Em sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Ucrânia nesta quarta-feira, 2 de março, 141 países votaram a favor da resolução que condena a invasão russa, cinco nações votaram contra e 35 se abstiveram. A resolução, que não tem poder legal, pede que a Rússia retire suas tropas. Apesar de não ser uma medida concreta, a decisão tem um poder político muito grande e evidencia o isolamento russo.
O Brasil votou a favor. A China se absteve. Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, disse, pouco após a aprovação da resolução, que a decisão repete uma verdade central, “que o mundo quer o fim do sofrimento na Ucrânia”. Ele falou, ainda, sobre como os países têm se unido para colaborar com o governo ucraniano.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfied, afirmou que a guerra foi decisão de um único homem, Putin. E disse que a Rússia está atacando civis e que, enquanto o Conselho de Segurança discutia a paz [na semana passada], Putin começava a guerra.
“A Rússia bombardeou orfanatos, hospitais, jardins de infância, espalhou fome”. Linda agradeceu aos países que estão recebendo refugiados da Ucrânia. O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergei Kislitsia, afirmou que o povo ucraniano “luta enquanto é bombardeado”. Ele agradeceu a união e o apoio aos refugiados ucranianos e disse que as tropas russas estão cometendo crimes contra a humanidade.
Os países que votaram contra a resolução da ONU foram a Rússia, Bielorrússia (Belarus), Síria, Coreia do Norte e Eritreia. O embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho afirmou, após votar a favor da resolução que condena a invasão russa à Ucrânia, que além dessa medida, para alcançar a paz, mais passos precisam ser seguidos a fim der gerar um cessar-fogo. Costa Filho defendeu a resolução e disse que ela representa um “pedido de paz” pela comunidade internacional.
Itamaraty abre postos de atendimento
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que decidiu abrir dois postos de atendimento consular para prestar assistência aos brasileiros que buscam deixar a Ucrânia. Um deles ficará na cidade ucraniana de Lviv, próxima à fronteira com a Polônia que tem sido adotada como rota de fuga; e o outro em Chisinau, capital da Moldávia, para facilitar o suporte a brasileiros que tentam a saída pela Romênia.
O ministério acrescenta que, em casos de emergência, o plantão consular brasileiro pode ser contatado pelo número +55 61 98260-0610. Além disso, a Embaixada em Kiev continua transmitindo orientações por meio de mensagens em seu site (kiev itamaraty.gov.br), em sua página no Facebook (facebook com/ Brasil.Ukraine) e em grupo do aplicativo Telegram (t me/s/embaixadabrasilkiev).
Portaria
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), disse que o Brasil vai fazer uma portaria para garantir o acesso de ucranianos ao passaporte humanitário brasileiro. Ele afirmou que não há previsão de imposição de sanções do Brasil para a Rússia em decorrência do conflito. Diz que o Brasil possui uma “dependência enorme” dos fertilizantes russos e, em caso de sanções, o agronegócio seria “seriamente afetado”.
O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, afirmou nesta quarta-feira (2) que o país está aberto a negociações com a Rússia, mas até agora só recebeu ultimatos. A guerra na Ucrânia entrou no sétimo dia com o aumento de bombardeios russos. Segundo ele, os russos exigem uma série de condições para encerrar o conflito, como a retirada de tropas e o compromisso de que a Ucrânia não integrará a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“Nós estamos abertos a negociações. Mas devem ser negociações e não os ultimatos da parte russa”, afirma o encarregado. Ontem deveria ocorrer uma nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, mas a reunião foi adiada para esta quinta-feira (3).