O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, declarou nesta quarta-feira, 11 de março, que a entidade elevou o estado da contaminação pelo novo coronavírus como pandemia. O anúncio surge quando há mais de 120 países com casos declarados de infecção. A mudança de classificação não se deve à gravidade da doença, e sim à disseminação geográfica rápida que o Covid-19 tem apresentado.
“A OMS tem tratado da disseminação [do Covid-19] em uma escala de tempo muito curta, e estamos muito preocupados com os níveis alarmantes de contaminação e, também, de falta de ação [dos governos]”, afirmou Adhanom no painel que trata das atualizações diárias sobre a doença. “Por essa razão, consideramos que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia”, explicou durante a conferência de imprensa em Genebra.
Adhanom disse que mudança ocorre depois que, nas últimas duas semanas, o número de casos fora da China se multiplicou por 13. Para evitar criar o pânico, ele acrescentou, “não podemos dizer isto de forma mais clara ou contundente. Todos os países podem mudar o curso desta pandemia. Estamos nisto juntos e precisamos de fazer com calma aquilo que é necessário”, frisou o responsável da OMS.
O diretor-geral para situações de emergência, Mike Ryan, sublinhou por sua vez que a utilização da palavra “pandemia” é meramente descritiva da situação e “não altera em nada aquilo que estamos fazendo”. Um dos casos mais preocupantes é o do Irã. A OMS considera que a situação no país é “muito grave” e apelou para maior vigilância e maiores cuidados dos doentes.
A organização considera que os iranianos estão fazendo o que podem, mas enfrentam falta de material e de equipamentos médicos. A OMS enviou 40 mil testes nas últimas 24 horas, mas os suprimentos são “muito, muito escassos” e está difícil encontrar fornecedores.
A OMS afirma que alguns países “não estão fazendo nada” para afastar o contágio em massa do coronavírus, mas ressalta que, como entidade, não interfere no modo de agir de cada nação. Ainda assim, pediu aos governos para aumentarem o número de funcionários de seus sistemas públicos de saúde, por conta da epidemia.
“A taxa de mortalidade do coronavírus se mostra muito maior do que de um influenza comum”, ressaltou Tedros Adhanom Ghebreyesus. “O que custa mais, o isolamento ou mortes e falência do sistema de saúde?”, questionou. A OMS ainda ressaltou que práticas de contenção da doença resultaram em redução de casos na China e na Coreia do Sul.
No panorama global, o número de casos continua subindo. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, que monitora o novo coronavírus em parceria com institutos e ministérios de saúde de diversos países, 121.564 pessoas foram diagnosticadas com Covid-19. O número de mortes, no momento da reportagem, é de 4.373.
O número de pessoas que não apresentam mais sintomas após terem sido diagnosticadas – portanto, consideradas curadas – está em 66.239. Já a OMS informou que, segundo seu balanço mais recente, há atualmente mais de 118 mil casos de coronavírus confirmados, em 114 países, com 4.291 mortes.
Na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a declaração de pandemia não muda as medidas no Brasil. O país continua com o monitoramento das áreas atingidas e com as iniciativas e protocolos já anunciados. Ele afirmou que o Brasil já estava ciente do risco de ampla disseminação do vírus e está preparado para combater e tratar os casos da doença.
“De uma maneira até certo ponto tardia, a OMS concorda com a posição brasileira de que estávamos frente a uma pandemia”, disse. Pandemia é uma situação que um vírus tem uma alta capacidade de presença em continentes e transmissão sustentada em vários desses continentes. O Brasil já vinha alertando para isso. Então, pacificando essa questão, o vírus começa a ser melhor decifrado quanto ao seu comportamento”, afirmou Mandetta, durante participação na comissão da Câmara dos Deputados que trata do assunto.