O Vaticano, como Estado independente, livre, soberano e reconhecido pela comunidade das nações nasceu em 11 de fevereiro de 1929, quando o Tratado de Latrão, assinado pelo ditador Benito Mussolini e o Papa Pio XI foi ratificado e deu fim à Questão Romana. É um dos menores Estados do mundo. Mas, a origem dos poderes temporais do Papa remonta há muitos anos.
Advindo o Cristianismo, Roma passa a ser o centro dedifusão da nova religião. Com a transferência da sede do Império Romano para Constantinopla, surge um documento do Imperador Constantino, que transferia para o Papado a posse e propriedade da cidade de Roma, documento este posteriormente reconhecido como falso.
Mas, em 756, Pepino, o Breve, Rei dos Francos, doa grande porção de seu território italiano para o Papa Estevão III, consolidando assim o poder temporal e de chefe de estado do Pontífice.
Inúmeras outras doações, feitas no decorrer do tempo, viriam a constituir os Estados Pontifícios que ocupavam grande parte central da Itália. Concretizando os movimentos para a unificação italiana, em novembro de 1860, sob o comando de Vittorio Emanuele II funda-se o Reino da Itália. Em sequência, através de plebiscitos ou guerras, os Estados Pontifícios vão se anexando ao novo reino, até que, em 20 de setembro de 1870, o primeiro rei italiano derrota as forças papais, entra em Roma, transforma-a na capital do reino e abole a autoridade temporal do Papa Pio IX, refugiado no Vaticano.
Nestes 1.114 anos (756-1870), a Igreja Católica torna-se uma potência espiritual e temporal, exerce sua liderança absoluta sobre a Terra, dispõe e rege sobre a vida e a existência dos homens e transforma Roma em cidade emblemática como centro do mundo.
O Vaticano é hoje uma das maiores atrações religiosas e turísticas do planeta. Antes da pandemia, recebia o fabuloso contingente de 10 milhões de visitantes anuais (no Brasil são pouco mais de 6 milhões) que caminhando pela Via da Conciliação, chegam à Praça e à Basílica de São Pedro. Erguida entre 1506 e 1626, em 120 anos de muito trabalho, a atual igreja substitui a primeira basílica, construída por Constantino, Imperador Romano, entre 318 e 322, sobre o túmulo de São Pedro, na colina do Vaticano.
A atual igreja é maior do mundo, recebe até 60.000 pessoas em suas missas e guarda preciosas obras cristãs de arte, como a Pietá de Michelangelo, capelas todas decoradas com o que havia de mais requintado, pinturas e túmulos magistrais, bem como a cripta onde se enterram os Papas. Sua cúpula, do alto de seus 132 metros domina Roma, foi planejada por Michelangelo e executada numa época em que não se conheciam o cimento armado e as estruturas metálicas. Completa o conjunto a extraordinária e simétrica colunata de Bernini, abraçando a gigantesca Praça de São Pedro.
Outra atração imperdível são os Museus Vaticanos, localizados no Palácio Apostólico. Suas fabulosas e ricas coleções, reunidas ao longo da prestigiosa vida dos Papas, começaram a ser expostas em 1740 e suas instalações foram sendo ampliadas com a fundação de nove museus, todos sob um mesmo conjunto. Faz parte da mostra a Capela Sistina mandada construir pelo papa Sisto IV, no século XV e que contém a mais extraordinária coleção de pinturas de parede e teto.
Interessante notar que o Palácio Apostólico só se tornou a residência oficial do Papado após o fim dos Estados Pontifícios, em 1870. Anteriormente, os pontífices residiram por mil anos no Palácio de Latrão, em Roma, por 67 anos no Palácio de Avignon, França e no Quirinal, hoje residência do Presidente da República italiana. O Papa Francisco, fiel à sua linha reformista, mora na Casa Santa Marta, uma hospedaria dentro dos muros do Vaticano.