A Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou a avaliação de risco de contágio e de impacto do coronavírus, a nível global, de “alto” para “muito alto”, igualando a classificação mundial à da China. No entanto, a entidade não declarou o surto uma pandemia. “O contínuo aumento no número de casos e de países afetados nos últimos dias é uma clara preocupação”, afirmou o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Segundo a OMS, fora do país asiático, 4.351 pessoas foram diagnosticadas com a doença em 49 países, entre as quais 67 morreram. Já em território chinês, são 79.251 casos e 2.835 mortes – no total, são 83.602 pessoas com o Covid-19 e 2.902 óbitos. “Nas últimas 24 horas, a China reportou 427 casos e 47 mortes”, revelou Tedros. Apesar disso, o órgão internacional acredita que, embora tenha potencial para se tornar uma pandemia, não seria prudente declará-la como tal neste momento.
Isso porque essa classificação sugere que todas as pessoas do mundo serão expostas ao vírus, o que ainda não é o caso. “Ainda temos chances de conter o coronavírus, se forem tomadas ações robustas para detectar casos cedo, isolar e tratar pacientes e identificar a rede de transmissão”, explicou o diretor-geral. Mesmo assim, o diretor executivo da entidade, Michael Ryan, alertou que os sistemas de saúde, em todo o mundo, ainda não estão totalmente preparados para um cenário pandêmico.
A mortalidade na China estava em torno de 2,3%. A maior parte das vítimas tem mais de 60 anos. Fora do país asiático, a taxa de letalidade está em 1,55%. Especialistas acreditam que muito provavelmente esse valor será o mais próximo da realidade quando a epidemia se estabilizar, porque provavelmente muitas pessoas sem sintomas ou com sintomas muito leves na China acabaram nem sendo relatadas. A influenza sazonal, apesar de mais espalhada por todo o mundo, mata em apenas 0,1% dos casos.
Vacinas
Tedros Adhanom Ghebreyesus informou que mais de 20 vacinas contra coronavírus estão sendo desenvolvidas em testes clínicos pelo mundo e que os primeiros resultados são esperados para as próximas semanas. Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, o médico etíope disse que a maior parte dos pacientes diagnosticados com a doença será eventualmente curada. “A chave para conter o coronavírus é quebrar as redes de transmissão”, explicou.
Segundo representantes da entidade, investigações estão sendo realizadas para entender por que o vírus foi identificado em um cachorro, em Hong Kong. Também estão sendo conduzidos estudos para descobrir o hospedeiro intermediário do patogênico. A OMS também negou que haja evidências de que o coronavírus tenha comportamento diferente em países tropicais, como Brasil e México, que confirmaram os primeiros casos latino-americanos esta semana.