A prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Comissão de Licitação da Secretaria Municipal de Administração, abriu nesta terça-feira, 18 de abril, os envelopes das duas empresas habilitadas para realizar as obras de implantação do corredor de ônibus e de restauração da avenida Nove de Julho, um dos cartões postais da cidade e que completou 100 anos em 7 de setembro do ano passado.
A Construtora Metropolitana é a favorita e pode vencer a concorrência pública nº 17/2022 por ter oferecido o valor mais baixo, de R$ 31.132.101,77, contra R$ 32.758.617,68 da Rual Construções e Comércio Ltda. A homologação deve ocorrer no final da semana que vem, após cinco dias úteis, período para análise dos documentos pelo setor técnico da Secretaria de Administração.
Neste intervalo, a segunda colocada também poderá interpor eventual recurso. O valor estimado em edital é de R$ 33.119.257,31. O processo licitatório havia sido suspenso em fevereiro. A concorrência foi lançada em 19 de janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas, o prazo para a execução dos trabalhos será de 18 meses a partir da assinatura do contrato com a empresa vencedora.
Segundo o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano e vice-prefeito Daniel Gobbi (PP), a avenida Nove de Julho será restaurada em dez quarteirões, uma área com extensão de 1,3 quilômetro que vai da rua Amador Bueno até a avenida Independência.
A obra
A obra contemplará o restauro do pavimento da Nove de Julho entre a avenida Independência e a rua Tibiriçá, do canteiro central no mesmo trecho, implantação de travessias com acessibilidade para pessoas com deficiência nos cruzamentos e implantação de galerias de águas pluviais nas ruas Comandante Marcondes Salgado e São José, ligando a Nove de Julho à Doutor Francisco Junqueira.
Quanto aos paralelepípedos, um problema histórico da avenida, as obras incluem a escavação no solo de aproximadamente 50 centímetros para a colocação de uma base de concreto. Os paralelepípedos serão recolocados sobre essa base para que eles não afundem mais. Esse trabalho permitirá manter a qualidade do pavimento por mais tempo de uso.
Todo o canteiro central será restaurado, preservando os mosaicos de pedras portuguesas e as árvores, que não serão retiradas. Com a obra, será possível implantar acessibilidade nos cruzamentos e retornos da avenida, com rampas de acesso para cadeirantes, piso tátil direcional e de alerta indicando os pontos de espera e de travessia.
A história da Nove de Julho
Considerada um cartão postal da cidade, a centenária avenida Nove de Julho foi planejada pelo prefeito João Rodrigues Guião, em 1921. Os primeiros quarteirões, entre a Tibiriçá e a São José, foram entregues no Centenário da Independência, em 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Independência, quando também foi inaugurado o obelisco comemorativo à data.
Ficava no entroncamento da então avenida Independência com a rua Tibiriçá. Posteriormente, o obelisco foi transferido para a confluência com a atual Independência. A avenida passou a se chamar Nove de Julho em 1934 em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. No ano de 1949, durante o governo do prefeito José de Magalhães, foram iniciados os estudos para o prolongamento da avenida entre as ruas Sete de Setembro e a atual Independência.
Ainda no ano de 1949, a Nove de Julho foi calçada com paralelepípedos entre as ruas Barão do Amazonas e Cerqueira César, além de receber o plantio de 40 árvores da espécie sibipiruna. Ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residências construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o estilo moderno.
Durante a década de 1960, a avenida abrigou algumas das principais mansões de propriedade da elite econômica da cidade. Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial. Ao longo dos últimos 20 anos ela se transformou no principal centro financeiro da cidade e da região.
É famosa pelas frondosas sibipirunas. Mesmo com a transformação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas características que lembram a década de 1950 – os paralelepípedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais.
Ao longo de seus pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de seguradoras, consórcios, bares, restaurantes, lanchonetes etc. Um dos principais problemas para a manutenção dos paralelepípedos da avenida é a falta de mão de obra especializada. Os últimos calceteiros se aposentaram.
A via – incluindo seus paralelepípedos e as pedras portuguesas do canteiro central – é tombada desde 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), sendo a extensão do trecho preservado com início na rua Amador Bueno, seguindo até o cruzamento com a avenida Independência.
Outros elementos paisagísticos tombados são: o piso das calçadas de mosaico português do canteiro central e as árvores da espécie sibipiruna. Por ser considerada patrimônio histórico da cidade, a Nove de Julho não pode ter o projeto original alterado e as obras dependem de autorização do Conppac.