O ambiente oficial do Brasil está entregue à mediocridade furiosa. Ela quer destruir não só a Amazônia, mas também os povos indígenas. Mais ainda, ela ataca a universidade, a educação, a estrutura de conselhos participativos, se postando contra o pluralismo na política interna, e contra o multilateralismo de organismos internacionais. Enfim, pretende-se desossar o Estado, escolhendo como bode expiatório o servidor público.
Fiquemos nessa conceituação genérica, para não se destacar a prevalência dos interesses dos países, na relação pessoal de qualquer compadrismo aparente e afetado, para acentuar que nesse clima armado de preconceito e ódio, que intoxica e abala profundamente a institucionalidade do país, o protagonismo dos direitos humanos de nossa Constituição, celebrada pela generosidade de nosso povo, como resposta ao período pós-ditadura, só não está em recesso, porque são universais e em regra são expressão imanente de nossa dignidade.
Se os zeladores dos campos de concentração nazista achavam que o futuro deles era somente aquele presente sinistro e trágico, o Tribunal de Nuremberg provou que a dignidade de cada pessoa, judia e ou não, não pode ser pisoteada e morta, muito menos daquela maneira coletiva e fatídica.
Pois então. Os direitos humanos, se ganharam sistematização com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a consciência de cada época gera novos direitos, na cruzada criadora da democracia sempre inacabada.
Entretanto, direitos humanos, se nasceram da fonte cristã, que coloca a pessoa no centro do mundo, ou se nasceram da razão humana, o fato é que eles representam um desenvolvimento histórico-civilizatório, que decepcionará quem acredita no fim da história, porque o ódio e a estupidez atuais assim o desejam.
Mas, as ideias generosas do respeito, da tolerância na convivência com justiça, para a construção demorada e participativa da democracia, necessitaram, como necessitam,da consciência, dos braços, da pernas, da fé e de seu fervor, para que sejam semeadas nos corações e na consciência das pessoas.
O texto transcrito em seguida, escrito por Ivo Amado Borghini, em comemoração aos 71 anos da Declaração Universal dos Direito Humanos, celebra o inesquecível evento histórico, acontecido em nossas terras, e que colocou a fé de religiões distintas, no fecundo campo do ecumenismo:
“No dia 22/11, nos Estados Unidos faleceu o Rabino Henry Sobel. Ao lado de D. Paulo Evaristo e do Pastor Jaime Wright, tornou-se um ícone na defesa dos Direitos Humanos, sobretudo quando recusou-se a sepultar o jornalista Wladimir Herzog, na área reservada aos suicidas no cemitério israelita. Seu gesto significou a veemente recusa a versão oficial de que ele se suicidara”.
Crê-se, pois, que na fonte convergente da fé está o desenho de uma convivência fraterna futura, que enterrará a maldade, o ódio e o preconceito, por representarem época ultrapassada e impossível de ressurgir. Tal é a força da esperança.