Em seu primeiro mandato parlamentar o vereador João Batista Malheiro (PP) afirma que seu objetivo político tem como fundamentação a busca do bem comum. Com forte vínculo com a Renovação Carismática da Igreja Católica, ele defende que a atuação de um parlamentar é muito mais do que a confecção e a criação de leis. “Somos o braço da população e com isso, nossa principal função é a fiscalização e cobrança,” garante. João Batista é casado, pai de duas filhas e trabalha há 26 anos no seguimento alimentício, em uma multinacional americana.
Em entrevista ao Tribuna, o parlamentar diz que na Legislatura passada a Câmara de Vereadores aprovava, em média, mais de 350 leis por ano, o que seria um número muito elevado em comparação com países desenvolvidos. “O excesso de leis não ajuda, apenas prejudica a população e toda a máquina pública. Isso é um problema cultural sobre o qual sempre busca medir o serviço, pela quantidade e não pela atuação com qualidade”, explica.
Tribuna Ribeirão – O senhor é um membro atuante da Renovação Carismática da Igreja Católica em Ribeirão Preto. Esse trabalho lhe ajudou a ingressar na vida política?
João Batista – Sim. Faço parte da Renovação Carismática Católica por 37 anos, nesse movimento Eclesial da Igreja, sempre gostei de participar de trabalhos sociais voltados para o bem comum. Dentro do Ministério de Fé e Política, tomei ciência de que a “política é uma vocação de serviço”, como afirma o papa Francisco. Sendo uma forma de expressão à caridade. Então, toda essa atividade, com incentivo de amigos e da família despertou em mim, a vontade de ser vereador.
Tribuna Ribeirão – Que avaliação faz da atual administração?
João Batista – Muitos são os problemas que essa Administração herdou. Contudo, isso não a exime de responsabilidade de muitos pontos críticos que ainda vemos em nossa cidade. Vejo um grande déficit em nossa Saúde, bem como na Educação. Por outro lado, tenho percebido certa vontade dela em solucionar problemas, e vislumbro que mesmo que a passos curtos, temos caminhado para frente. Creio que em longo prazo ou até mesmo já na administração da próxima legislatura, encontraremos uma cidade com suas contas mais equilibradas e aí sim, acredito que enquadraremos nossa cidade no patamar que ela merece.
Tribuna Ribeirão – Em sua avaliação no que o governo até o momento errou e no que ele acertou?
João Batista – Na minha opinião possivelmente o maior erro dessa atual administração tenha sido a falta de diálogo com a população e entidades representativas da sociedade, para a solução de alguns assuntos. Com isso, temos esbarrado e atrasado a aprovação de diversas leis importantes para o desenvolvimento de nossa cidade. Problemas que seriam resolvidos se houvesse em sua base, diálogo e abertura.
É inadmissível que ainda não tenhamos um Plano Municipal da Educação aprovado, o quanto temos perdido no desenvolvimento da Educação da nossa cidade, pela falta de vontade de diálogo e com discursos ideológicos.
Quanto a situação do Sistema Único de Saúde ainda estamos parados no sistema precário de estrutura e de atendimento para a população, sofremos com a falta de uma Ambulatório Médico de Especialidade que atenda a população sem as longas e desgastantes demora existentes
Tribuna Ribeirão – Como o senhor classifica a atual Câmara Municipal no que diz respeito à atuação parlamentar?
João Batista – Vejo que essa é, em comparação com os últimos vinte ou até trinta anos, uma Câmara Municipal mais democrática e representativa para a população. Temos vereadores de diferentes segmentos culturais sociais. Tivemos em nossa cidade uma reformulação de mais de 2/3 do quadro de vereadores, o que foi muito bom, pois todos têm pautado sua atuação para o bem da população. Vejo que a atual Câmara possui uma atuação engajada no bem comum e no intenso trabalho fiscalizatório e independente.
Tribuna Ribeirão – Quais são os seus projetos que o senhor considera mais relevantes para a população?
João Batista – Quando iniciei a minha legislatura procurei levantar leis aprovadas de legislaturas anteriores que estavam em desuso e sem qualquer fiscalização. Sempre tive em mente, que a atuação de um parlamentar é muito mais que a confecção e a criação de leis. Somos o braço da população e com isso, nossa principal função é a fiscalização e cobrança.
Pude verificar que a legislatura passada aprovava, em média, mais de 350 leis por ano, o que demonstra um número muito elevado, se nos pautarmos nos países desenvolvidos. Uma vez que o excesso de leis não ajuda, apenas prejudica a população e toda a máquina pública. Isso é um problema cultural sobre o qual sempre busca medir o serviço, pela quantidade e não pela atuação com qualidade.
Nessa legislatura aprovei algumas leis e apresentamos projetos, voltados para proteção do Meio Ambiente, Saúde, Educação e para orientação e proteção ao consumidor.
Institui a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família, que no presente momento está fazendo estudos e pesquisas sobre o alto índice de suicídio nos jovens, adolescentes, para criarmos meios de conscientização e prevenção para essa triste realidade de todo o nosso país.
Quanto à Educação em nosso município, pautei por ter no gabinete uma assessoria que buscasse desenvolver um trabalho efetivo, inclusive com grande estudo e dedicação para o Plano Municipal da Educação, e todos os outros demais projetos da administração. Inclusive, no decorrer desses anos, sempre fiz parte da Comissão Permanente da Educação e também sou membro de outras comissões, inclusive da CPI da Educação que investiga a responsabilidade da Secretaria Municipal da Educação em virtude do óbito ocorrido de um aluno na unidade escolar.
Tribuna Ribeirão – Como o senhor se define em relação ao atual governo municipal?
João Batista – Sou independente, digo isso, pois busco pautar minha atuação no interesse da população e no que for melhor para a cidade como um todo. Nunca farei uma oposição vazia, para me declarar e me auto-afirmar como opositor e como também não sou cegamente favorável a determinado grupo ou situação. Ou seja, para cada projeto apresentado, o meu olhar é crítico, fundamentado e embasado no seu conteúdo e mérito proposto, e não em quem foi o seu autor.
Tribuna Ribeirão – O senhor é favorável a redução no número de vereadores para 22 na próxima legislatura?
João Batista – Não irei aqui, mensurar a quantidade de números que sou favorável, pois há nessa Casa de Leis, projetos em andamento, mas que ainda não foram colocados em pauta. Acredito que nessa votação, precisamos levar em consideração, que vivemos em um país democrático, com diversas etnias, ideologias. Ou seja, vivemos em uma sociedade com pluralidade de pensamentos e conceitos, em razão disso, possivelmente me pautarei na manutenção da representatividade da população, na manutenção da independência dos Poderes e na manutenção de uma Câmara eficaz na fiscalização e cobrança junto ao Poder Executivo.
Trata-se de uma situação delicada, que não podemos nos pautar em discursos que visam ludibriar a população, pois é preciso exercer uma legislatura norteado pelo bem comum, sendo necessário uma política pautada na verdade e que busque desmistificar conceitos deturpados.
Tribuna Ribeirão – Ser vereador era o que o senhor esperava?
João Batista – Sim. Porém, vejo que o correto não é ser, mas estar vereador. Os desafios são muitos. Desde a minha juventude procurava estar junto às pessoas e a sociedade. Estive sempre ligado a pessoas, nas instituições e serviços sociais. Penso que o vereador deve desenvolver seu papel na fiscalização geral, legislando em busca do bem comum, ou seja, o bem de toda a comunidade.
Estar vereador nos possibilita a prática da caridade, pois através da política podemos pensar e agir não em prol de uma pessoa ou um grupo e, sim agir em defesa de todos, como afirma o papa Francisco.
Portanto, estar vereador, é uma realização nesse tempo em que sou chamado a cumprir essa missão; de servir o outro. Estar vereador, é uma realização sim, mesmo que os projetos na prática demorem e, até não contemple essa realização. Acredito que o bem semeado hoje, será colhido amanhã. Isso é fazer o bem comum.