Somente no estado de São Paulo, no ano passado, foram registrados 18.909 desaparecimentos e 16.317 encontros de pessoas. Em 2019, foram 18.913 e 15.069, respectivamente. Neste ano, até o momento, foram mais de 6,4 mil desaparecimentos e 5,5 mil encontros. Para tentar auxiliar na busca por pessoas desaparecidas a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) disponibiliza um em seu portal um banco de dados com informações sobre características físicas das pessoas desaparecidas com livre acesso para o público.
Segundo levantamento feito pelo Tribuna na tarde de sexta-feira, dia 6, o portal registrava 1.376 pessoas desaparecidas até aquele momento. No entanto, o número pode ser diferente tanto para mais quanto para menos.
O número menor pode ser explicado pelo fato da não comunicação ou não comunicação imediata dos encontros dessas pessoas. Por outro lado, pode haver um lapso de tempo entre a comunicação da ocorrência, quando esta é feita, e a implantação no cadastro. Isso pode ser exemplificado com um caso recente em Ribeirão Preto: o desaparecimento do músico Paulo Sergio da Silva, de 48 anos, também conhecido como “Paulo Batera”. Apesar de a ocorrência ter sido registrada em 10 de julho, o seu desaparecimento não constava no cadastro disponível no site da SSP.
Em contato com a assessoria da SSP, nossa reportagem perguntou se todos os boletins de ocorrência de desaparecimentos são direcionados ao site e se há um tempo entre o boletim lavrado e sua publicação. Perguntamos também se ha um perfil geral de pessoas desaparecidas. No entanto, até o fechamento da edição na tarde de sexta-feira (06), não foi dado retorno.
Ribeirão Preto e região
O cadastro aponta 18 desaparecidos nas 34 cidades que compõem a Região Metropolitana de Ribeirão Preto, sendo sete na cidade de Ribeirão Preto. Desses sete desaparecidos, cinco são homens adultos, uma mulher adulta e uma adolescente de 16 anos. O desaparecimento mais antigo é de janeiro de 2014.
Os demais desaparecidos são: homens em Guariba (1), Jaboticabal (2), Jardinópolis (1), Morro Agudo (1), Orlândia (1); mulher em Serrana (1); e criança e adolescentes em Monte Alto (16 anos) Santa Rita do Passa Quadro (8 anos) e São Simão (13 anos).
Acesso
Para encontrar as informações no banco de dados é necessário acessar o site da Secretaria de Estado da Segurança Pública (ssp.sp.gov.br), clicar no link “Pessoas Desaparecidas”. Além de uma foto do desaparecido, há informações complementares como filiação, idade altura, cor de cabelo, pele e olhos, e a data de desaparecimento.
Perfil de desaparecidos
O Ministério Público do Rio de Janeiro publicou um estudo que traçou o perfil de pessoas desaparecidas naquele estado.
Ao analisar quase 28 mil casos registrados no Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) o órgão constatou que a maioria dos desaparecidos é homem, de cor declarada parda, com idade entre 12 e 17 anos. Confira os dados abaixo:
Perfil de desaparecidas
Sexo Homens…………………………………………………………65,36% Mulheres………………………………………………………..34,64% Cor da pele declarada Preta……………………………………………………………..29% Parda…………………………………………………………….42% Branca…………………………………………………………..29%
Faixa etária
0 -11 …………………………………………………………….7,3% 12 -17……………………………………………………………28,56% 18 -25……………………………………………………………20,97% 26 -30……………………………………………………………8,06% 31-35……………………………………………………………6,64% 36 – 65………………………………………………………….22,96% Mais de 65……………………………………………………..5,51%
Amostragem: 27.686 casos
Fonte: PLID/MPRJ
Nogueira foi o autor da Lei que instituiu a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas
A Lei 13.812, aprovada em 2019, que instituiu a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, é de autoria de Duarte Nogueira (PSDB), hoje prefeito de Ribeirão Preto, quando ocupava uma cadeira na Câmara de Deputados.
O decreto que regulamenta a Política foi publicado no Diário Oficial da União em 10 de fevereiro. A política define as atribuições dos órgãos federais e cria um comitê gestor.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), é responsável por coordenar as ações de cooperação operacional entre órgãos de segurança e autoridades estaduais. A pasta também tem que consolidar informações em nível nacional, elaborar o relatório anual de estatísticas sobre pessoas desaparecidas e gerenciar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas.
Perguntado sobre o tema, Nogueira ressaltou os números de desaparecimentos no Brasil: 62.857 pessoas desaparecidas, são 172 casos por dia, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021.
“Este número sempre foi expressivo em nosso país, o que levou a equipe que trabalhou comigo enquanto estive deputado federal, a estudar uma forma de levar esperança a milhares de famílias que sofrem com o desaparecimento de pessoas queridas. Tudo que fazemos na vida produz reflexos. Nesse caso o resultado foi muito positivo, pois estamos tornando possível ajudar a encontrar as pessoas desaparecidas. Esta iniciativa acabou sendo aprovada pela Câmara dos Deputados em 2017, quando já estava prefeito de Ribeirão Preto, sancionada em 2019 pelo presidente da República e regulamentada em fevereiro de 2021, reforçando a certeza de que colhemos frutos deste importante projeto”, disse Nogueira.
O banco de dados em nível estadual, resultado da Lei 15.292/14, que criou a Política de Busca de Pessoas Desaparecidas, é iniciativa do deputado Edmir Chedid (DEM).
Desaparecidos
Constantemente as páginas do Tribuna, site e redes sociais registram casos de desaparecimentos. Em muitos casos, os sumiços são solucionados rapidamente para alívio de familiares. Muitas dessas histórias estão relacionados às desilusões amorosas, encontros, brigas familiares, uso de drogas e outros.
Outros casos, no entanto, são verdadeiros mistérios. O mais recente é do adolescente Wesley Pires Alves Filho, de 14 anos, da cidade de Franca. No dia 28 de agosto de 2020, o menino saiu da casa onde morava com os pais e as duas irmãs para ir até um varejão da cidade.
A polícia e a família já realizaram buscas em diferentes cidades e estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, em sítios, fazendas, e até em vilarejos. Nenhuma informação deu sinais do paradeiro do garoto.
Paulo Batera
Nesta semana, o jornal trouxe o desaparecimento de Paulo Sergio da Silva, de 48 anos, também conhecido como “Paulo Batera”. Ele está sendo procurado desde o dia 10 de julho, quando foi visto pela última vez. De acordo com boletim de ocorrência, Paulinho saiu da casa onde mora, no Jardim Mosteiro, na zona Norte de Ribeirão Preto, e não foi localizado.
No relato policial registrado pela irmã do músico, Juliana Maria da Silva, de 58 anos, é descrito que ele é soropositivo e também dependente químico, mas nunca chegou a ficar fora de casa por tanto tempo.
No auge da carreira, Paulinho chegou a tocar em bandas de cantores famosos, como Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.