Tribuna Ribeirão
Política

Ofícios tentam manter verba de Santas Casas

O deputado estadual Rafa­el Silva (PSB) enviou ofícios ao governador João Doria (PSDB) e ao secretário estadual de Saú­de, Jean Gorinchteyn, na tarde desta quarta-feira, 27 de janeiro, pedindo que o governo cancele a redução de verbas para Santas Casas e hospitais filantrópicos e mantenha o pagamento de 100% dos recursos.

A medida, tomada no início deste ano, atinge 180 unidades hospitalares, muitas delas em Ribeirão Preto e na região. As instituições podem deixar de receber cerca de R$ 80 milhões em 2021. Para Rafael Silva, é pre­ciso reunir todos os esforços no sentido de que as verbas da área da saúde sejam mantidas ou até ampliadas, principalmente num momento tão grave.

“Esses hospitais estão aten­dendo mais de 70% dos pa­cientes de covid-19. Pedimos ao governo que reveja essas contas. As Santas Casas precisam dessa verba”, ressalta. Segundo a Fede­ração das Santas Casas e dos Hos­pitais Beneficentes de São Paulo (Fehosp), a redução chega a 12% do total dos recursos destinados ao custeio destas instituições e de­mais hospitais filantrópicos, re­tirados do Programa Pró-Santa Casa e do Programa Sustentável.

“Sabemos dos esforços do governo sobre a imunização, sobre a busca por vacinas, claro. Outras ações administrativas podem ser questionáveis, sim, como tem acontecido em todo o mundo. Mas sem parte des­ses recursos, e com a tabela SUS defasada, essas instituições vão ter ainda mais dificuldades este ano. Por isso nossa preocupação, nosso pedido ao governo do Es­tado”, afirma o deputado.

A resolução que corta 12% dos programas Pró-Santas Ca­sas e Santas Casas SUStentáveis foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) do dia 6. A Santa Casa de Misericórdia dei­xará de receber R$ 1,2 milhão por ano e corre o risco de não conseguir oferecer o mesmo atendimento de hoje. O valor é significativo e impactará direta­mente nos serviços prestados, já que a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) é defasada.

O valor repassado pelos programas ajuda no custeio do hospital. A Santa Casa de Ribei­rão Preto destina mais de 60% do atendimento aos pacientes do SUS, é um hospital de mé­dia e alta complexidade e realiza transplante renal.

A resolução afeta direta­mente recursos essenciais para os hospitais, que são responsá­veis por mais de 50% do aten­dimento do SUS, especialmente no interior do estado, onde os equipamentos de saúde são refe­rência para a alta complexidade.

Em meio à maior crise de saúde mundial, as 180 entida­des que realizam grande parte do atendimento no Estado terão corte de R$ 80 milhões ao ano. O Programa Pró-Santa Casa atende 117 instituições e os SUS­tentáveis, outras 63. Em mais de 200 municípios paulistas, a San­ta Casa ou o hospital filantrópico é o único equipamento de saúde para atendimento à população.

O setor que destina mais de 47 mil leitos de enfermaria, mais de sete mil leitos de UTI ao SUS, representa mais de 50% das internações e mais de 70% dos atendimentos em alta complexidade, como oncolo­gia, cardiologia e transplantes, está indignado com a resolu­ção do governo estadual.

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