Depois de registrar crescimento médio de 0,72% no acumulado do ano passado, em comparação com 2022, as vendas nas lojas ribeirão-pretanas dispararam 7,3% em janeiro, desaceleraram a 3,1% em fevereiro, encerraram março com alta tímida de 1,5%, emplacaram a primeira queda do ano em abril, de 2%, e em maio recuaram mais 3,5% em relação ao mesmo período de 2023, quando a alta foi de 6,2%, aponta levantamento do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV).
Foi o segundo resultado negativo consecutivo. Antes de abril, o varejo ribeirão-pretano não registrava queda desde novembro do ano passado (-2,5%) – mês da Black Friday. Nem o Dia das Mães, considerada a segunda melhor data para o comércio varejista depois do Natal, conseguiu impedir segurar a retração em maio. Segundo o CPV, as obras de mobilidade continuam atrapalhando as vendas
Antes, houve queda de 6,88% em janeiro de 2023 – subiu em fevereiro (5,8%), em março (5%), abril (5%), maio (6,2%), junho (3,21%), julho (2%), agosto (2,6%), setembro (1,5%), outubro (6,5%) e dezembro (3%). O CPV é mantido por Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão e Região (Sincovarp) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP).
Segundo Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV, o impacto das obras de mobilidade foi decisivo para esse resultado. Porém, para efeito de comparação, segundo dados da Serasa Experian, o nível médio de atividade do comércio, no Brasil, teve redução de -3,2% na semana que antecedeu ó Dia das Mães, na comparação com 2023. Na cidade de São Paulo, o indicador apresentou queda de -4,7%.
“Em Ribeirão Preto, a queda só não foi maior porque tivemos a Agrishow e o Ribeirão Rodeo Music, no comecinho de maio, além do Dia das Mães. O fato de sermos uma capital regional de consumo, que recebe milhares de clientes das cidades do entorno, também ajudou a amenizar a situação. Resumindo: tivemos um leve pico de vendas, nos primeiros dias de maio, e, depois, uma queda de performance no restante do mês”, analisa Diego Galli Alberto.
Obras de mobilidade – Ainda segundo Galli Alberto, a pesquisa ainda revelou que, assim como ocorreu em abril, os impactos das obras de mobilidade contribuíram para o resultado negativo do comércio varejista em maio. “É bem verdade que as obras avançaram e, com isso, tivemos a liberação de algumas vias importantes. No entanto, outras vias foram interditadas”, ressalta.
“O fato é que grande parte dos consumidores evitou não somente aos trechos em obras, mas, também, às regiões no entorno das intervenções: Centro, avenidas Nove de Julho e Treze de Maio. Na Dom Pedro I, no Ipiranga, a proibição total de estacionamento continuou impactando os comerciantes que, segundo pesquisa realizada pelo CPV, tiveram queda média de -45% nas vendas desde que o corredor de ônibus começou a funcionar na via em outubro de 2022. O movimento de clientes caiu -42% e a empregabilidade -33%”, emenda.
Análise macroeconômica – O pesquisador destaca que a incerteza com a economia também influenciou o desempenho negativo do Varejo em Ribeirão Preto e região. “Os impactos socioeconômicos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul geraram grande temor em diversos segmentos da cadeia produtiva nacional. De certa forma, essa notícia parece ter inibido o consumo. Outros fatores são o alto nível de endividamento da população brasileira e a aceleração da inflação que foi de +0,46%, em maio, ante +0,38% em abril”, observa.
Empregabilidade – A média de variação entre vagas de trabalho abertas e fechadas no varejo de Ribeirão Preto, em maio, foi levemente positiva em 0,5%, apontando para uma estabilidade. Esperando vendas mais aquecidas, especialmente com o Dia das Mães, alguns lojistas reforçaram suas equipes, porém, tal expectativa não se concretizou.
Índice de Confiança – Considerando uma escala de 1 a 5 pontos, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”, o Índice de Confiança Sincovarp/CDLO de curto prazo (sempre olhando para os três meses seguintes) registrou, em maio, média de 3,0 pontos (ante 2,6 pontos em abril), classificado como de regular para positivo. O índice de longo prazo (que olha para os doze meses seguintes), registrou média de 2,8 pontos (ante 2,7 no mês anterior), também classificado como de regular para positivo.
“Aqui percebemos a esperança dos lojistas de que o mês de junho (curto prazo), com Dia dos Namorados, temporada de festas juninas e chegada de frio mais intenso, possa impulsionar as vendas gerando uma certa recuperação. No longo prazo, a expectativa é mais pessimista muito por causa dos prováveis impactos do cenário eleitoral e da insegurança sobre o futuro da economia. Desde a pandemia, a vida do varejo não tem sido fácil”, diz.