Motoristas de ônibus, que estavam em greve desde segunda-feira, 24 de maio, voltaram ao trabalho nesta quarta-feira (26) depois que o desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, doTribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), concedeu liminar ao Consórcio PróUrbano – grupo concessionário formado pelas viações Rápido D’Oeste (50%) e Transcorp (50%) – e determinou a volta gradual da circulação dos ônibus do transporte público.
Porém, apenas parte dos cerca de 600 motoristas trabalhou ontem. Nesta quinta-feira (27), a categoria vai parar de novo, mas não por causa da greve. Começou hoje o lockdown de cinco dias decretado pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB). A medida restritiva para tentar contar a propagação do coronavírus vai até segunda-feira (31).
A Justiça do Trabalho estipulou que, em horários normais, ao menos 35% dos ônibus da frota disponível na pandemia, de aproximadamente 248 veículos, deveriam rodar pela cidade. Nos horários de pico, compreendidos das seis às oito horas da manhã e das 17 às 19 horas, a quantidade sobe para 50%.
O Consórcio PróUrbano conta com 356 veículos que cumprem 118 linhas em Ribeirão Preto, mas na pandemia o grupo trabalha com 80% de seu potencial.
Em caso de desobediência, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte Urbano e Suburbano de Passageiros de Ribeirão Preto (Seeturp) terá de arcar com multa diária de R$ 1 mil por cada trabalhador.
Uma nova audiência de conciliação a ser realizada por vídeo conferência foi marcada para a próxima terça-feira, 1º de junho. Segundo o presidente do Seeturp, João Henrique Bueno, apenas 58 veículos saíram das garagens na manhã de ontem, quando 66 deveriam rodar fora dos horários de pico. Já na “hora do rush”, ao menos 124 ônibus teriam de atender a população.
Marcelo Galli, superintendente da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), entrou em contato com o consórcio e ambos notificaram o sindicato para que a categoria voltasse com 50%, pois estava bem abaixo na manhã de ontem. Na liminar, o desembargador reconhece o direito constitucional da greve, mas afirma que o transporte coletivo é considerado serviço essencial à população.
O protesto é contra o atraso no pagamento do vale mensal deste mês, que deveria ter sido creditado no dia 20, e para cobrar o início da campanha de vacinação contra a covid-19, que ocorreu ontem. O pagamento do vale dos motoristas corresponde a cerca de R$ 1 milhão. O Tribuna apurou que uma proposta para o pagamento do vale, junto com o salário de maio, em 5 de junho, foi recusada pela categoria.
Cerca de 90 mil pessoas foram afetadas com a paralisação, a maioria de trabalhadores, grande parte de cidade da região. Segundo Roque Felício Netto, diretor presidente do Consórcio PróUrbano, o pagamento não foi realizado por falta de dinheiro em caixa. O empresário lembra que, desde março do ano passado, com o início da pandemia de coronavírus, as empresas têm enfrentado problemas financeiros em função da queda do fluxo de passageiros.
O empresário argumenta que a interrupção da gratuidade dos estudantes no transporte coletivo, por causa da suspensão das aulas presenciais, também acabou contribuindo para o agravamento da crise. Antes da interrupção a prefeitura fazia o repasse mensal, bancava as passagens deste grupo. Entretanto, sem estes recursos, cerca de R$ 1 milhão mensais deixaram de entrar no caixa do PróUrbano. O último repasse ocorreu em março do ano passado, no valor de R$ 520 mil.
Vacinação
A Secretaria Municipal da Saúde aplicou nesta quarta-feira, 26 de maio, a primeira dose da vacina contra a covid-19 em 344 motoristas do transporte coletivo público municipal. Apesar de ter recebido 630 ampolas na sexta-feira (21), a pasta reservou 550 frascos para esta etapa da campanha. Mesmo assim, apenas 62,5% dos condutores de ônibus agendaram a vacinação por meio do site da prefeitura de Ribeirão Preto.
Segundo a pasta, os outros 106 profissionais que não se credenciaram (37,5%) são de outros grupos prioritários, como idosos acima de 60 anos ou pessoas com comorbidades. Gilberto Ignácio foi o primeiro motorista a ser vacinado contra a covid-19 em Ribeirão Preto. A vacinação teve início às oito horas e ocorreu na sede da Transerp, na rua General Câmara nº 2.910, Jardim Presidente Dutra II, Zona Norte.