Em oito anos já são 46 mortes; cidade já superou em 155,55% o número de mortes do período anterior
Ribeirão Preto registrou 23 mortes em decorrência de dengue no ano passado, segundo dados do Painel de Arboviroses da Secretaria Municipal da Saúde atualizados em 8 de janeiro. Há sete óbitos em investigação, um deste primeiro mês de 2025. Os dados são atualizados semanalmente, com possibilidade de alterações pontuais.
Em oito anos já são 46 óbitos. A cidade já superou em 155,55% o número de mortes do período anterior – 14 a mais que os nove óbitos de 2023. Em 2024 foram duas em janeiro, seis em fevereiro, duas em março, duas em abril, seis em maio, quatro em junho e uma em agosto, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.
Em dezembro de 2022, a cidade teve um óbito, o único do período. A alta no em 2023 chegou a 800%, oito a mais. Em 2021, não houve casos fatais. Em 2020, ocorreram onze mortes, mas um caso era importado de São Simão, na região metropolitana. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrências fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%.
O número de 23 mortos pelo mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e das febres amarela e chikungunya – do ano passado já é o maior em pelo menos oito anos (desde 2016), superando os dez de 2020. Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus.
No ano passado, Ribeirão Preto registrou a maior uma epidemia de dengue da história considerando o número de casos registrados. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde, a cidade fechou 2024 com quase 44.000 vítimas do mosquito Aedes aegypti.
São 43.842, maior volume da história da cidade, superando em 25,11% o recorde de 35.043 registrado em 2016. São 8.799 a mais, além de 65.422 sob investigação. Também já soma 31.540 a mais que as 12.302 de 2023, aumento de 256,38%. Os dados são atualizados semanalmente e ainda podem ser alterados. A situação preocupa porque o sorotipo 3 voltou a circular no país.
São 565 casos em dezembro, contra 598 de novembro, 33 a menos e queda de 5,52%. Em janeiro já são 18 confirmados, além de 342 sob investigação. A prefeitura de Ribeirão Preto já intensificou as ações de combate ao Aedes aegypti neste início de ano, quando a tendência é de avanço da doença devido às chuvas de verão.
No sábado (11), as ações ocorreram nos bairros Jardim Recreio e Jardim Itaú, na Zona OesteDe acordo com Luzia Márcia Romanholi Passos, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, equipes recolheram 520 quilos de potenciais criadouros do Aedes aegypti. Foram vistoriados 1.823 imóveis e 273 focos de larvas do mosquito encontrados. Um total de 19 pneus também foram recolhidos.
Na semana passada foram confirmados mais 223 casos de dengue, contra 175 do período anterior. No ano passado, 16.072 tinham entre 20 e 39, outras 10.772 estavam na faixa dos 40 a 59 anos, 6.974 são do grupo entre 10 e 19 anos, 5.382 eram idosos acima de 60 anos, 3.037 crianças de 5 a 9 anos, 1.325 entre 1 e 4 anos e 280 eram bebês com menos de 1 ano de idade. Em 2025, dos18 casos confirmados, dois pacientes têm mais de 60 anos e seis estão na faixa entre 40 e 59 anos
Em 2024, a cidade registrou 12.915 casos na Zona Leste, além de 10.678 na Oeste, 8.599 na Norte, 6.429 na Sul e 5.193 na Central, além de 28 ainda sem identificação de distrito. Neste ano, são quatro na região Central, dois na Norte, cinco na Sul e um na Leste, além de seis sem identificação. Ainda não há confirmação na Zona Oeste.
O infectologista Antonio Bandeira, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que é comum observar um aumento nos casos de dengue durante o verão. No entanto, ele destaca que esse crescimento geralmente ocorre a partir de fevereiro ou março. É possível que o alto número de casos em 2024 tenha fornecido a uma parcela da população imunidade para alguns dos sorotipos da doença (são quatro ao todo: DENV-1, 2, 3 E 4), o que poderia restringir seu avanço.
Há, no entanto, uma diferença preocupante em 2025: a maior circulação do sorotipo 3. Ao contrair dengue, a pessoa fica imunizada permanentemente para o sorotipo que causou a infecção, mas não para os outros, daí a doença poder ser contraída mais de uma vez.
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, o tipo 1 predominou por boa parte de 2023 e 2024. O tipo 2 cresceu em importância ao longo do ano passado e, desde dezembro, foi observado um aumento significativo de casos causados pelo sorotipo 3, em especial em São Paulo, Amapá, Paraná e Minas Gerais.
“O sorotipo 3 não circula no Brasil desde 2008. São 17 anos sem esse sorotipo circulando em maior quantidade. Temos muitas pessoas suscetíveis”, disse Ethel em coletiva de imprensa do Ministério da Saúde.