A prefeitura de Ribeirão Preto vai investir cerca de R$ 21 milhões na revitalização da avenida Nove de Julho, um dos cartões-postais da cidade e que corta vários bairros – Centro, Vila Seixas, Higienópolis, Jardim Sumaré etc. A Secretaria Municipal da Infraestrutura já promoveu reparos emergenciais na via.
Somente neste ano, nove trechos onde havia paralelepípedos soltos foram contemplados para evitar prejuízo ao motorista – além de danificar o veículo, o problema ainda pode provocar acidentes se o condutor não estiver atento. Será recuperado todo o pavimento.
Os paralelepípedos serão retirados e preservados para implantação da base, com reforço em concreto, como é realizado nas obras dos corredores de ônibus. O diferencial está na implantação da base de área e realocação dos paralelepípedos no lugar do asfalto. Esse trabalho permite manter a qualidade do pavimento por mais tempo de uso.
Todo o canteiro central será restaurado, preservando os mosaicos de pedras portuguesas e as árvores, que não serão retiradas. Com a obra, será possível implantar acessibilidade nos cruzamentos e retornos da avenida, com rampas de acesso para cadeirantes, piso tátil direcional e de alerta indicando os pontos de espera e de travessia.
O projeto para restauração da avenida está sendo elaborado e a licitação deve ser concluída em 120 dias. As obras devem começar no primeiro semestre de 2022. A administração já concluiu o projeto executivo e obteve um empréstimo de R$ 70 milhões junto à Caixa Econômica Federal, por meio do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa).
Deste valor, R$ 21 milhões serão destinados para a revitalização da via. O contrato foi assinado na tarde de terça-feira, 24 de agosto, pelo o prefeito Duarte Nogueira (PSDB), os secretários Antonio Daas Abboud (Governo), Ricardo Aguiar (Casa Civil) e Afonso Reis Duarte (Fazenda) e os representantes do banco estatal.
A Caixa foi representada pelos superintendentes executivos Francisco Ricardo da Silveira e Rodrigo Gonçalves Mendonça e o gerente Jefferson Luiz Coutinho. Além da revitalização da Nove de Julho, o montante vai gerar investimentos em obras voltadas para a cultura, saúde, Assistência Social e Mobilidade Urbana.
Além de estratégicas para a cidade, as obras irão gerar emprego e fortalecer políticas sociais. “A Nove de Julho é um importante cartão postal da cidade, mas com grande fluxo de veículos e pessoas. Recuperar este patrimônio é devolver à população a avenida da forma que foi construída, mantendo toda sua originalidade”, explica Pedro Luiz Pegoraro, secretário de Obras Públicas.
Outra importante intervenção que faz parte da obra de restauro da avenida Nove de Julho é a implantação de duas galerias de águas pluviais de grande porte, com todo o atual sistema de drenagem da avenida refeito e melhorado. O escoamento das galerias será pelas ruas São José e Comandante Marcondes Salgado até o córrego Retiro Saudoso, na avenida Doutor Francisco Junqueira.
Este escoamento será importante também para auxiliar parte da drenagem das águas pluviais do centro. Após pronta, a avenida fará parte do total de 11 corredores de ônibus que estão sendo implantados em Ribeirão Preto pelo Programa Ribeirão Mobilidade, totalizando 56 quilômetros que percorrerão as principais avenidas do município.
A situação da Nove de Julho também envolve burocracia e cautela, já que a via – incluindo seus paralelepípedos e as pedras portuguesas do canteiro central – é tombada desde 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac). Por ser considerada patrimônio histórico da cidade, a Nove de Julho não pode ter o projeto original alterado.
A história da Nove de Julho
Considerada um cartão-postal da cidade, a Nove de Julho foi planejada pelo prefeito João Rodrigues Guião, em 1921. Os primeiros quarteirões da avenida, entre a Tibiriçá e a São José, foram entregues no dia 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Independência, quando também foi inaugurado o obelisco comemorativo à data.
Ficava no entroncamento da então avenida Independência com a rua Tibiriçá. Posteriormente, o obelisco foi transferido para a confluência com a atual Independência. A avenida passou a se chamar Nove de Julho em 1934 em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. No ano de 1949, durante o governo do prefeito José de Magalhães, foram iniciados os estudos para o prolongamento da avenida entre as ruas Sete de Setembro e a atual Independência.
Ainda no ano de 1949, a Nove de Julho foi calçada com paralelepípedos entre as ruas Barão do Amazonas e Cerqueira César, além de receber o plantio de 40 árvores da espécie sibipiruna. Ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residências construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o estilo moderno.
Durante a década de 1960, a avenida abrigou algumas das principais mansões de propriedade da elite econômica da cidade. Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial. Ao longo dos últimos 20 anos ela se transformou no principal centro financeiro da cidade e região.
É famosa pelas frondosas sibipirunas. Mesmo com a transformação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas características que lembram a década de 1950 – os paralelepípedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais.
Ao longo de seus pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de seguradoras, consórcios, bares, restaurantes, lanchonetes etc. Um dos principais problemas para a manutenção dos paralelepípedos da avenida é a falta de mão de obra especializada. Os últimos calceteiros se aposentaram e faltam profissionais na área.