíssimo”, completa Dulce Neves.
A ópera é uma realização do Ministério da Cultura, da Alma, do Departamento de Música da FFCLRP/USP e da USP Filarmônica. E, conta com patrocínios das empresas: Ópera – Usina Alta Mogiana S/A; Sinfonia – Santa Helena Industria de Alimentos S/A, NECTA e GSInima Ambient; Suíte – Interunion, Tereos e Usina Vertente; Ária – São Domingos Industria Gráfica, Luiz Tonin Atacadista e Supermercados, Grupo Combustran, Escandinavia, Elmaz Caminhões e Ônibus, Cotave Caminhões e Ônibus, Goiasmaq, TMA, Tracan, Tarraf e Supermercado Canesin, com apoio da Prefeitura de Ribeirão Preto.
Serviço
Estreia da ópera “O Jovem Rei”
Com Escola de Teatro da Academia Livre de Música e Artes de Ribeirão Preto (Alma), Coral do Estúdio de Ópera Minaz e USP Filarmônica
Ensaio aberto: 18/06 (terça-feira), às 19h
Local: Teatro da USP (balão central do campus)
1ª récita e a estreia mundial da ópera: 20/06 (quinta-feira), às 20h
Local: Teatro da USP (balão central do campus)
2ª récita: 22/06 (sábado), às 20h
Local: Teatro da USP (balão central do campus)
3ª récita: 25/06 (terça-feira), às 20h
Local: Teatro da USP (balão central do campus)
Acesso: gratuito – retirada de convites nos dias 13 e 14/06 (quinta e sexta-feira), das 14h às 18h, no Centro Cultural Palace e no Teatro do Campus da USP, limitados a dois por pessoa.
Atenção: A entrada nos espetáculos, para quem retirar os convites previamente, é impreterivelmente até o horário de cada apresentação (checar serviço acima). A partir dos horários de cada uma das récitas, as cadeiras desocupadas serão liberadas para o público que comparecer sem ingressos na porta do teatro. Neste caso, a entrada será por ordem de chegada.
Data e horário: 26/06 (quarta-feira) | 20h
Local: Teatro Municipal de São Carlos (rua 7 de Setembro, 1735) – Centro), no dia 26/06 (quarta-feira)
Acesso: gratuito